O avanço do desenvolvimento de novas formas de pagamento, como Bitcoin e criptomoedas, assim como iniciativas de dinheiro eletrônico, frutos da economia digital estão reduzindo o uso do dinheiro físico no Brasil e também contribuindo para a diminuição de assalto a agências bancárias.

Um levantamento recente realizado pela Federação Brasileira de Bancos, (Febraban) revelou que o número de assalto a agências bancárias caiu cerca de 30% em 2019 e registrou o menor número de ocorrências na história. Além disso, segundo um gráfico da Febraban, ano a ano, os assaltos a agências bancárias vêm sendo reduzidos.

Segundo o estudo, no ano passado foram identificados 119 assaltos e tentativas de assaltos a agências no Brasil, uma redução de 30% em relação ao ano de 2018, quando foram registradas 171 ocorrências.  O total do ano passado foi 45% menor do que o número de casos registrados em 2017 (217) e muito inferior ao ano 2000, quando houve 1.903 ocorrências no país.

O levantamento foi feito pela FEBRABAN (Federação Brasileira de Bancos) com 17 instituições financeiras, que respondem por mais de 90% do mercado bancário.

Segundo a Febraban a redução expressiva ao longo de quase vinte anos se deve ao investimento maciço do sistema financeiro, no aprimoramento da segurança bancária. Contribuiu para esse resultado a cooperação intensa entre os bancos brasileiros e as autoridades encarregadas da segurança pública, com o envio de informações necessárias à investigação dos crimes relacionados ao sistema financeiro.

“No montante de investimentos de segurança estão incluídos o sistema de capturas de imagens, as câmeras de visão noturna,  as câmeras analíticas de análise facial, sensores, as câmeras externas e reforço físico”, detalha Pedro Oscar Viotto, diretor setorial de segurança bancária da FEBRABAN. Ele lembra que os grandes bancos também contam com centrais que monitoram as agências em tempo real, no esquema 24/7 (24 horas por dia, 7 dias da semana). No caso de alguma ocorrência, a Polícia Militar é acionada.

Viotto destaca, ainda, as ações da polícia na prisão de quadrilhas de criminosos e medidas que incluem desde o melhor uso dos recursos de segurança a melhorias de procedimentos e gerenciamento de risco. “O trabalho de inteligência é determinante nessas prisões, com a contribuição dos bancos, ao fornecer informações aos órgãos policiais.”

Contudo a Febraban destaca também que o investimento em tecnologia e a digitalização da economia são fatores importantes para a redução no número de assalto a agências bancárias  e reforça que cerca de 2,5 bilhões de pagamentos de contas e transferências, incluindo operações financeiras, são realizados no Brasil por meio de canais digitais de pagamento que usam 'dinheiro virtual', ou seja, não usam cédulas.

“A tecnologia permite que os bancos desenvolvam produtos e serviços que reduzam a necessidade de saques e manuseio de dinheiro nas agências, uma ferramenta importante no combate a crimes contra as instituições financeiras”, diz Viotto.

Somente em tecnologia para 'digitalização do dinheiro' os bancos investem anualmente cerca de R$ 19,6 bilhões, segundo a Febraban que também destaca que cada vez mais, os clientes também pagam suas contas e fazem transferências de valores pelos canais digitais.

Como resposta a este processo de economia digital o Banco Central do Brasil anunciou neste mês o PIX, sistema de pagamentos instantâneos que estará funcionando no país a partir de 16 de novembro e que processará transações em até 2 segundos.

Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central do Brasil, declarou que o PIX, é uma resposta do Bacen ao desenvolvimento da economia digital assim como são o Bitcoin, criptomoedas e moedas digitais,

"Eu acho que é um dos projetos mais importantes que nós temos esse ano. O PIX veio, na verdade, de uma necessidade, de uma demanda que as pessoas têm em geral, e tem sido bastante discutido entre os bancos centrais. O mundo demanda um instrumento de pagamento que seja ao mesmo tempo barato, rápido, transparente e seguro. Se nós pensarmos o que tem acontecido em termos de criação de moeda digital, criptomoedas, ativos criptografados, eles vêm da necessidade de ter esse instrumento, com essas características, barato, rápido, transparente e seguro" destacou Campos Neto.

Como noticiou o Cointelegraph, o presidente também fez questão de destacar que o PIX reduzirá o custo operacional das transações financeiras e que ele pode, eventualmente, substituir o dinheiro físico.

"É importante mencionar que ele também vai ter um ângulo de baratear o custo operacional, transacional, de transferir dinheiro, ele vai ter uma ajuda muito grande também na forma de desintermediar essa necessidade de as pessoas terem dinheiro físico, e isso ajuda porque um grande custo para a sociedade é ter que carregar dinheiro de forma física, empresas que têm que fazer transporte de numerário. Mas então eu terminaria dizendo que acho que esse projeto, que é um dos mais importantes do ano para gente, ele é a porta de um conjunto de inovações que está por vir. Acreditamos que a intermediação financeira vai transformar o mundo de pagamentos no Brasil. E acreditamos que com esse sistema, junto com os outros sistemas que estão por vir, se unificando ao longo de 2021, vamos ter uma diferenciação na forma de fazer as transações financeiras no Brasil", finalizou.

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