As exchanges brasileiras de Bitcoin e criptomoedas já comprar mais de US$ 12,306 bilhões em Bitcoin no exterior para revender aos clientes no Brasil, segundo revelou nesta quarta, 25, o Banco Central do Brasil em seu balanço das Estatísticas do Setor Externo.
Segundo o BC, a importação de criptoativos, de janeiro a agosto deste ano, soma mais de US$ 12,368 bilhões, superando todo o valor importado no ano passado que foi de US$ 12,306 bilhões. Somente em agosto houve uma alta de 19,62% em relação ao mesmo mês do ano passado. No acumulado do ano (até agosto) a alta foi de 66,64% em comparação com o mesmo período no ano passado.
Fernando Rocha, chefe do departamento de estatísticas do BC, destaca que a demanda dos clientes das exchanges nacionais está em alta e para atender os clientes elas buscam liquidez com a importação de Bitcoin e criptomoedas (incluindo stablecoins)
"As exchanges nacionais tem uma carteira própria, que, em geral, é uma parte transacional apenas, são os clientes que estão demandando da empresa”, disse.
Conforme o regulador, a maioria dos endereços que vendem criptomoedas a exchanges brasileiras estão localizados em Estados Unidos, Hong Kong, Singapura, Ilhas Virgens Britânicas e Reino Unido.
Dados do BC, divulgados no ano passado, apontam que cerca de 99,7% das compras internacionais de BTC (importações) não são realizadas por pessoas físicas, mas por empresas de criptomoeda que compra Bitcoin para revender para os clientes no Brasil.
"Desde 2020 a participação de transações internacionais realizadas por pessoas físicas residentes no valor do comércio de CAWLM foi de apenas 0,3%. A participação das empresas financeiras e não-financeiras residentes representou, portanto, 99,7%", afirma o BC.
Bitcoin na 'conta' do Banco Central
O BC segue a metodologia do Fundo Monetário Internacional (FMI) para o tratamento de criptoativos semelhantes a Bitcoin (criptoativos sem passivos correspondentes, desenvolvidos para servirem como meio de troca - CAWLM) são classificados como ativos não-financeiros, uma vez que, embora sejam ativos, não constituem passivos de uma contraparte emissora.
As negociações de Bitcoin vem impactando a balança comercial do Brasil desde 2019, ano em que o BTC e as criptomoedas passaram a constar no cálculo da Balança Comercial do Banco Central. No entanto, em junho deste ano houve uma alteração na metodologia do BC (seguindo determinações do FMI) e os criptoativos 'saíram' da Balança Comercial e passaram a integrar as transações correntes.
No entanto, não é só a negociação de criptomoeda que entra no balanço comercial nacional, a atividade de mineração também é considerada "um processo produtivo", seguindo recomendações do texto “Treatment of Crypto Assets in Macroeconomic Statistics”.
"Não há registros aduaneiros para criptomoedas, não incluídas na estatística de comércio exterior de mercadorias. Para inclusão na balança comercial do balanço de pagamentos, as transações com criptoativos são estimadas com base em contratos de câmbio", informou o BC.
Segundo o BC, o valor total das transações com cripto apresenta trajetória ascendente. Além disso, o valor médio das transações mantém-se acima de US$ 100 mil desde 2018. O regulador destaca ainda que os fluxos de criptos no balanço de pagamentos do Brasil registram valores elevados de importações e valores baixos de exportações devido ao custo de energia do país.
"A relativa ausência de exportação deve-se, entre outros fatores, ao alto custo de eletricidade no Brasil, o que inibe a mineração de criptomoedas. Esse argumento está respaldado por dados do FMI , que afirma que 80% da mineração mundial de Bitcoin tem sido realizada em apenas quatro países: China, Geórgia, Suécia e EUA", afirma um relatório do BC apresentado no começo do ano.