Resumo da notícia

  • Seif defende Bitcoin como ouro digital estratégico.

  • MP 3303 colocaria mercado cripto em risco.

  • Falta de visão pode atrasar o Brasil.

Nesta sexta-feira, 28, durante a Blockchain Conference Brasil, participando de um painel da Frente Parlamentar de Livre Mercado, mediado por Rodrigo Saraiva Marinho do Instituto Livre Mercado, o senador Jorge Seif reforçou que o país ignorar o Bitcoin como “ouro digital” e não avançar em uma reserva soberana em BTC coloca o Brasil “em desvantagem diante de várias nações menores que já perceberam essa oportunidade”. Ele falou em tom firme e insistiu que a postura do governo atual ameaça retardar o avanço tecnológico e econômico do país.

Ainda no início de sua fala, Seif lembrou que o mercado cripto nasceu com espírito libertário e, muitas vezes, quase anárquico. Ele afirmou que muitos entusiastas rejeitam qualquer interferência estatal e buscam independência total.

“Nós queremos finanças descentralizadas, não queremos regulação, não queremos taxação. Queremos comprar e vender Bitcoin sem interferência. A verdade é essa”, disse. No entanto, ele ponderou que a realidade exige diálogo, porque o Estado ainda exerce enorme influência sobre o ambiente econômico.

Assim, o senador argumentou que o excesso de regras sempre atrapalhou a inovação no país. Ele citou que o empreendedor brasileiro costuma enfrentar barreiras pesadas, mesmo quando o setor mostra enorme potencial.

“O Brasil já perdeu posições importantes no cenário global por causa de muita taxa e muita regulação”, afirmou. E acrescentou que a MP 3303 “quase fulminou o mercado cripto”, ao propor um modelo tributário considerado destrutivo para investidores de todos os perfis.

Para ilustrar sua crítica, Seif destacou que a MP eliminaria a isenção atual para vendas de até R$ 35 mil e imporia uma tributação linear de 17,5% para qualquer transação, penalizando pequenos e grandes investidores da mesma forma. Além disso, o texto igualava holders e traders, ignorando estratégias distintas e invalidando uma prática comum em vários países.

“Enquanto outras nações protegem quem investe no longo prazo, o Brasil queria taxar todo mundo sem exceção”, reforçou.

Seif também chamou atenção para outro ponto que, em sua visão, prejudica o debate público: a ideia equivocada de que o mercado cripto funciona como um “submundo”. Ele relatou que, em CPIs recentes, parlamentares usaram criptomoedas como sinônimo de crime.

“A primeira pergunta de muitos é: ‘Você tem Bitcoin?’ Como se alguém que acredita no ouro digital fosse um criminoso. Isso precisa mudar”, afirmou.

Engajamento dos usuários

Durante o painel, ele defendeu mais engajamento dos próprios usuários. O senador disse que quem opera em grandes exchanges brasileiras, como Mercado Bitcoin e outras plataformas locais, não pode ignorar o Congresso. Segundo ele, o risco é claro: sem representação política, o investidor poderá ser empurrado para corretoras estrangeiras, reduzindo competitividade e gerando fuga de capital.

“Ou vocês se engajam, ou vocês terão de investir fora”, alertou.

A vitória contra a MP 3303, segundo Seif, só aconteceu porque a pressão foi intensa. Ele afirmou que a proposta “não morreu”, mas foi retirada após forte reação da Câmara e do Senado. “Eu disse que sobretaxar o mercado cripto seria matar a galinha dos ovos de ouro. E mantenho essa afirmação”, comentou.

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Nesse ponto, ele retomou seu principal argumento: não acreditar no Bitcoin como ouro digital fará o Brasil perder terreno, já que diversos países menores já adotam reservas soberanas de BTC para proteger suas economias. Para ele, o Brasil precisa agir com visão estratégica, porque o ativo se consolidou globalmente como uma forma sólida de reserva.

“Se não acreditarmos no Bitcoin, vamos ficar para trás mais uma vez”, repetiu.

O Brasil precisa acompanhar o mundo

O senador também destacou o trabalho de grupos organizados que atuam na defesa do setor dentro do Congresso. Ele mencionou a Frente Parlamentar do Mercado Digital e elogiou a insistência de seus membros na luta contra projetos considerados prejudiciais.

Ele afirmou que essa frente tem se dedicado a “defender a não taxação excessiva e garantir um ambiente onde o mercado possa prosperar”.

Ao avançar em sua conclusão, Seif afirmou que mais de 40 tributos foram criados ou ampliados nos últimos três anos, o que aumenta a urgência de resistência política. Ele disse que seguirá votando contra qualquer aumento de carga sobre investidores cripto e reforçou que o país precisa de visão de longo prazo.

“O Brasil tem criatividade, tem empreendedorismo e tem quase 40 milhões de usuários no mercado cripto. O potencial é enorme, mas pode morrer sob o peso de um governo perdulário”, declarou.

Ele encerrou reafirmando que continuará atuando ao lado dos investidores. Nas últimas frases, pediu participação ativa da comunidade e sublinhou o risco de o Brasil perder protagonismo.

“O mercado cripto só cresce, e o Brasil precisa acompanhar. Se ficarmos presos ao medo, à desinformação ou à taxação exagerada, vamos desperdiçar uma grande oportunidade”, afirmou.