O Cruzeiro Esporte Clube abriu um processo contra as empresas Lunes e FAARO solicitando o cancelamento do contrato firmado entre as partes para emissão e comercialização do CRZ, o fan token oficial do time mineiro, informou reportagem do Diário Celeste publicada na quarta-feira, 25. Assim, a comercialização de novas unidade do fan token estão temporariamente suspensas, conforme anúnico divulgado na página oficial do Cruzeiro Fan Token.
O advogado do Cruzeiro, Flavio Boson, alega que as empresas não realizaram o repasse dos valores ajustados no contrato dentro do prazo previsto. Segundo a petição, o clube deveria ter recebido R$ 5 milhões a título de pagamento mínimo, além de R$ 1 milhão adicional em 15 de dezembro do ano passado, às vésperas do pré-lançamento oficial do CRZ. Além disso, as empresas estariam sonegando informações solicitadas pelo clube referentes aos serviços contratados.
A parceria entre o clube e as empresas previa que a Lunes e a FAARO seriam responsáveis pela emissão, custódia e comercialização do fan token, através de serviços digitais fornecidos pela Lunes através de suas plataforma e aplicativos. Lançamentos de coleções de NFTs (tokens não fungíveis) do clube também estão previstas para ocorrer a partir do segundo trimestre deste ano.
A petição encaminhada à Justiça em regime de urgência na última segunda-feira, 23, requer ainda que, caso não seja deferido o pedido de rescisão contratual solicitado pelo Cruzeiro, a negociação dos fan tokens e NFTs fique a cargo do clube.
Pré-lançamento
O fan token oficial do Cruzeiro foi lançado em regime de pré-venda ao final de dezembro do ano passado, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil na ocasião. Segundo informações divulgadas pela Lunes/FAARO, 900.000 unidades do CRZ foram comercializadas durante o período de pré-venda, gerando uma receita bruta de R$ 4,5 milhões.
Uma nova rodada de vendas deveria ter acontecido em 8 de março deste ano, mas o clube mineiro barrou a comercialização dos ativos digitais com uma ação cautelar impetrada na 22ª Vara Cível da Comarca de Belo Horizonte em 4 de março.
A decisão de primeira instância assinada pela juíza Lilian Bastos de Paula acatou a solicitação do Cruzeiro, considerando que "a comercialização ampla dos ativos digitais sem suporte do
parceiro [o Cruzeiro] é potencialmente lesiva ao consumidor".
Ao embasar sua decisão, a juíza argumentou que "com efeito, trata-se da comercialização de ativos digitais cujo o valor para o consumidor varia de acordo com a confiabilidade do produto, tendo estreita relação com finanças comportamentais, além de permitir o acesso, no caso de torcedores, a vantagens que só podem ser fornecidas pela entidade esportiva de suporte, no caso o Autor."
Apesar do impasse judicial com o Cruzeiro, a Lunes e a FAARO anunciaram em abril deste ano uma parceria com o Clube do Remo nos mesmos moldes do contrato fechado com o Cruzeiro para lançamento de fan token e NFTs oficiais da agremiação paraense. Antes, o Betim, que disputa a segunda divisão do Campeonato Mineiro, também havia fechado um acordo para lançamento de ativos digitais vinculados ao clube.
Lunes e FAARO
Em seu site oficial, a FAARO apresenta-se como "uma plataforma digital que oferece aos usuários o gerenciamento de bens, marketplace exclusivo e serviços especializados para a gestão de coleções, patrimônios e objetos raros".
A Lunes apresenta-se como uma empresa brasileira de tecnologia focada em ser um hub de soluções baseadas na tecnologia blockchain, que opera com uma rede própria para ofrecer produtos e serviços para o mercado B2B (business-to-business) com foco no resultado B2C (business-to-consumer).
O fan token do Cruzeiro marcou a primeira inciativa de ambas as empresas no ramo esportivo.
O Cointelegraph Brasil entrou em contato com a assessoria de imprensa da Lunes para obter um posicionamento oficial da empresa acerca do processo em curso, mas não obteve resposta até o momento da publicação deste texto. Caso a empresa envie uma resposta, este conteúdo será atualizado.
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