O Bitcoin abre setembro desafiando um suporte importante no gráfico semanal e, segundo Arthur Driessen, analista da Crypto Investidor, corre o risco de sofrer quedas adicionais de até 16% durante o mês, que é historicamente negativo para a maior criptomoeda do mercado.
No domingo, 31 de agosto, o Bitcoin confirmou sua tendência de baixa de curto prazo ao registrar quedas de 4,6% no fechamento semanal e de 6,5% no fechamento mensal.
A correção pode ser atribuída a uma conjunção de fatores tanto sazonais quanto estruturais. Tradicionalmente, o verão no hemisfério norte é uma temporada marcada por baixo desempenho e liquidez para os ativos de risco.
Sob o ponto de vista estrutural, os sinais são mais preocupantes. A demanda dos investidores institucionais está sendo direcionada para o Ether (ETH), que na última semana acumulou US$ 1,4 bilhão em entradas contra US$ 748 milhões do Bitcoin.
A queda na dominância do Bitcoin de 65% em julho para 58,5% atualmente, segundo dados da TradingView, indica que esse movimento de rotação do capital para as altcoins não se limita aos grandes investidores, mas se estende também ao varejo.
Enquanto isso, a incerteza no cenário macroeconômico persiste. Embora a FedWatch Tool da CME aponte 89,6% de chances de corte nas taxas de juros nos EUA em setembro, a divulgação de novos dados sobre a inflação e o mercado de trabalho até a reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) pode causar uma reversão nas expectativas, alerta o boletim semanal de análise de mercado da QR Asset Management.
A intervenção de Donald Trump no Banco Central dos EUA (Fed), com a demissão arbitrária da diretora Lisa Cook, causou forte reação institucional entre aqueles que temem pela independência da instituição. Ainda que no curto prazo a medida eleve as chances de corte de juros, “o episódio adiciona ruído justamente em um momento de transição de política monetária", segundo o boletim.
Como resultado, os ganhos do Bitcoin após o discurso de Jerome Powell, presidente do Fed, em Jackson Hole, foram integralmente devolvidos, enquanto o dólar, que mantém uma correlação inversa com o criptoativo, recuperou parte de suas perdas recentes.
“O Bitcoin manteve a faixa de US$ 110.000–US$ 112.000 durante boa parte da última semana, mas perdeu tração no fim, ficando abaixo de US$ 109.000,” afirma a análise da QR Asset. “O movimento refletiu a correlação com os dados macro e a precificação de cortes: em momentos de maior apetite por risco, o BTC acompanhou, mas voltou a sofrer realização diante da cautela dos investidores.”
Apesar da fraqueza momentânea, o Bitcoin pode ser favorecido pelo aumento da volatilidade cambial e da instabilidade política nos EUA, desde que combinado com a flexibilização monetária do Fed, conclui a análise:
“De forma paradoxal, o Bitcoin e outras criptomoedas tendem a ganhar tração como alternativa e reserva digital em cenários como esse. Olhos atentos aos dados [macroeconômicos] desta semana.”
Análise do preço do Bitcoin
O preço do Bitcoin (BTC) abriu a semana em queda, atingindo mínimas de US$ 107.250 que não eram vistas desde a primeira semana de julho. Arthur Driessen afirma que a manutenção do suporte na região da média móvel de 21 períodos no gráfico semanal (linha roxa no gráfico abaixo) é fundamental para que a atual correção chegue ao fim.
Além disso, acrescenta o analista, “seria importante que o preço voltasse a se sustentar acima da EMA de 9 períodos, engolfando a vela da semana passada na região de US$ 113.500.” Nesse cenário, o Bitcoin ganharia força para buscar seu próximo alvo de alta na região de US$ 158.000.
Essa definição determinará a ação de preço do Bitcoin em setembro, afirma Driessen:
“Em um cenário mais pessimista, se o Bitcoin não conseguir romper os US$ 113.500 e perder o suporte da média móvel de 21 semanas, o preço pode entrar em uma correção mais longa, com alvos projetados entre US$ 90.000 e US$ 96.000. Essa faixa coincide com outros indicadores técnicos importantes, como a média de 50 períodos e o nível de 0.618 de Fibonacci.”
Embora represente uma correção adicional de 16% em relação aos patamares de preço atuais, essa queda ainda não representaria o fim do atual mercado de alta, segundo o analista:
“Após buscar liquidez nessa região, o ativo poderia ganhar força para iniciar uma nova onda 3, com preço-alvo na região dos US$200.000, conforme o gráfico abaixo.”
Conforme noticiado pelo Cointelegraph Brasil, o mapa de calor de liquidação de 30 dias do Bitcoin mostra que a liquidez na parte inferior continua sendo absorvida, com maior concentração em torno de US$ 104.000, sinalizando maior probabilidade de novas quedas antes de uma eventual retomada da tendência de alta.
Este artigo não contém conselhos ou recomendações de investimento. Todo investimento e negociação envolve riscos, e os leitores devem realizar sua própria pesquisa ao tomar uma decisão.