O preço do Bitcoin estancou as quedas sucessivas desde o recorde histórico registrado em 20 de janeiro, retomando suporte em US$ 80.000 no gráfico semanal. No entanto, a confirmação da reversão da tendência de baixa ainda depende do rompimento da resistência em US$ 88.765, afirma Arthur Driessen, analista da Crypto Investidor.
O Bitcoin (BTC) fechou a semana cotado a US$ 83.706, em alta de 6,8%, após a pausa de 90 dias na implementação das tarifas recíprocas do presidente dos EUA, Donald Trump.
Se por um lado o movimento foi positivo para recuperar parcialmente as perdas recentes, por outro quebrou a narrativa do "descolamento" do Bitcoin em relação aos ativos de risco.
O alívio temporário se estendeu aos índices S&P 500 e ao Nasdaq, reforçando a percepção de que o Bitcoin se mantém fortemente correlacionado com o mercado acionário dos EUA, como destacou o boletim semanal de mercado da gestora de ativos digitais QR Asset Management:
“O índice Nasdaq subiu impressionantes 12,3% em um único pregão, marcando o segundo melhor dia da história do índice. O S&P 500 também teve uma das suas maiores altas desde o período pós-pandemia, refletindo uma forte reprecificação dos riscos comerciais e um otimismo generalizado entre investidores.”
Contrariando o senso comum, a Ecoinometrics afirma que, apesar de ter desafiado a resistência em US$ 85.000, o Bitcoin entrou em tendência de baixa de curto prazo na última semana e um retorno abaixo dos US$ 80.000 ainda está em jogo:
“Apesar de se manter perto de US$ 85 mil, a deterioração da dinâmica do mercado de ações e da atividade on-chain aumentam o risco de uma queda abaixo de US$ 75 mil. Os administradores de fundos estão cautelosos, os fluxos de ETFs mostram desalavancagem e não há nenhum catalisador claro para uma reviravolta.”
O boletim semanal de mercado da Ecoinometrics afirma que os mercados ainda estão sob efeito das políticas de Trump e uma nova reviravolta poderia ter um efeito potencialmente negativo.
O fato de o Bitcoin ter se mantido relativamente mais estável que as ações dos EUA após o anúncio das tarifas recíprocas em 2 de abril “não é suficiente para declarar uma mudança estrutural do mercado”, acrescenta o boletim:
“Alguns analistas começaram a falar sobre um “descolamento”, a ideia de que o Bitcoin poderia se libertar dos ativos de risco tradicionais e traçar seu próprio caminho, mas, como discutimos anteriormente, essa conclusão é prematura. Os influxos dos ETFs ainda se mantêm negativos em uma base contínua de 30 dias – e isso não revela uma divergência de alta.”
Ainda que as tarifas sejam renegociadas em condições mais favoráveis para as partes interessadas, uma reversão de alta depende de uma mudança na política monetária do Banco Central dos EUA (Fed) ou uma melhora no sentimento dos consumidores norte-americanos.
Dados da FedWatch Tool da CME apontam para 79,2% de chances de que o Fed reduza a taxa de juros já na próxima reunião de 7 de maio. Atualmente, outras quatro quedas são projetadas até o fim de 2025.
O boletim da QR Asset Management destaca a queda da inflação nos EUA em março, que veio abaixo das projeções dos analistas, como um fator que pode contribuir para uma guinada do Fed:
“O CPI (índice de preços ao consumidor) de março recuou 0,1%, chegando ao acumulado de 2,4% em 12 meses, número abaixo do esperado pelo mercado, que projetava 2,6%. Já o núcleo do índice, que exclui itens mais voláteis como alimentos e energia, também mostrou sinais de desaceleração. Para complementar, o PPI – que mede a inflação ao produtor – também veio abaixo das expectativas, sinalizando que a pressão nos custos da cadeia produtiva começa a ceder, o que tende a se refletir futuramente na inflação e no sentimento dos consumidores.”
A tendência é que o preço do BTC siga os ativos de risco, como ficou evidente na semana passada. No entanto, mesmo em um cenário de incerteza macroeconômica, existe a possibilidade de que o Bitcoin confirme a tendência de “descolamento", segundo a análise da QR Asset Management.
“Ao contrário de ações e outros ativos tradicionais, o Bitcoin não carrega diretamente o risco de políticas fiscais ou comerciais de governos", conclui o boletim.
Análise do preço do Bitcoin
Mantendo-se em uma zona de consolidação entre US$ 89.000 e US$ 74.500 há mais de um mês, o Bitcoin segue em uma zona de indefinição no curto prazo.
Em uma análise para o Cointelegraph Brasil, Arthur Driessen afirma que a retomada da tendência de alta depende da consolidação de um topo ascendente acima de US$ 88.765 no gráfico diário, conforme delineado no gráfico abaixo.
Gráfico diário anotado BTC/USDT (Binance). Fonte: Crypto Investidor
“O Bitcoin pode ter marcado o fundo de sua onda 4 em US$ 74.500, dando início a um movimento de sua onda 5 que tem como alvo a região entre US$150.000 a US$160.000", diz Driessen.
No entanto, pondera o analista, “caso o par BTC/USD não consiga efetuar esse rompimento, estaremos apenas marcando mais um topo descendente, abrindo caminho para novas quedas", diz o analista.
Nesse caso, a próxima região de suporte encontra-se entre US$ 72.000 e US$ 69.000, segundo o analista.
Em uma nota favorável aos touros do BTC, a oferta monetária M2 atingiu uma nova máxima histórica nos últimos dias, representando um sinal positivo para o Bitcoin.
Apontando a tradicional correlação positiva do preço do BTC com a oferta monetária global, alguns analistas sugerem que o par BTC/USD pode retomar a tendência de alta rumo a novas máximas históricas durante o mês de maio, conforme noticiado recentemente pelo Cointelegraph Brasil.