O Bitcoin (BTC) se converteu em uma importante "arma de guerra" defensiva contra a invasão de tropas russas ao território ucraniano, revelam dados divulgados pela Elliptic, uma empresa de análise de dados on-chain, publicados em reportagem da CNBC na quinta-feira, 24.

Em menos de 12 horas após o ataque orquestrado pelo presidente russo, Vladimir Putin, aproximadamente US$ 400.000 em Bitcoin foram doados para a Come Back Alive, uma organização não governamental ucraniana que presta apoio material às forças armadas ucranianas.

Estas novas doações em criptomoedas cristalizam uma tendência que já vinha sendo observada nas últimas semanas diante da escalada das tensões na fronteira entre os dois países. A própria Come Back Alive e outros grupos de voluntários empenhados no suporte à defesa da Ucrânia já vinham recebendo milhares de dólares em ativos digitais. De acordo com a Elliptic já foram arrecadados mais de US$ 1 milhão em criptomoedas.

Ativistas recorrem aos criptoativos para fins diversos, incluindo o financiamento e a aquisição de armamentos e equipamentos militares, como drones, o desenvolvimento de um aplicativo de reconhecimento facial para desmascarar espiões ou mercenários a serviços dos russos, além da compra de medicamentos e materiais de primeiros socorros destinados aos soldados no front de batalha.

O cientista chefe da Elliptic, Tom Robinson, declarou à CNBC que a utilização de criptomoedas para fins militares está se tornando cada vez mais comum:

 “As criptomoedas estão sendo cada vez mais usadas para financiar a guerra através de campanhas de crowdfunding, inclusive com a aprovação tácita dos governos”.

Desde os protestos populares que depuseram o então presidente Viktor Yanukovych, apoiado por Vladimir Putin, em 2014, voluntários e organizações não governamentais têm se organizado para oferecer suporte material à resistência contra as a ameaças da Rússia à soberania da Ucrânia.

No começo, eles utilizavam meios tradicionais para angariar fundos, como bancos e fintechs, mas a natureza descentralizada e não permissionada das criptomoedas, que contorna intermediários, fez com que elas tenham se tornado um instrumento mais efetivo para o financiamento destes grupos.

A ONG Comecbak Alive aceita criptomoedas desde 2018. E a Cyber Alliance, um grupo de ativistas digitais engajado na defesa e em ações contraofensivas contra alvos russos teria recebido US$ 100.000 em Bitcoin, Ethereum (ETH), Litecoin (LTC) e stablecoins para financiar suas atividades.

Oficiais russos teriam parado de interceptar ou congelar recursos destinados a estar entidades através de instituições financeiras tradicionais, pois somente assim são capazes de monitorar a origem e o destino dos recursos. Com as criptomoedas, rastrear estas doações é muito mais trabalhoso.

Antes que as ameaças de uma invasão russa viesse à tona, a Ucrânia vinha adotando procedimentos em favor da adoção de criptomoedas em nível nacional. Em setembro do ano passado, o presidente Volodymyr Zelenskyy e o parlamento propuseram uma lei que legaliza as criptomoedas no país, conforme noticiou o Cointelegraph.

Em uma visita oficial aos EUA em agosto de 2021, Zelenskyy fez referência à ascensão do "inovador mercado de ativos virtuais” da Ucrânia como uma área atrativa para investidores estrangeiros, e o ministro da Transformação Digital, Mykhailo Fedorov, disse que o país tinha planos para emitir sua CBDC (moeda digital do banco central).

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