Durante toda a semana tive a oportunidade de visitar a Futurecom, 2019, um dos principais eventos de tecnologia do Brasil. Em meio a estandes e robôs que pedem licença e tiravam selfies o destaque do evento foi a tecnologia 5G.

Desde operadoras como Vivo, Claro e Tim, com estandes mostrando como a nova conexão será mais rápida, até empresas chinesas oferecendo infraestrutura de base para a nova tecnologia. No entanto, quando o assunto é como o 5G vai impactar o cotidiano das pessoas fui surpreendido com muito ceticismo e olhares desconfiados.

"Deus me livre, mas quem me dera", a frase resume bem o tom de muitas conversas que tive na feira. Afinal por mais que a descrença quanto ao potencial da tecnologia (que não é só mais velocidade) fosse grande o brilho de admiração com a 'nova era dos dados compartilhados' era compatível.

"Ué, mas o 5G não é apenas mais rápido que o 4G", "Quando você acha que isso vai ser verdade, daqui uns 20 anos?", "Cara, legal isso ai mas não vai rolar", foram algumas das frases que escutei quando tentei argumentar que acredito que o 5G vai inaugurar uma nova era na medida em que ele pode ser o start 'real' para a internet das coisas.

Pode ser lugar comum, mas poucos imaginavam que a partir de 1995 a indústria fonográfica seria completamente transformada a ponto de admitir a "Caneta azul, azul caneta, caneta azul tá marcada com minhas letras" ou então que você pagaria por uma carona em um carro guiado por uma pessoa totalmente desconhecida e que, provavelmente, você nunca viu na vida e olhe que minha geração era daquelas que a mãe falava para nunca pegar carona com estranho e muito menos 'ficar de papo'.

Pena que não posso falar que em 1995 ninguém poderia imaginar que haveria um dinheiro virtual baseado em numeros e cálculos matématicos pois o David Chaun em 1989 já tinha até inventado isso.

Enfim, hoje pode parecer ficção falar que seus dados serão compartilhados entre os dispositivos e que eles também vão interagir entre si e realizar pagamentos e micro transações entre eles. Que seu Waze poderá comprar o dado de uma estação metereológica para saber se quando você chegar no destino estará chovendo ou fazendo sol.

Ou então que seu carro poderá compartilhar um alinhamento com outro veículo em busca de ambos reduzirem o consumo de gasolina em determinado ponto da estrada, ou mesmo que seu carro poderá compartilhar seus dados para avisar outro motorista que em determinado ponto há congestionamento, reportar isso para o Waze é coisa do passado.

A baixa latência do 5G pode inaugurar isso e também uma infinidade de coisas, como disse um dos palestrantes, "não há limites para a tecnologia" ou como eu gosto de falar, "Tudo que é sólido desmancha no ar", inclusive o conceito sobre a vida.

Por acreditar tanto no 5G e em IoT é que vejo blockchain e criptomoedas como o elo de ligação entre tudo isso. Não sou maximalista a ponto de achar que o Bitcoin vai ser a 'moeda da internet', contudo, não consigo imaginar o futuro sem pagamentos digitais, afinal, até mesmo minha mãe que morreu em 2001 já acreditava que os números no caixa eletrônico representavam a pensão que era descontada na folha do ex-marido.

2020 será um ano de 'coisas interessantes', o 5G vai sair do feto e o Libra do forno, não acredito que haverá descentralização, afinal se os dados serão o 'petróleo' do novo mundo, não vejo empresa compartilhando dinheiro. Tenho uma teoria mais 'centralizada' sobre o futuro, mas esse não é o ponto aqui. O importante que vi na Futurecom é que o 5G chegou, quer você acredite nele ou não.

E com ele, 'surge' um novo player global que não é mais um xinguilingue da 25 de março, deem boas vindas a Huawey. Ren Zhengfei não é Steve Jobs mas está longe de ser Law Kin Chong também, portanto, talvez seja bom prestar atenção que um novo Vint Cerf, pode estar chegando.

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