Em um começo de ano marcado pela liquidação de mais de US$ 650 bilhões na capitalização total do mercado de criptomoedas, o Ethereum (ETH) atingiu seu menor valor em 15 meses, acumulando perdas de 40%.
O desempenho é inferior ao de seus principais concorrentes – Bitcoin (BTC) e Solana (SOL), que registram quedas de 14% e 35% no mesmo período, respectivamente.
Gráfico diário ETH/USD em 2025. Fonte: TradingView
Em meio a incertezas no cenário macroeconômico e sem catalisadores evidentes no mercado de criptomoedas, a atualização Pectra surge como um possível ponto de inflexão para o preço do ETH.
Um boletim divulgado recentemente pela Kaiko Research analisou a correlação entre as atualizações da Ethereum e o preço do ETH. Desde o Merge, em setembro de 2022, a Ethereum passou por outros dois hard forks significativos, com impactos mistos sobre o preço do ETH.
Após o Merge, o par ETH/BTC entrou em uma tendência de baixa que culminou nas mínimas atuais de 0,023, que não eram vistas desde 2020.
Nem mesmo no curto prazo as atualizações da Ethereum foram capazes de impulsionar o preço do ETH. O boletim ddestaca que o efeito tem sido o oposto:
“Nos últimos anos, a Ethereum passou por várias atualizações importantes sem problemas, mostrando a capacidade da rede de evoluir apesar de sua escala e complexidade crescentes. No entanto, nenhuma delas foi um grande catalisador de preço. Na verdade, a maioria resultou em ‘eventos do tipo venda a notícia’, com o preço caindo 12% e 18% no período de duas semanas após a Dencun e o Merge.”
A exceção foi a Shapella, que liberou o saque de milhões de ETH mantidos em staking, eliminando riscos significativos para o mercado de derivativos de staking líquido de ETH.
Cientes do desempenho negativo do Ethereum após suas atualizações, os investidores de derivativos estão buscando proteção contra potenciais perdas decorrentes da implementação da Pectra, segundo a Kaiko Research.
Atualização Pectra
A Pectra é considerada a mais ambiciosa atualização da Ethereum desde o Merge, quando a rede fez uma transição de um mecanismo baseado em prova-de-trabalho (PoW) para prova-de-participação (PoS).
Focada na experiência do usuário e na eficiência da rede, a Pectra é a atualização com o maior número de Propostas de Melhoria da Ethereum (EIP) e sua implementação foi dividida em duas fases.
Anteriormente agendada para março de 2025, a primeira fase da atualização teve sua implementação adiada para a última semana de abril devido a problemas técnicos identificados nas redes de teste Sepolia e Holesky.
Nesta primeira fase, as principais funcionalidades a serem implementadas são: o aumento da capacidade de dados, aumentando a escalabilidade da rede e as operações de soluções de camada 2; a permissão para que carteiras convencionais sejam convertidas em “smart wallets", eliminando a necessidade de múltiplas assinaturas em transações; o aumento do limite máximo de ETH por validador de 32 ETH para 2.048 ETH, evitando a fragmentação do capital de grandes stakers; e a simplificação de processos de configuração de carteiras e processamento de transações, com redução estimada de até 50% nas taxas de gás.
A fase 2 da Pectra ainda não possui um cronograma definido, mas os desenvolvedores da Ethereum projetam que a atualização seja concluída no máximo até o primeiro trimestre de 2026.
Recentemente uma análise da Into the Block sugeriu que os traders de longo prazo do Ethereum podem capitular se o preço do ETH se consolidar abaixo de US$ 1,9 mil, conforme noticiado pelo Cointelegraph Brasil.