Representantes de exchanges de criptomoedas brasileiras se posicionaram nesta segunda-feira (13) sobre a crise de liquidez envolvendo três bancos dos EUA na última semana, Silvergate, Silicon Valley Bank  (SVB) e Signature Bank. O episódio, que impactou o mercado de ações e fez recuar as ações de diversos bancos, chegou ao mercado de criptomoedas porque os três bancos em colapso prestavam serviços de pagamento, principalmente, para diversas empresas do ecossistema cripto e startups, inclusive do Brasil.

Cerca de US$ 3 bilhões de startups brasileiras estariam na fila de saques do SVB, que perdeu mais de 60% no valor de suas ações depois de anunciar um prejuízo de US$ 2 bilhões em vendas de ativos. A informação, veiculada pelo jornal O Estado de São Paulo, é de Bernardo Brites, fundador da Trade Finance, uma plataforma de movimentação de recursos nos EUA. 

Após contato feito pelo Cointelegraph Brasil, representantes de exchanges de criptomoedas brasileiras se posicionaram em relação aos possíveis impactos da crise sobre o setor nacional. Entre eles o CEO da Coinext, José Artur Ribeiro, que classificou o momento como bastante delicado, resultado de “artifícios de injeção de liquidez no mercado” por parte do Federal Reserve (Fed), que está, segundo ele, numa sinuca de bico que ele próprio [Fed] se colocou na medida em que essas interferências

O CEO da Coinext ainda tranquilizou os investidores da exchange acrescentando que a empresão não possui exposição aos bancos em colapso. 

“Nunca tivemos exposição ao SVB, já operamos via Silvergate e até o próprio Signature Bank no passado, então, do nosso lado foi zero impacto essa quebradeira dos bancos”, disse. 

O Diretor de Novos Negócios do Mercado Bitcoin (MB), Fabricio Tota, informou que a exchange brasileira “acompanha de perto os desdobramentos da crise bancária nos EUA. Ainda que não tenha origem no mercado cripto, essa crise gerou impactos severos no mundo cripto, em especial na stablecoin USDC.”

Tota frisou que “o MB  não possui qualquer exposição ao SVB, ao Silvergate ou ao Signature Bank” e que ainda não está clara a extensão da crise, apesar de o executivo acreditar que ela deve ser estancada com a ajuda do socorro anunciado pelo governo. 

“O rearranjo do mercado, com as mudanças no cenário de banking dos EUA, só ficará claro dentro de algumas semanas. O MB reagiu, objetivamente, listando USDT, como mais alternativa de stablecoin. Já tínhamos USDC e DAI, mas o momento de mercado nos levou a essa nova listagem feita no último sábado”, completou.

A Bitypreço informou que também não possui exposição ao SVB, o que também é o caso do Bitybank, criptobanco digital lançado pelo marketplace de criptomoedas brasileiro após aquisição da exchange Biscoint

“Aparentemente o efeito dominó já está ocorrendo, mas ainda não conseguimos prever a dimensão que ele terá. Não houve impactos diretos na Bitypreço nem no Bitybank. O que deve ocorrer é uma maior volatilidade no mercado cripto, o que indiretamente aumenta os volumes negociados dentro de nossa empresa”, avaliou o CEO das plataformas Bitypreço e Bitybank, Ney Pimenta. 

A NovaDAX informou que também não possui relação comercial com o SVB ou com o Signature Bank. Segundo a leitura do gerente de experiência do Cliente (CX), César Félix, “com o anúncio da intervenção do Federal Reserve e de outras agências americanas o mercado se acalmou e a estabilidade do setor foi retomada, tanto é que a USDC, moeda mais afetada pela insolvência do Silicon Valley Bank (SVB), já recuperou sua paridade e voltou a ser negociada na casa de US$ 1. O BTC também apresentou uma forte alta nessa segunda-feira.”

A Foxbit informou que a exchange também não possui relação com nenhum dos bancos envolvidos. Na avaliação do CEO da empresa, Ricardo Dantas, “já estivemos mais pessimistas, porém, com o apoio do Fede, estamos entendendo que haverá esforços para a superação da crise.” Já a Bitso, empresa latino-americana de serviços financeiros baseados em cripto, respondeu dizendo que “não tem contas abertas com o Silicon Valley Bank.”

Para o especialista cripto Diego Consimo, o colapso dos “bancos amigos das criptomoedas” pode favorecer a trégua do Fed e a explosão do Bitcoin, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil.

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