O recente corte de juros na economia americana e o aumento da base monetária global (M2) estão criando um cenário de maior liquidez para o mercado de investimentos e isso tende a beneficiar ativos de risco, como o Bitcoin e outras criptomoedas, apontou o analista do BlockTrends, Vinícius Bitelo

Em um ambiente de alta demanda institucional e mudanças econômicas globais, o analista Michael Ebiekutan apontou que as próximas semanas serão cruciais para determinar os rumos do mercado cripto.

"Acredito que o mercado pode oferecer oportunidades significativas, mas é essencial monitorar de perto o comportamento dos preços e os indicadores macroeconômicosdEmbora o preço do Bitcoin tenha caído ligeiramente, o interesse institucional continua forte, como evidenciado pelo aumento nos influxos de ETFs.

Acredito que esse suporte pode levar o Bitcoin a novos patamares nas próximas semanas, especialmente se a economia dos EUA continuar a mostrar sinais de recuperação", afirmou Ebiekutan.

Ainda assim, o analista alertou sobre a relação entre o Bitcoin e o índice NASDAQ 100. "Desde agosto, o Bitcoin tem se movido em sintonia com o NASDAQ 100, o que traz incerteza. Uma possível desaceleração econômica nos Estados Unidos poderia afetar negativamente o preço da criptomoeda", completou.

Bitelo concorda com Ebiekutan sobre o cenário de alta em outubro, conhecido no mundo cripto como Uptober. Segundo ele, o mês apresenta oportunidades promissoras para investidores em criptomoedas e, diante disso, ele indicou 4 criptomoedas para comprar e que podem produzir grandes altas no período.

A primeira cripto na lista de Bitelo é o Bitcoin, que segundo o analista, a perspectiva de um superciclo de alta impulsiona o ativo, que mantém sua posição de liderança no mercado cripto.

"Com o corte de juros e maior oferta monetária, o Bitcoin tende a atrair investidores buscando proteção contra a inflação e diversificação de portfólio. Sua natureza deflacionária e sua crescente adoção institucional reforçam o potencial de crescimento nos próximos meses", disse.

Na segunda posição está o Ethereum, que para o analista, apesar do crescimento das layers 1 e 2, continua sendo uma das principais plataformas para inovação dentro do ecossistema cripto, especialmente em setores como Finanças Descentralizadas (DeFi), Web 3.0 e ativos do mundo real (Real World Assets – RWAs).

"Mesmo com a concorrência crescente de outras blockchains, a Ethereum lidera em termos de adoção e inovação tecnológica. Suas atualizações recentes, como o Ethereum 2.0, reforçam sua posição como uma blockchain robusta e eficiente. Investir em Ethereum em outubro pode ser uma estratégia inteligente, pois o ativo tende a se beneficiar do aumento de liquidez global e da crescente demanda por soluções descentralizadas", disse.

Na terceira posição, o analista aponta a Solana, que manteve uma média de 3,8 milhões de endereços ativos e processou cerca de 35 milhões de transações diárias, o que demonstra sua popularidade crescente. Com transações rápidas e custos baixos, Solana atrai usuários que buscam uma blockchain eficiente e de baixo custo.

"Em um ambiente de maior liquidez, Solana pode se valorizar ainda mais, especialmente por sua capacidade de atrair desenvolvedores e projetos em busca de plataformas escaláveis. Solana já demonstrou resiliência em mercados voláteis, e sua comunidade de desenvolvedores segue crescendo", disse.

Fechando a lista está a Stacks que, para o analista, surge como uma opção interessante para quem deseja diversificar dentro do universo do Bitcoin. Atuando como uma camada secundária do Bitcoin, Stacks permite a criação de contratos inteligentes e aplicativos descentralizados (dApps), expandindo as funcionalidades da rede Bitcoin.

"Embora ainda apresente uma usabilidade relativamente baixa, as atualizações recentes da Stacks indicam um potencial de crescimento significativo. Em momentos de alta do Bitcoin, Stacks tende a valorizar ainda mais, oferecendo retornos superiores. Assim, para quem acredita em um superciclo de alta do Bitcoin, investir em Stacks pode ser uma aposta estratégica", finaliza.

1 cripto que está decepcionando

No entanto, embora Bitelo esteja otimista com o Ethereum, o analista Julio Andreoni, especialista em criptomoedas do Bitybank, disse que a criptomoeda está "decepcionando" e apontou ao Cointelegraph o que tem gerado este efeito.

"O Ethereum, um dos pilares do ecossistema cripto, não está passando pelo seu melhor momento. Embora a rede tenha desempenhado um papel crucial no desenvolvimento de contratos inteligentes e finanças descentralizadas (DeFi), seu desempenho recente tem gerado preocupação entre investidores e desenvolvedores.

Um dos principais motivos por trás desse cenário é a pressão crescente sobre o staking líquido e as soluções de Layer 2 (L2), que são centrais para a escalabilidade da rede, mas também introduzem novos desafios", disse.

Segundo ele, o staking líquido, que trouxe flexibilidade para os validadores, facilitando o uso de ativos em stake, também criou uma vulnerabilidade. O risco de uma retirada massiva de fundos em momentos de crise pode abalar a segurança do Ethereum, comprometendo a integridade da rede. Esse efeito cascata, se desencadeado, poderia reduzir drasticamente o número de ativos disponíveis para assegurar a rede, expondo-a a possíveis ataques.

Além disso, Andreoni aponta o aumento da adoção de soluções de Layer 2, como Arbitrum e Optimism, resolveu o problema das altas taxas de transação e escalabilidade. No entanto, essa abordagem também fragmentou a liquidez da rede principal. Com 87% das transações acontecendo fora da camada principal, o Ethereum passou a enfrentar dificuldades em manter a liquidez concentrada, o que desvia o foco do token nativo (ETH) e enfraquece sua posição.

Segundo ele, outro ponto que afetou o desempenho do Ethereum em 2024 foi a pressão regulatória. Com as atenções voltadas para grandes exchanges como a Binance, o Ethereum, que serve de base para muitos tokens e contratos inteligentes, ficou sob o radar das autoridades. A incerteza regulatória afeta o crescimento de novos projetos e desestimula a inovação, especialmente em áreas como stablecoins descentralizadas e derivativos de blockchain.

"Para complicar, a taxa de rendimento do staking de ETH, que gira em torno de 3,4% ao ano, é considerada baixa quando comparada a outras oportunidades no mercado cripto. Esse retorno pouco atrativo desanima investidores, que procuram opções mais lucrativas, como o staking de stablecoins", disse.

Andreoni afirma que, olhando para o futuro, o Ethereum precisa se adaptar rapidamente para enfrentar a concorrência de redes mais ágeis, como Solana, que oferece transações mais rápidas e baratas.

"Se conseguir superar os desafios técnicos e regulatórios, mantendo sua descentralização e segurança, o Ethereum pode continuar a ser uma das redes mais relevantes no universo cripto. Caso contrário, corre o risco de perder espaço para concorrentes emergentes", finalizou.