Os executivos de mineradoras de Bitcoin nos Estados Unidos estão ganhando bem mais do que seus pares nos setores de TI e energia devido a pacotes generosos de remuneração em ações, e os acionistas estão reagindo, segundo novas descobertas da gestora de ativos VanEck.
Apesar dos “pacotes de compensação agressivos”, os acionistas de empresas de mineração de Bitcoin estão “resistindo”, relataram o chefe de pesquisa de ativos digitais da VanEck, Matthew Sigel, e o analista de investimentos Nathan Frankovitz, na quinta-feira.
Os pesquisadores constataram que a aprovação média dos acionistas para os pacotes salariais dos executivos é de apenas 64%, em comparação com cerca de 90% das empresas do S&P 500 e Russell 3000.
“Esse ceticismo parece bem fundamentado. Os executivos de mineradoras continuam a se conceder prêmios de ações excessivos que diluem os acionistas sem vincular de forma confiável a remuneração à criação de valor no longo prazo”, acrescentaram.
Os pesquisadores analisaram a remuneração executiva de oito mineradoras de Bitcoin listadas nos EUA: Bit Digital, Cipher Mining, CleanSpark, Core Scientific, Hut 8, MARA Holdings, Riot Platforms e TeraWulf.
Eles também descobriram que, enquanto os executivos das mineradoras ganhavam em média US$ 6,6 milhões em 2023, esse valor quase dobrou para US$ 14,4 milhões em 2024, superando de longe setores como energia e tecnologia.
Remuneração baseada em ações
A compensação é predominantemente baseada em ações, com prêmios em ações representando 79% da remuneração total em 2023 e 89% em 2024, segundo o relatório.
O CEO da Riot Platforms, Fred Thiel, recebeu o maior prêmio em ações, no valor de US$ 79,3 milhões em 2024 — quase o dobro do valor recebido por executivos da MARA Holdings e da Core Scientific, e várias vezes mais do que os prêmios concedidos aos demais CEOs analisados.
“As práticas de remuneração dos executivos das mineradoras continuam agressivas, com forte peso em ações e muitas vezes fraca correlação com os resultados para os acionistas.”
Disparidades gritantes na remuneração por desempenho
O relatório também destacou disparidades gritantes entre remuneração e desempenho. Enquanto empresas como TeraWulf e Core Scientific pagaram aos executivos apenas 2% do crescimento de seu valor de mercado, a Riot Platforms destinou 73% do seu aumento de valor de mercado aos executivos nomeados — um total de US$ 230 milhões em 2024.
Os pesquisadores observaram que essas disparidades ecoam preocupações levantadas em 2022, quando os acionistas da Riot rejeitaram a proposta de remuneração da empresa após ser divulgado que o CEO havia recebido quase US$ 22 milhões.
Em 2025, três das oito mineradoras analisadas enfrentaram “reprovações marcantes” em suas propostas de remuneração executiva, segundo os pesquisadores.
O Cointelegraph entrou em contato com a Riot Platforms para comentar, mas não recebeu uma resposta imediata.
PSUs e período de carência
Por outro lado, seis das oito mineradoras adotaram unidades de ações condicionais (PSUs) com períodos de carência plurianuais vinculados ao preço das ações ou ao retorno total para o acionista relativo. A maioria também apoia votos anuais sobre remuneração (“say-on-pay”) para aumentar a responsabilização.
PSUs são um tipo de compensação em ações onde os executivos só recebem os papéis se certas metas de desempenho forem atingidas.
A VanEck sugeriu que as mineradoras passem a vincular os bônus ao custo por moeda minerada, incorporando métricas de eficiência de capital, como retorno sobre o capital investido, e fortalecendo os critérios de desempenho para os prêmios em ações com períodos de carência mais longos.
“À medida que as mineradoras de Bitcoin amadurecem e se tornam operadoras de infraestrutura em larga escala, seus programas de remuneração executiva também precisam evoluir”, concluíram.