A CPI das Pirâmides Financeiras (CPIPIRAM) deve continuar por mais tempo além do prazo inicial de 120 dias. O presidente da CPI, Deputado Aureo Ribeiro (SD-RJ) encaminhou um pedido no qual pede a prorrogação de prazo para os trabalhos da comissão. Caso seja aprovado, a CPI ganha mais 60 dias para ouvir depoimentos, emitir e votar seu parecer.
Segundo Ribeiro, desde sua criação a CPI vem desempenhando papel fundamental na sociedade brasileira na investigação de operações fraudulentas na gestão de diversas empresas de serviços financeiros com promessas de investimentos por meio de gestão de criptoativos, por meio de divulgação de informações falsas sobre projetos e promessas de rentabilidades elevadas e garantidas.
Ele também destacou que houve discussão e depoimentos de diversas pessoas, desde autoridades da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Banco Central do Brasil (Bacen) e a Polícia Federal (PF), bem como por oitivas de diversos investigados e testemunhas, e de representantes de empresas, todos, de algum modo, diretamente relacionados às suspeitas de fraudes, como o exjogador de futebol Ronaldinho Gaúcho (empresa 18kRonaldinho), Glaidson Acácio dos Santos (“Faraó dos Bitcoins”, empresa GAS Consultoria e Tecnologia) e Francisley Valdevino (“Sheik dos Bitcoins”).
Além disso, destacou também que a Comissão recebeu centenas de documentos referentes a quebras de sigilo bancário, fiscal e de dados, a informações de contratos de diversas equipes de futebol, redes de televisão, personalidades e corretoras de criptoativos firmados com as empresas investigadas, e participou de visitas técnicas a entidades e instituições públicas e privadas a fim de compreender melhor panorama de movimentação, fiscalização e regulação dos ativos virtuais.
"Assim, tendo em vista a grande quantidade de informações em análise por esta CPI e o enredamento da temática, requer-se a prorrogação do prazo de funcionamento desta Comissão, dada a importância da preparação de um relatório mais bem estruturado e completo que abarque mudanças relevantes na legislação e soluções que façam justiça ao elevado número de cidadãos prejudicados e vítimas dos mais diversos esquemas sob investigação", afirmou.
Atlas Quantum
Na última reunião da CPI, ocorrida, nesta terça, 12, Mateus Muller, que se declara vítima da empresa Atlas Quantum, prestou um depoimento durante a CPI das Pirâmides Financeiras. Ele alegou que a empresa financiou campanhas eleitorais, citando o ex-deputado Vinicius Poit e o ex-presidente Jair Bolsonaro como beneficiários das doações, com Bolsonaro supostamente recebendo R$ 600 mil entre 2018 e 2019.
Muller afirma que obteve essas informações por meio de mensagens da ex-diretora financeira da Atlas Quantum, Carolina de Almeida Costa.
O depoente pediu que a CPI convoque Carolina de Almeida Costa e Ester Braga, ex-mulher de Rodrigo Marques, um dos fundadores da Atlas Quantum, para prestar depoimento e apresentar provas adicionais. Ele também revelou a existência de uma planilha de pagamentos semanais da Atlas Quantum a várias pessoas, no valor de mais de um milhão de reais, que planeja compartilhar com a CPI.
Muller disse que lidera o Grupo Valquíria, composto por mais de 400 investidores que afirmam ter perdido cerca de R$ 110 milhões de reais devido aos esquemas da Atlas Quantum. Ele acredita que as doações políticas podem ter sido uma estratégia para proteger a empresa de investigações.
A Atlas Quantum, fundada em 2018, alegava operar um robô de arbitragem de Bitcoin chamado "Quantum". No entanto, em 2019, a Comissão de Valores Mobiliários iniciou uma investigação contra a empresa, que parou de pagar seus clientes. Estima-se que a Atlas tenha causado prejuízos de R$ 5 a 7 bilhões de reais a mais de 200 mil pessoas.
LEIA MAIS: