Um número crescente de empresas tradicionais está começando a experimentar ativos digitais como parte de suas estratégias de tesouraria corporativa, sinalizando uma mudança na forma como os negócios veem o papel das criptomoedas na gestão financeira.
Somente nesta semana, empresas de setores tão diversos quanto agricultura, manufatura de bens de consumo e até mesmo uma companhia têxtil japonesa com quase 80 anos anunciaram alocações em tokens como Bitcoin (BTC), XRP (XRP) e Solana (SOL).
Na quarta-feira, a Nature’s Miracle, uma empresa de tecnologia agrícola, anunciou que alocaria até US$ 20 milhões para uma tesouraria corporativa em XRP (XRP), tornando-se uma das mais recentes companhias a adotar uma estratégia de tesouraria baseada em altcoin.
A empresa de manufatura de bens de consumo Upexi divulgou a aquisição de 83.000 SOL (SOL), avaliados em US$ 16,7 milhões, para sua tesouraria corporativa, também na quarta-feira.
Um dia antes, a Kitabo, uma empresa japonesa listada em bolsa e atuante principalmente nos setores têxtil e de reciclagem, revelou planos para comprar 800 milhões de ienes japoneses, ou cerca de US$ 5,6 milhões, em Bitcoin para sua reserva corporativa.
A ascensão das empresas com tesouraria em Bitcoin levou à expansão das opções de tesouraria corporativa, com muitas empresas agora considerando ativos digitais em suas estratégias. À medida que a tendência cresce, analistas alertam para os crescentes riscos de mercado e de investimento associados a companhias que mantêm criptomoedas em suas tesourarias.
Riscos associados à tendência crescente de empresas com tesouraria cripto
Empresas que mantêm criptomoedas, incluindo aquelas com tesourarias em Bitcoin, enfrentam vários riscos legais e de mercado que, segundo analistas, podem implodir essas companhias e potencialmente causar efeitos colaterais mais amplos nos mercados de criptoativos.
Apenas algumas empresas com tesourarias em Bitcoin sobreviverão, de acordo com um relatório de junho da empresa de capital de risco Breed.
Os autores do relatório argumentaram que até mesmo quedas mínimas no preço do Bitcoin poderiam desencadear uma espiral de morte entre empresas superalavancadas em BTC, que seriam forçadas a vender seus Bitcoins para cobrir obrigações de dívida — levando potencialmente a um ciclo vicioso de queda nos preços e seca de crédito corporativo.
Empresas que mantêm ativos digitais também podem enfrentar processos judiciais caros por parte de investidores caso os mercados cripto não tenham bom desempenho ou se métricas financeiras tradicionais, como o preço das ações, caírem.
Esses riscos são agravados no caso das empresas que mantêm altcoins, que são ativos inflacionários e podem sofrer desvalorizações de até 90% entre ciclos de mercado — muitas vezes atingindo o pico em apenas um único ciclo.
“Altcoins não têm piso e, portanto, estão fritas quando ‘a música para’, enquanto as empresas com tesouraria em BTC têm um piso, e esse piso é independente delas — e tende a subir com o tempo,” escreveu o criador de conteúdo e membro da comunidade Viktor na X.