A Comissão de Valores Mobiliários do Brasil, CVM, está investigando as atividades da YouXwallet, suposta pirâmide financeira que usa técnicas de Marketing Multinível e afirma investir em Bitcoin e criptomoedas prometendo rendimentos de até 200%.

A empresa, supostamente coordenada por Joab dos Santos Souza e Ricardo Cerqueira Rodrigues de Oliveira, não têm qualquer registro junto a CVM nem tampouco seus operadores, além disso, a empresa afirma realizar operações no mercado "Forex e arbitragem em Criptomoedas", sendo que Forex é proibido no Brasil.

Em nota encaminhada ao Cointelegraph, Ricardo Cerqueira Rodrigues de Oliveira, disse que não é sócio da empresa e tampouco tem qualquer ligação com as atividades mencionadas e que irá acionar a CVM para remoção de seu nome no processo.

"Não sou sócio da empresa , não sou Presidente , não faço parte de coorporativo algum , não coordeno nenhuma empresa com nome citado  e site mencionado. Alguém usou meu nome de má fé para fazer essa denúncia  ou me confundiu."

 

"Considerando que até o presente momento não há qualquer oferta relacionada ao mercado Forex registrada na CVM, ou corretora autorizada pela autarquia a atuar nesse mercado, qualquer oferta feita no Brasil é ilegal. Isso inclui, mas não se limita, ofertas feitas por instituições estrangeiras por meio da internet", diz um alerta sobre o tema publicado no ano passado pela CVM

Joab dos Santos Souza, um dos suspostos operadores da YouXwallet, já teria participado da Sion Boulevard, uma empresa que atuava no ramo de Marketing Multinível e que também teria atividades suspeitas. 

"Só não enxerga a mudança que o mundo atravessa quem não quiser ver. O Multinível de produtos é maravilhoso, mas as criptomoedas, o mundo FOREX, os cursos e serviços, chegaram com custos fixos baixos e alta lucratividade", teria dito Souza em um suposto evento de lançamento da empresa em julho de 2019.

Quem também estaria operando a empresa seria Iuri Camiña que também já atuou em outras empresas de Marketing Multinível.

A denuncia foi feita por um investidor e foi acatada pela CVM que suspeita que a empresa venha aplicando golpes e, segundo levantamento, o Ministério Publico também já teria sido alertado sobre as atividades da empresa. Em caso de comprovação dos supostos golpes a CVM emitirá um alerta em seu site oficial.

A YouXwsallet afirma possuir empreendedores em "Portugal, Estônia, Lituânia, EUA, Chile, Colômbia e China", além de mais de 4 mil clientes no Brasil e 'aprovação' de reguladores internacionais e associações nacionais de marketing multinível.

 

 

Além de não possuir registro na CVM e de oferecer um serviço proibido no Brasil a YouXwallet promete ganhos considerados impraticáveis como 3% ao dia, de segunda a sexta e mais 10% sobre cada indicação no sistema de Marketing Multinível. A CVM também ressaltou que é probido divulgar ofertas de rendimentos 'certos' no Brasil pois, toda atividade financeira tem riscos atrelados e possibilidade de perdas que devem ser informadas.

 

Em um comunicado a CVM  alertou ainda para as principais características atreladas a supostos golpes financeiro como:

"i. divulgação (ofertas) de oportunidades de investimentos ou operações com promessa de alta lucratividade, cujos rendimentos ou lucros anunciados são muito superiores aos que poderiam ser obtidos no mercado formal, por meio de negócios regulares. Essas ofertas omitem o quão arriscadas deveriam ser, não fossem elas fraudulentas, pois é certo que quanto maior o rendimento esperado, maior também deve ser o risco esperado.
i. Essas propagandas falham em demonstrar claramente a viabilidade econômica do “investimento”;
iii. oportunidades de investimentos com supostas garantias reais ;
iv. promessa de alta liquidez, com a possibilidade de saques semanais ou até mesmo diários;
v. a adesão à oferta normalmente requer a indicação de um “patrocinador”, isto é, a pessoa à qual o novo participante ficará vinculado, posicionando-se imediatamente abaixo dela na pirâmide;
vi. essas propagandas de investimentos, operações ou negócios podem fazer menção a diferentes ativos e mercados, tais como o de moedas (Retail Foreign Exchange ou Forex), ações e outros ativos negociados em bolsa de valores, opções binárias, criptomoedas (bitcoins, Ethereum, etc.), títulos públicos (NTN-A ou Letras Tesouro Nacional – LTN, supostamente emitidas nos anos 70 e sob a forma impressa ou cartular), ativos florestais (mogno, eucalipto, etc.), ouro, diamantes, criação e engorda de animais (boi, avestruz, etc.); cotas de participação em franquias, empresas, fundos ou clubes de investimento;
vii. pouca informação sobre a empresa ofertante, o produto, o serviço, o suposto negócio ou o investimento;viii. empresa, projeto, negócio ou empreendimento novos, sem histórico verificável;
viii. reclamações nos Órgãos de Defesa do Consumidor (PROCON) ou em sites especializados, como o Reclame Aqui;
ix. falta de registro no órgão regulador e fiscalizador competente (CVM, Banco Central, SUSEP, etc.);
x. exigência de pagamento inicial sem clara contrapartida em produtos, serviços ou participações, normalmente com um prazo mínimo de carência para os “saques” ou “resgates”. Esse pagamento inicial pode se dar na forma de “investimento”, “taxa de adesão”, compra de kits de produtos, assinatura de “contas”, compra de cotas de participação, etc.;
xi. ênfase na captação de outras pessoas para o negócio ou "projeto”, por meio da indicação de novos "afiliados", sócios, investidores ou participantes;
xii. propagandas que dão amplo destaque unicamente aos benefícios, facilidades, lucros, rendimentos, premiações, bônus (tal como o bônus binário) e diversas outras vantagens."

.Como reportou o Cointelegraph, a Unick Forex, que havia afirmado ter mudado seu nome para Unick Academy, anunciou, em um vídeo em seu novo canal oficial no Youtube, que não vai parar suas atividade e que isso nunca irá acontecer, ignorando totalmente os avisos da Comissão de Valores Mobiliários do Brasil (CVM) que declarou que a empresa não têm altorização para oferecer serviços no Brasil. Caso também está sendo analisado pelo Ministério Público.