A disponibilização de aplicativos de celular de contas internacionais com funções de investimentos no mercado financeiro no exterior pode ter representado a principal porta de entrada para investidores brasileiros em 2023, segundo dados do Banco Central (BC).

De acordo com o balanço de pagamentos do setor externo divulgado pela autoridade monetária, os brasileiros acumularam US$ 4,37 bilhões, cerca de R$ 21,6 bilhões, em aplicações líquidas estrangeiras no ano passado, possivelmente atraídos pelas ferramentas de investimento de contas internacionais nos aplicativos das fintechs que operam no país.

No acumulado, conforme uma publicação do Infomoney, os investimentos dos brasileiros no exterior somam US$ 45,18 bilhões. Volume que representa uma alta de 12,5% em relação ao ano anterior, quando os brasileiros registraram um saldo negativo anual de US$ 142 milhões, ou seja, sacaram mais que enviaram. 

Porém, observou a publicação, o desempenho de 2023 ainda é cerca de três vezes inferior aos anos de 2020 e 2021, quando as carteiras de investidores brasileiros no exterior acumularam aportes líquidos de US$ 11 bilhões de US$ 15,38 bilhões, respectivamente. Anos que coincidiram com a alta das ações nos EUA e queda de juros no Brasil.

Em relação às preferências dos investidores brasileiros, os dados do BC apontaram que a maior parte do saldo líquido no ano passado se concentrou nos investimentos de renda fixa, US$ 2,87 bilhões, e ações, US$ 2,45 bilhões, a maior parte nas bolsas dos EUA.

O levantamento apontou que os volumes podem ter sido favorecidos pelas contas internacionais das fintechs, cujos aplicativos não cobram taxas e os custos cambiais são menores dos que são praticados pelos bancos tradicionais. 

Segundo observou a publicação, a plataforma de investimentos internacionais da XP cresceu 153% no ano passado, no comparativo com os sete meses do ano anterior, já que a conta global foi lançada em maio de 2022. Nesse período, a empresa registrou um crescimento de 358% no volume dos ativos sob custódia.

Por sua vez, a Avenue, primeira fintech a disponibilizar conta internacional no país, em 2019, reportou um crescimento de 100% no ano passado e um volume acumulado de R$ 17 bilhões sob custódia. Já o C6 Bank relatou um avanço de 400% no ano passado, o Inter informou que possui 5 milhões de clientes com conta em dólar, 10% com investimentos no exterior, enquanto a Nomad atingiu 1,3 milhão de clientes em sua conta internacional ao crescer 160% no período.

Na última semana, os brasileiros também aportaram R$ 41 milhões em fundos de criptomoedas e ficaram atrás somente dos EUA, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil.