Em uma entrevista concedida ao Cointelegraph Brasil, Marcelo Sampaio, CEO da Hasdex, empresa responsável pelo fundo baseado em criptomoedas HDAI, listado na Nasdaq e aprovado no Brasil pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), destacou que o jargão "Blockchain sim, Bitcoin não", vem caindo cada vez mais em desuso no setor empresarial indicando uma nova tendência de alta no uso e implementação de novas soluções baseadas na tecnologia.

Segundo ele toda idéia disruptiva passa, basicamente por quatro ciclos, o ​​​​​breakthrough, a reticência subjacente, a adoção e volta para o breakthrough novamente. Sendo que, atualmente as criptomoedas estariam migrando da reticência para a adoção.

"Foi o que aconteceu com a internet e até com a Lâmpada de Thomas Edison. Toda idéia disruptiva dificilmente encontra adoção quando ela é apresentada, justamente por ela estar a frente de seu tempo, contudo, outras pessoas vão criando um ecossistema em torno daquele breakthrough e criando a infraestrutura que suportará aquilo gerando uma mudança na sociedade. No caso da lâmpada foi assim. Edison inventou aquilo e outros foram colaborando com o ecossistema criando formas de condução de energia, substituindo o gás pela lâmpada e, então, o mundo virou 'elétrico' com a adoção e a construção de tudo que temos hoje e que funciona com energia. Isso também gerou outras ideias disruptivas que também seguiram o mesmo caminho. Com criptomoedas também está sendo assim", disse.

Segundo Sampaio, grandes empresas globais, como a Nasdaq, começam a entender as possibilidades da tokenização em termos de geração de valor e de disponibilidade de acesso a um mercado global no qual as barreiras do dinheiro também estão sendo quebradas.

"A Nasdaq por exemplo tem entendido que se ela pode garantir que X tokens são 'espelho' de X ativos da Apple por exemplo que ela tem listada e, se quando alguém negociar esses ativos tokenizados em qualquer lugar do mundo, eles não podem ser duplicados e negociados novamente, ela então consegue disponibilizar todo seu portfólio de ações no mundo inteiro e não apenas nos EUA. O que significa mais acesso, oportunidades e dinheiro para todos os envolvidos. O papo de 'blockchain, sim, bitcoin não', acabou e as empresas estão vendo oportunidades nesta geração de valor e de monetização dos dados", revelou.

Para Sampaio é inevitável que o mundo conectado, via internet das coisas, seja 'alimentado' por blockchain e tokenização e destaca um cenário futurista,

"Pense no trânsito de São Paulo. Você precisa chegar ao aeroporto e vai pegar um Uber mas a viagem demora três horas, o APP pode negociar com os carros a frente para conseguir espaço, realizando micropagamentos, afinal, tem gente com pressa e gente que não se importa com o trânsito, porque então não 'receber' por ceder uma passagem já que o outro precisa e está disposto aquilo? isso são contratos inteligentes, isso é internet das coisas alimentada por blockchain e tokenização", disse.

De fato o conceito explicado por Sampaio é o mesmo que a Volkswagen vem adotando em sua nova linha de veículos inteligentes voltados para Internet das Coisas (IoT) e 5G, a linha ID. Em um vídeo a empresa a gigante mundial destaca como acredita que deve ser o futuro movido a carros autônomos interconectados.

Quem também tem destacado que as organizações globais já não vêem as criptomoedas como algo 'ruim' é a IBM que por meio de um novo estudo realizado pelo IBM Institute of Business Value (IBV), destacou que uma das principais tendências das empresas e os governos é a adoção de moedas digitais.

"Tokens, moedas digitais e moedas digitais respaldadas pelo Banco Central têm sido um tema de crescente interesse para os mercados de capitais. Tokenizar ativos e títulos, convertendo-os em fichas digitais e depois negociar, trocar e resolver a custódia desses ativos digitais está transformando a eficiência, segurança e produtividade dos mercados de capitais. De fato, 58% das organizações pesquisadas concordam que podem obter novas fontes de receita ao tokenizarem os ativos trocados em um mercado habilitado para blockchain", destaca o estudo.

Como noticiou o Cointelegraph, enquanto as empresas começam a enxergar as possibilidades da tokenização e da internet de valor, a Comissão de Valores Mobiliários do Brasil (CVM) destacou, no Boletim de Mercado da CVM de 2020, que o valor total de captações no mercado de capitais alcançou a marca de R$ 450,7 bilhões, 62% maior que em 2018. O valor também engloba investimentos realizados em fundos, aprovados pela CVM, lastreados em criptomoedas como os da Hasdex e da BLP Assets.

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