A Vetrii, empresa sediada no Parque Tecnológico da Indústria (Curitiba), criou um passaporte veicular digital baseado em blockchain. A ferramenta registra informações como revisões, manutenções, trocas de peças e histórico da bateria em carros elétricos.

Com isso, o sistema busca reduzir adulterações e garantir mais transparência nas negociações.

A tecnologia funciona com base em um modelo descentralizado. Os dados são armazenados de forma criptografada e imutável, o que impede que informações sejam apagadas ou modificadas.

O sistema também permite transferência digital de propriedade, sem necessidade de cartórios ou intermediários.

A ideia surgiu como resposta a demandas ambientais e regulatórias. Na Europa, por exemplo, a adoção de passaportes digitais para baterias será obrigatória até 2027. No Brasil, há projetos em tramitação que tratam da rastreabilidade desses equipamentos.

Segundo a Vetrii, a tokenização dos veículos e baterias é uma das principais inovações da solução. Com isso, cada unidade recebe um identificador único, o que permite acompanhar seu ciclo de vida completo — da produção à revenda, incluindo uso em segunda aplicação ou reciclagem.

Especialistas do setor destacam que o histórico detalhado pode ser útil principalmente em veículos elétricos usados, cujo valor depende fortemente do estado da bateria. Fraudes em laudos e omissão de informações ainda são obstáculos frequentes nesse mercado.

Iniciativa teve apoio de fundo de inovação

O projeto foi desenvolvido com apoio do Parque Tecnológico da Indústria, que recebe financiamento da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos). O espaço oferece suporte técnico e promove conexões entre startups e grandes empresas.

A Vetrii afirma que já participa de eventos com montadoras e fornecedores do setor automotivo. A empresa também iniciou conversas com órgãos reguladores e estuda possibilidades de integração com sistemas públicos de registro.

Por enquanto, a tecnologia ainda está em fase de expansão. A proposta, no entanto, indica uma movimentação importante rumo à digitalização do histórico veicular, com ênfase em segurança de dados, transparência e rastreabilidade.

Além disso, a solução da Vetrii também abre caminho para possíveis integrações com infraestruturas digitais públicas, como o Drex, a versão digital do real em desenvolvimento pelo Banco Central.

Com a utilização de contratos inteligentes e identidade digital descentralizada, o passaporte veicular poderia, no futuro, ser integrado ao Drex para facilitar transações automatizadas, transferências de propriedade com liquidação instantânea e até o pagamento de taxas ou impostos diretamente no momento da venda do veículo.