Os servidores do Banco Central do Brasil (BC) podem entrar em greve e atrasar importantes projetos da autarquia como o Drex, a CBDC do Brasil, a regulamentação das criptomoedas e até mesmo a manutenção do Pix, como revelou o Sinal (Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central).
O primeiro ato está programado para esta quarta, 13, com uma paralisação de 24h que irá discutir a entrega de cargos comissionados e avaliar a entrada no estado de greve por tempo indeterminado. Segundo o sindicato, o governo não atendeu as solicitações dos servidores do BC e querem uma reestruturação de carreira e bônus de produtividade.
"A radicalização do movimento, que teve início em julho deste ano, reflete a indignação da categoria quanto ao tratamento assimétrico que vem recebendo do governo", disse o Sinal.
De fato, a paralisação de julho impactou o funcionamento do Drex, como reconhecido pelo próprio Banco Central, que planejava avançar com os testes da CBDC nacional e acabou tendo que adiar parte do cronograma. Agora, uma possível paralisação geral pode afetar ainda mais o plano de lançamento da moeda digital nacional.
O presidente do BC, Roberto Campos Neto, disse que a organização tem se esforçado consideravelmente para aprimorar as condições de trabalho de seus colaboradores, porém, até o momento, não obteve resultados efetivos.
Drexit
Além da possível greve, o BC também tem que lidar com a evasão de funcionários que ganhou até um nome, Drexit, união das palavras Drex e Brexit (movimento de saída do Reino Unido da União Europeia). Isso ocorre, pois as empresas estão cada vez mais interessadas no potencial dos tokens RWA e em como eles podem transformar a economia nacional por meio do Drex.
Deste modo, muitas empresas estão assediando funcionários do BC com propostas de altos salários e cargos para coordenar esta transformação no setor privado. Resultado: muitos funcionários de 'elite' do BC estão deixando o Banco Central para trabalhar na iniciativa privada.
Um exemplo deste êxodo é Bruno Batavia que trabalhava no desenvolvimento do Drex e deixou o BC para assumir um cargo na gestora Valor Capital. Além disso, funcionários do BC estão deixando a instituição para trabalhar em outras repartições públicas com salários melhores, como a Câmara dos Deputados.
No total o BC pode ter até 6.470 funcionários. No entanto, atualmente o BC conta com 3.300 servidores em atividade, sendo que 692 vão se aposentar em breve. Em média, os funcionários do Banco Central ganham em torno de R$ 20.924,80 a R$ 29.832,94 (analistas com nível superior) e de R$ 7.938,81 a R$ 13.640,89 técnicos (profissionais com ensino médio).