Os Ordinals, popularmente conhecidos como ‘NFTs do Bitcoin’, estão próximos de atingir a marca de 400 mil inscrições, apontam dados de um painel na Dune Analytics. A marca pode ser obtida em menos de três meses, o que mostra a popularidade desses registros de dados nas menores frações de Bitcoin, conhecidas como satoshis. 

O movimento, no entanto, tem gerado polêmica desde seu surgimento. Maximalistas de Bitcoin defendem que os autores das inscrições devem ser parados, citando o aumento nas taxas transacionais e sobrecarga da rede. Fontes ouvidas pelo Cointelegraph Brasil, no entanto, possuem opiniões contrárias.

Alegria dos mineradores

Os Ordinals nada mais são do que dados, como arquivos de imagens, áudio, texto, vídeo, ou até jogos, dentro da blockchain do Bitcoin. Por serem inseridos diretamente na rede, através de transações e de forma permanente, esses dados são chamados de arbitrários. Esse modelo de inserção foi possibilitado pela atualização Taproot, ocorrida em novembro de 2021 na blockchain do Bitcoin. 

Embora tenha sido pensada para viabilizar mais funcionalidades ao Bitcoin, como a popularização de contratos inteligentes, os Ordinals viraram o caso de uso mais famoso para as mudanças trazidas pela Taproot até então. 

Bernard Pedra, analista de criptoativos do Mercado Bitcoin, avalia que o movimento causado pelos Ordinals é “extremamente positivo para a comunidade do Bitcoin”. “Traz um novo caso de uso para a blockchain. E, olhando com uma visão mais de longo prazo, quando as recompensas de mineradores diminuirem mais ainda, nós teríamos esse caso de uso sendo uma solução para esse problema”, afirma Pedra.

“O aumento na demanda da rede aumenta as taxas de transação e, consequentemente, recompensa melhor esses mineradores, que estariam recebendo essas taxas de transação para continuarem fornecendo segurança para a rede do Bitcoin”, acrescenta o analista.

Importante discussão

Felipe Escudero, cofundador do Cripto Select e fundador do canal BitNada, também vê com bons olhos a possibilidade de gravar informações mais complexas na blockchain do Bitcoin. Sua preocupação, no entanto, é sobrecarregar a rede com o que ele chama de “shitbytes”. “Precisamos ter cuidado para que o Bitcoin não fique carregando coisas inúteis.” Ele salienta, porém, que este não é um problema irremediável.

“Teremos que pensar em possibilidades de deixar mais parte dos dados em outras blockchains, como soluções de segunda camada, ou até mesmo em soluções focadas no armazenamento distribuído, como é o caso da IPFS”, completou Escudero.

A possibilidade de inserir informações mais complexas, mencionada por Escudero, pode fazer com que o Ordinals estimule uma importante discussão, que é dar ainda mais utilidade ao Bitcoin. Bernard Pedra, do Mercado Bitcoin, cita alguns exemplos.

“O passo que o Ordinals deu abre portas para outros protocolos seguirem o mesmo caminho. Alguns mais simples, seguindo com inserções diretas na mainnet do Bitcoin, e outros seguindo pelo caminho das soluções de segunda camada, como a Stacks”, conclui Pedra.

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