As importações de criptomoedas no Brasil alcançaram o recorde de US$ 18,2 bilhões em 2024, segundo um relatório divulgado na última semana pelo Banco Central (BC).

De acordo com a autoridade monetária, o montante anual de compra de criptoativos pelos brasileiros aumentou 48% em relação a 2023, período em que as importações alcançaram US$ 12,3 bilhões.

Os dados apontaram ainda que as receitas do país através de criptomoedas vindas do exterior no ano passado alcançaram US$ 1,5 bilhão, o que representou um aumento de 145% em relação ao período anterior.

A balança comercial cripto no país, que considera a diferença entre o fluxo de entrada e saída, registrou um déficit de US$ 16,7 bilhões no ano passado, já que as importações superaram, e muito, as exportações feitas por carteiras brasileiras. Disparidade 42,9% superior em relação a 2023, que registrou déficit de US$ 11,6 bilhões.

As criptomoedas representaram quase 30% do déficit das contas externas brasileiras no ano passado, cujo montante chegou a US$ 56 bilhões durante o ano. Esse volume representou 2,55% do Produto Interno Bruto (PIB), maior diferença desde de 2019, quando o déficit brasileiro chegou a US$ 65 bilhões.

Por outro lado, a alta de 42,9% do déficit cripto entre 2023 e 2024 foi três vezes menor que a medição geral, já que, por esse quesito, que registrou alta de 128% no período, uma vez que o déficit do país no ano retrasado foi de US$ 24,5 bilhões.

Na avaliação do BC, o crescimento de US$ 31,4 bilhões no déficit brasileiro em 2024 foi resultado de uma queda de US$ 26,1 bilhões no superávit da balança comercial e do avanço do déficit no setor de serviços. Em direção contrária, o déficit de renda primária caiu US$ 4,1 bilhões e o superávit de renda secundária subiu US$ 367 milhões, de acordo com o relatório. 

O setor de bens fechou 2024 com um superávit de US$ 66,2 bilhões em 2024, embora tenha recuado 28,2% em relação a 2023. Já as exportações do país no ano passado totalizaram US$ 339,8 bilhões (-1,2%), enquanto as importações chegaram a US$ 273,6 bilhões (+8,8%).

O BC acrescentou que o déficit na conta de serviços totalizou US$4,6 bilhões em dezembro de 2024, 27,3% superior ao déficit de US$3,6 bilhões registrado em dezembro de 2023. A conta de transportes registrou despesas líquidas de US$1,4 bilhão, aumento de 27,0% na comparação com dezembro de 2023, impulsionadas pelas elevações do volume importado e do custo de frete. Os serviços de propriedade intelectual registraram despesas líquidas de US$841 milhões, aumento de 14,6% ante US$733 milhões em dezembro de 2023. As despesas líquidas com viagens internacionais alcançaram US$ 568 milhões, aumento de 23,7% em relação a dezembro de 2023, com acréscimos de 16,0% nas receitas (para US$721 milhões) e de 19,2% nas despesas (para US$1,3 bilhão).

Os investimentos diretos no país (IDP) somaram ingressos líquidos de US$2,8 bilhões em dezembro de 2024, ante saídas líquidas de US$2,0 bilhões em dezembro de 2023. Os ingressos líquidos em participação no capital atingiram US$4,8 bilhões, compostos por US$4,5 bilhões em participação no capital exceto lucros reinvestidos, e US$296 milhões em lucros reinvestidos. As operações intercompanhia totalizaram saídas líquidas de US$2,0 bilhões.

No ano de 2024, o IDP totalizou US$71,1 bilhões (3,24% do PIB), aumento de 13,8% em relação a 2023, em que totalizou US$62,4 bilhões (2,85% do PIB). O ingresso líquido em participação no capital somou US$60,1 bilhões, aumento de 13,7%, com incremento de 57,0% em reinvestimentos e recuo de 15,2% em ingressos de investimentos exceto lucros reinvestidos. O ingresso líquido em operações intercompanhia somou US$11,0 bilhões, aumento de 14,6%.

Os investimentos em carteira no mercado doméstico totalizaram saídas líquidas de US$12,6 bilhões em dezembro de 2024, compostos por saídas líquidas de US$8,1 bilhões em ações e fundos de investimento e saídas líquidas de US$4,5 bilhões em títulos de dívida.

No ano de 2024, os investimentos em carteira no mercado doméstico somaram saídas líquidas de US$4,3 bilhões, resultado de saídas líquidas de US$17,1 bilhões em ações e fundos de investimentos e ingressos líquidos de US$12,8 bilhões em títulos de dívida. Em 2023, os ingressos líquidos somaram US$10,6 bilhões, com ingressos de US$803 milhões em ações e fundos de investimentos, e de US$9,8 bilhões em títulos de dívida.

As reservas internacionais somaram US$329,7 bilhões em dezembro de 2024, redução de US$33,3 bilhões em relação ao mês anterior. Contribuíram para reduzir o estoque de reservas a liquidação de vendas à vista, US$19,8 bilhões; a concessão de linhas com recompra, US$11,0 bilhões; e as variações por preços, US$1,5 bilhão, e por paridades, US$1,4 bilhão. As receitas de juros contribuíram para elevar o estoque em US$754 milhões.

Netspaces na ABCripto

De olho no avanço da indústria de criptomoedas no país, a Associação Brasileira de Criptoeconomia (ABCripto) anunciou esta semana a adesão de uma nova associada, a Netspaces, uma das referências em tokenização imobiliária no país.

Para Bernardo Srur, CEO da ABcripto, a entrada da Netspaces reforça o compromisso da associação em fomentar o diálogo entre setores tradicionais e a criptoeconomia.

"A chegada da Netspaces à ABcripto é um marco importante, mostrando como a tokenização de ativos pode transformar setores tradicionais, como o imobiliário. Estamos confiantes de que a expertise da netspaces será um grande diferencial para a divulgação e avanços no ambiente regulatório e tecnológico", comentou.

A filiação também representou um marco significativo para o avanço da tokenização no Brasil, segundo avaliação do CEO da Netspaces, Andreas Blazoudakis. Segundo ele, "a  transformação do mercado imobiliário por meio da tokenização depende da colaboração entre todos os participantes do setor".

"Nesse sentido, a Netspaces busca aproximar incorporadoras, imobiliárias, corretores e outras entidades para trabalharem em conjunto com a ABCripto. Essa parceria fortalecerá todo o mercado frente aos desafios regulatórios, impostos por tecnologias tão disruptivas e inovadoras”, explicou.

Os investidores nacionais também demonstraram apetite pelos fundos de criptomoedas na semana anterior ao aportarem R$ 132 milhões em produtos desse segmento, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil.