O candidato à prefeitura de São Paulo Arthur do Val, mais conhecido pela alcunha de "Mamãe Falei", reapareceu nesta semana em um vídeo gravado em 2018, em que ele aparece promovendo a suposta pirâmide financeira Atlas Quantum, que ruiu em 2019. A matéria é do Portal do Bitcoin.
No vídeo, o candidato e ex-vereador da capital paulista convoca seus seguidores para investir na empresa, que prometia rendimentos vultuosos com investimentos em Bitcoin através de uma suposta plataforma de "arbitragem":
“Eu indico você a investir em bitcoin. Tive contato com uma ideia que é a ainda melhor: você investir em pessoas que investem em bitcoin. A ideia é a seguinte: eu vou comprar Bitcoin pela Atlas. Tive contato com o pessoal, conheci a empresa, achei maravilhoso. Pessoal é de credibilidade, é legal. Vou deixar inclusive o link aqui para você se cadastrar e comprar Bitcoin pela Atlas. E vou deixar o link da plataforma Quantum, que eu achei uma boa ideia”
Arthur do Val era um dos investidores da Atlas Quantum e segundo a matéria, foi um dos pouquíssimos a conseguirem sacar seus BTCs da empresa depois que a empresa foi proibida de ofertar investimentos coletivos pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) em agosto de 2019.
O levantamento aponta que a Atlas recebeu 13.800 pedidos de saques depois da decisão da autarquia, com apenas 108 sendo atendidos - entre eles, o de Arthur do Val, que dez dias depois da proibição da Atlas abriu uma ordem de saque de 0,47 BTC, ou R$ 36.000 em valores atuais.
O saque ainda teria sido concluído nas semanas seguintes, depois que a empresa já havia suspendido publicamente os saques. O CEO da empresa, Rodrigo Marques, na época alegou que exchanges internacionais haviam retido os BTCs da empresa, mas as próprias corretoras de Bitcoin desmentiram a Atlas publicamente.
Na matéria, o candidato diz que tinha "pouco Bitcoin" e que o saque "demorou":
“Eu tinha pouco Bitcoin, demorou uns 4 meses para eles sacarem. Eu pedia, eles esqueciam, até que eu fui ver depois de fazer uma pressão que eles me devolveram”
Depois do saque, os BTCs foram enviados para a exchange brasileira FoxBit. O ativo não consta na declaração de bens do candidato, mas pode ter sido liquidado por ele.
Ele negou saber que a Atlas era uma "pirâmide" e que se arrepende do apoio:
“Me arrependo de ter apoiado, porque parecia uma empresa saudável, confiável, inclusive patrocinou vários eventos liberais, inclusive a LibertyCon, inclusive foi lá que conheci alguém que disse para fazer um video assim assim assado para ajudar o Bitcoin. Eu fiz”.
Arthur do Val não está sozinho entre as celebridades que promoveram a empresa, que já teve Cauâ Reymond, Tatá Werneck e Marcelo Tas em ações de marketing. Até julho de 2019, a Atlas gozava de algum prestígio na criptoesfera e até na política, com Rodrigo Marques participando de audiências na Câmara dos Deputados semanas antes da empresa bloquear todos os saques.
Estima-se que a Atlas tenha sido proprietária de 15.226 BTC, ou R$ 1,17 bilhão em valores atuais, segundo levantamento da Grant Thornton de agosto de 2019. A empresa, que praticamente acabou, segue sem pagar a grande maioria de seus clientes, e chegou a negociar a conversão dos BTCs em uma "moeda nativa" de sua plataforma, sem valor de mercado. O resultado tem sido um fiasco.
Rodrigo Marques, apesar de não estar foragido, desapareceu do país e não dá satisfações aos clientes desfalcados há meses. Recentemente, um grupo que processa a Atlas pediu sua prisão à Justiça.
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