A plataforma Webull, que atua em 14 países, divulgou nesta quinta, 28, que os investidores brasileiros continuam concentrando suas aplicações em apenas cinco ativos digitais. Segundo a empresa, as criptomoedas mais compradas hoje são Bitcoin, Ethereum, Solana, XRP e AAVE. Esse dado reforça o apetite local por ativos digitais e o comportamento de busca por proteção de patrimônio em meio às incertezas econômicas.
Ao analisar o perfil do investidor brasileiro, a Webull observa que mesmo com a disponibilidade de mais de 240 criptomoedas, a preferência ainda se concentra nesses cinco tokens.
A explicação está na credibilidade que cada um conquistou ao longo dos últimos anos. O Bitcoin permanece como a principal reserva de valor, enquanto o Ethereum se consolida como base para contratos inteligentes e aplicações descentralizadas.
Já a Solana atrai pela velocidade das transações e pelas taxas baixas, ao passo que a XRP mantém uma forte base de adeptos no país. O destaque da lista é a AAVE, projeto de finanças descentralizadas que conquistou espaço como plataforma de empréstimos digitais.
A plataforma lembra que a busca por esses ativos está ligada não apenas à especulação, mas também à estratégia de diversificação.
Muitos investidores enxergam no mercado cripto uma forma de reduzir a exposição ao chamado risco Brasil.
Oscilações do dólar, tarifas adicionais e incertezas fiscais levaram parte dos brasileiros a buscar proteção no exterior. Assim, os criptoativos se transformaram em alternativa prática e acessível para quem deseja dolarizar parte do patrimônio sem burocracia.
Investidor brasileiro não é iniciante
O relatório da Webull também mostra que o investidor brasileiro não é, em sua maioria, um iniciante. Grande parte dos recursos movimentados já vem de contas e corretoras no exterior. Ou seja, há um público experiente que transfere volumes significativos para aproveitar as condições oferecidas pela plataforma no Brasil.
Ao mesmo tempo, cresce o número de investidores intermediários que começam com depósitos pequenos via PIX e, gradualmente, aumentam sua exposição. Esse comportamento indica que a base de clientes é variada, mas todos compartilham a mesma busca por ativos de confiança.
Outro dado relevante é que, mesmo com o acesso direto às criptomoedas, muitos investidores ainda preferem negociar ETFs lastreados em ativos digitais. O ETF de Bitcoin da BlackRock aparece entre os mais negociados dentro da plataforma, ao lado de fundos ligados a índices e dividendos. Essa escolha mostra que parte do público ainda busca a segurança de veículos regulados para se expor ao mercado cripto.
De acordo com a Webull, o interesse do brasileiro por criptomoedas é cinco vezes maior do que por renda variável na bolsa. Estima-se que mais de 25 milhões de pessoas já tiveram contato com ativos digitais, contra cerca de 5,5 milhões que investem em ações listadas.
Esses números explicam por que o Brasil foi o primeiro país entre os 14 em que a Webull atua a receber a oferta de cripto. A empresa vê na demanda local um motor de crescimento e um exemplo de como o mercado se desenvolve mesmo em meio a instabilidades econômicas.
Comportamento influenciado pelo medo
A análise da plataforma também aponta que o comportamento dos investidores brasileiros é fortemente guiado pelo medo. Os maiores picos de negociação aconteceram em momentos de incerteza, como quando o dólar ultrapassou R$ 6,00 ou quando houve aumento repentino do IOF.
Nessas situações, muitos correram para proteger o patrimônio, enviando recursos ao exterior e comprando cripto. Esse movimento reforça a percepção de que a diversificação deixou de ser apenas uma estratégia racional e passou a ser uma reação emocional diante das crises.