Um dos problemas que a Web3 enfrenta para sua popularização é a acessibilidade, apontou a Nasscom Insights em um relatório publicado em janeiro deste ano. Dentre as formas de resolver esse problema estão a disseminação de conteúdo educacional e a simplificação de conceitos. No Brasil, diferentes pessoas e entidades estão se esforçando para lidar com essa questão.

Simplificando o linguajar

A Web3pedia é uma enciclopédia online sobre a Web3, que visa simplificar termos para usuários que foram introduzidos a esse conceito há pouco tempo. Trata-se de uma editoria feita por Inaiara Florêncio, Diretora de Conteúdo e Marketing do Mercado Bitcoin, em suas redes sociais.

“O principal objetivo é democratizar o conhecimento e despertar a curiosidade sobre a evolução da internet como a conhecemos hoje”, diz Florêncio. “Tudo isso de maneira simples e didática, utilizando analogias que facilitem o entendimento, evitando o uso de terminologia técnica complexa, ou como costumo dizer, evitando o uso de ‘criptoquês’”, completa.

Inaiara conta que suas experiências pessoais motivaram a criação da Web3pedia. Em sua vivência no mercado cripto, ela conta que percebeu quão complexo é o acesso às informações sobre a Web3, especialmente em língua inglesa e com uma terminologia que afasta as pessoas comuns. 

“Como jornalista e educadora, reconhecendo minha responsabilidade social como profissional em levantar questões de interesse da sociedade de forma democrática, senti a necessidade de trazer essa visão para a marca na qual atuo (Mercado Bitcoin) e para minhas próprias criações de conteúdo”, afirma.

O cuidado em tornar os conceitos relacionados à Web3 mais palatável impacta diretamente a adoção dessa nova tecnologia. Florêncio cita uma pesquisa realizada pela HedgewithCrypto, que aponta que o Brasil poderá fechar o ano de 2023 como um dos três países com maior adoção de criptomoedas no mundo. Ela salienta, no entanto, que não é possível debater o tema sem falar na democratização do acesso à informação.

“Essa revolução já está em andamento, mas para quem?”, indaga a Diretora de Conteúdo e Marketing do Mercado Bitcoin. Ela conta que pesquisou, em diferentes círculos sociais, como as pessoas percebiam a Web3.

“Descobri que muitas pessoas se sentem ou já se sentiram da mesma forma. ‘Acho incrível, mas tenho medo de perder dinheiro ou não entendo como funciona’ era a frase que eu mais ouvia. A informação empodera e transforma. Eu não acredito em um futuro que prega a descentralização se o conhecimento continua centralizado”, destaca Florêncio.

Expandindo os horizontes

Mesmo com a facilitação do entendimento sobre Web3, através de iniciativas como a de Inaiara Florêncio, outro problema do entusiasta médio é entender como esse novo universo se conecta com a sociedade. Começa, então, uma busca em diferentes veículos por discussões pertinentes sobre o tema.

Buscando reunir essas diferentes visões sobre a importância da Web3, a viden.vc criou a plataforma Decode, que é um espaço colaborativo de produção de conteúdo. 

“Quando olhamos para o cenário de Web3 no Brasil, percebemos o quanto temos grandes criadores de conteúdo, com diferentes visões sobre Web3, mas faltava um lugar onde a gente conseguisse reunir os mais relevantes”, comenta Bianca Brito, CSO da viden.vc. 

A importância de plataformas como a Decode, avalia Brito, está em aproximar cada vez mais a tecnologia da realidade das pessoas, estando elas inseridas diretamente com Web3 ou não. “Quanto mais conseguirmos tornar a tecnologia e ferramentas da Web3 invisíveis, mais conseguiremos acelerar a adoção no Brasil.

Incluir no ensino?

Muitas evoluções tecnológicas ocorreram nos últimos dez anos, sendo notórios os avanços em inteligência artificial e na indústria blockchain. Amanda Marques, CMO da Lumx Studios, acredita ser importante que instituições educacionais, como escolas e universidades, repensem suas grades curriculares para incluir temas que moldaram o futuro do trabalho e das relações na sociedade.

“Capacitar os alunos com um entendimento abrangente das tecnologias emergentes e promover seu uso de forma segura e responsável é parte fundamental desse processo educacional”, afirma Marques. “A educação para a nova realidade tecnológica vai além do ensino de habilidades técnicas, demandando uma abordagem igualmente rigorosa no desenvolvimento de habilidades sociais e emocionais”, acrescenta.

No ensino superior, onde são oferecidas matérias complementares aos alunos, a exposição a temas como NFT, Web3 e criptomoedas pode ser extremamente benéfica, na visão de Marques. Ela defende que, desta forma, os alunos poderiam se preparar para a crescente influência da economia digital no futuro, que ainda é um assunto pouco abordado de forma ampla na educação convencional.

“As universidades, assim como as escolas, têm um papel fundamental na preparação dos estudantes para a nova realidade do mercado de trabalho, que está cada vez mais imersa na tecnologia. As mudanças tecnológicas estão transformando rapidamente todas as indústrias, e a educação superior deve acompanhar esse ritmo”, conclui a CMO da Lumx.

Leia mais: