O interesse dos brasileiros por criptomoedas sofreu uma forte queda no início de 2025. Dados divulgados pelo Banco Central nesta segunda-feira (28), durante a apresentação do Balanço de Pagamentos, mostram uma redução expressiva nos gastos com importação de criptoativos.

Entre janeiro e março deste ano, as despesas com criptoativos caíram para US$ 3,3 bilhões, frente aos US$ 4,7 bilhões registrados no mesmo período de 2024. Essa queda revela uma mudança importante no comportamento dos consumidores e investidores.

Além disso, o déficit da conta de criptoativos com o exterior também encolheu, saindo de US$ 4,3 bilhões para US$ 3,1 bilhões. Ou seja, a diferença entre o que o Brasil paga e o que recebe em criptomoedas diminuiu de forma significativa.

De acordo com o BC, a conta de criptoativos considera tanto moedas digitais sem emissor, como o Bitcoin, quanto ativos com emissor, como as stablecoins. Estas últimas são atreladas a moedas tradicionais, como o dólar.

Outro dado que chama atenção é que as receitas provenientes do exterior caíram de US$ 348 milhões para US$ 220 milhões. Essa queda evidencia que menos valores em criptoativos estão chegando ao país.

No ano de 2024 inteiro, o volume de despesas com criptoativos foi de US$ 18,2 bilhões, com um déficit de US$ 16,7 bilhões. O movimento atual indica uma tendência de retração no mercado para este ano.

Situação econômica volátil

Essa diminuição nas operações de criptomoedas ocorre em um cenário econômico mais volátil. Em março de 2025, o Brasil registrou um déficit de US$ 2,2 bilhões nas transações correntes, número bem menor que o déficit de US$ 4,1 bilhões de março de 2024.

Mesmo com a queda nas criptos, o país viu avanços em outras áreas. O superávit da balança comercial de bens aumentou, atingindo US$ 7,6 bilhões em março de 2025, ante US$ 6,4 bilhões no ano anterior.

Por outro lado, o déficit na conta de serviços chegou a US$ 4,4 bilhões. Despesas com propriedade intelectual, transportes e aluguel de equipamentos puxaram esse aumento. Em viagens internacionais, os brasileiros gastaram 13,4% a mais, enquanto a entrada de receitas também subiu 30,6%.

No campo da renda primária, as despesas líquidas de lucros e dividendos caíram para US$ 3,8 bilhões, ante US$ 4,4 bilhões no ano anterior. Já os juros pagos diminuíram 13,7%, totalizando US$ 2,0 bilhões.

Nos investimentos, o Brasil registrou entradas líquidas de US$ 6,0 bilhões em investimento direto no país (IDP) em março, mostrando confiança no mercado interno, mesmo em meio às incertezas externas.

Enquanto isso, os investimentos em carteira mostraram saídas líquidas de US$ 1,8 bilhão, refletindo a cautela dos investidores estrangeiros em relação aos ativos financeiros brasileiros.

Por fim, o BC informou que as reservas internacionais subiram para US$ 336,2 bilhões em março de 2025, impulsionadas por variações cambiais e receitas de juros.

A retração no mercado de criptomoedas, portanto, faz parte de um cenário maior de ajustes na economia brasileira. Embora o volume de transações digitais tenha diminuído, o país mostra sinais de recuperação em setores mais tradicionais.

Analistas esperam que a volatilidade continue impactando o apetite por criptoativos nos próximos meses, enquanto investidores buscam opções mais seguras para proteger seus recursos.