A CoinsPaid está de olho nos próximos passos da regulamentação das criptomoedas no Brasil, onde a empresa estoniana de custódia, pagamentos e outros serviços envolvendo criptomoedas pretende inaugurar o primeiro escritório da startup na América Latina, segundo o que revelou nesta sexta-feira (19) o gerente de Desenvolvimento de Negócios para a América Latina, Estefano Debernardi.
Segundo o chileno, o Brasil se destacou no cenário global ao quase dobrar seus ganhos após a falência da FTX, o que demonstra o potencial do país para o crescimento no mercado de criptomoedas, já que os brasileiros conseguiram transformar a situação em lucro, ignorando previsões negativas enquanto investiam ainda mais em cripto no final do ano.  
“Essa é uma das razões pelas quais o Brasil tem sido apontado como um dos possíveis líderes, senão o principal, em 2023. A CoinsPaid vê o Brasil como um dos países com maior potencial para ser pioneiro na tokenização […] estamos aguardando orientações claras sobre a regulamentação, assim podemos nos mover de acordo e servir melhor os clientes atuais e futuros”, disse. 
Elencando os diferentes modelos regulatórios de Brasil e Chile, onde há uma lei geral de fintech que estabelecerá regras para cripto em ambos os lados, de ativos e pagamentos, Debernardi acrescentou que a CoinsPaid tem observado como a regulamentação e adoção se comporta em cada país da América Latina. Segundo ele, a depender do modelo de regulamentação, o mercado de criptomoedas poderia dobrar nos países.
Ao citar o colapso da exchange de criptomoedas FTX, ele declarou: 
“Depende de quão bem a regulamentação ajuda, a educação, a economia de cada país e quanto de atenção é dada à indústria como um todo […] com a regulamentação, você tem procedimentos rigorosos de KYC, AML, mas você meio que obtém ‘segurança’ […] a regulamentação poderia proteger/prevenir isso [o caso FTX] de acontecer se estiver bem posicionada e não apenas pensada como ‘controladora’ e ‘outro setor para taxar para arrecadar mais.’”
Em relação à aceitação, ele ressaltou que, embora os primeiros passos das pessoas sejam no caminho da negociação, “estamos vendo mais casos de uso no mundo real. Um em particular são os pagamentos, por ser uma transição direta sem ter que voltar para a moeda fiduciária, então você pode manter sua cripto e também pagar por bens/serviços.”
Sem utilizar o termo CBDC (moeda digital emitida por banco central, na sigla em inglês), o executivo elogiou o Pix e disse que o “real literalmente foi digitalizado” através do sistema de pagamento instantâneo do Banco Central, que “pode ver e monitorar tudo 100%.”
“Com o Bitcoin por exemplo, ainda há uma barreira de educação antes de usá-lo, mas uma vez que é ultrapassado, você pode enviar e receber BTC livremente sem ter a autoridade central controlando”, completou.
Para o CEO da exchange de criptomoedas Bittrex Global, Oliver Linch, os reguladores tendem a ver as criptomoedas sob a ótica das finanças tradicionais ao tentar compreender sua natureza. Segundo ele, as criptomoedas devem se tornar uma parte regular da TradFi dentro de 5 a 10 anos, conforme noticiou o Cointelegraph.