Duas notícias vindas da Europa recentemente podem impactar negativamente a lucratividade das operações dos mineradores de Bitcoin (BTC), pressionando ainda mais o preço da maior criptomoeda do mercado ao longo de 2022.

A iminente invasão da Ucrânia pela Rússia já vinha derramando sangue nos mercados de ações e de criptomoedas. Após a consumação do ataque, as perdas se acentuaram ainda mais e o Bitcoin voltou a romper temporariamente o suporte de US$ 35.000 pela segunda vez em 2022. 

Analistas têm sido unânimes em apontar que as sanções econômicas impostas pelas potências ocidentais à Rússia deverão receber como contrapartida a interrupção do abastecimento de petróleo e gás para seus adversários, provocando um aumento nos custos de energia elétrica não apenas na Europa, mas no mundo todo.

Uma reportagem publicada na revista The Atlantic aponta que o momento da invasão não poderia ter sido mais apropriado para Vladimir Putin, pois coloca a Rússia em condições de desestabilizar o mercado global de energia.

Nesse caso, a guerra recém declarada tem potencial para gerar um impacto adicional sobre o preço do Bitcoin, pois a escassez de recursos energéticos tende a aumentar os custos de eletricidade, causando um impacto direto sobre o custo operacional da mineração de Bitcoin.

O segundo golpe sobre os mineradores vem de uma disposição de parlamentares da União Europeia de incluir no marco regulatório sobre criptomoedas atualmente em discussão uma cláusula para proibir a mineração e limitar a utilização de criptomoedas cujas redes dependam do uso intensivo de energia, como é o caso do Bitcoin.

O banimento de criptoativos que dependam do mecanismo de consenso conhecido como Prova-de-trabalho (PoW) se tornaria válido nos 27 estados membros da União, de acordo com uma reportagem publicada pela CoinDesk nesta quinta-feira.

Embora o texto ainda esteja em fase preliminar de discussão, diversos parlamentares da União Europeia têm se manifestado publicamente em favor da proibição da mineração de criptomoedas desde novembro do ano passado.

Lucratividade em baixa

Conforme noticiou o Cointelegraph Brasil recentemente, alguns mineradores já se encontravam sob pressão por conta da queda generalizada do mercado entre novembro e o início deste ano. Some-se a isso os recordes históricos da taxa de hash registrados nos últimos dias e o consequente aumento da dificuldade para mineração de novas moedas, e têm-se montado um cenário em que os mineradores podem impactar decisiva - e negativamente - o preço do BTC, conforme apontou Justin d’Anethan, diretor da Amber Group, em uma reportagem da Agência Reuters publicada na terça-feira. Portanto, antes do início da invasão russa à Ucrânia:

"Os custos operacionais são um fator importante na decisão dos mineradores de manter ou vender moedas recém-adquiridas. Eles são os primeiros e mais naturais vendedores do espaço cripto e, portanto, definitivamente impactam os preços."

O total de Bitcoin sob custódia dos mineradores caiu de US$ 114 bilhões para cerca de US$ 75 bilhões de dólares no início de novembro. Dados levantados pela Arcane Research apontam que a lucratividade da mineração foi reduzida praticamente pela metade desde novembro em função do aumento da taxa de hash e da queda do preço do BTC.

De acordo com dados da Blockchain.com, atualmente a receita semanal média dos mineradores está em níveis tão baixos quanto em julho do ano passado, quando o par BTC/USD atingiu cotação inferior a US$ 30.000, em sua pior queda em um ano.

No mesmo boletim, a firma de pesquisa de criptoativos sugere que caso não haja uma interrupção da queda de preço do Bitcoin, a lucratividade tende a diminuir ainda mais. Dados on-chain revelam que os mineradores estão transferindo mais moedas para exchanges do que adicionando-as às suas carteiras. Um sinal evidente de que estão dispostos a se desfazer de suas posições, ao menos em parte, em um horizonte de curto prazo.

No início da tarde desta quinta-feira, o Bitcoin está sendo negociado a US$ 35.860, acumulando uma variação intradiária negativa de 7%, de acordo com dados do CoinMarketCap. Conforme noticiou o Cointelegraph Brasil, analistas afirmam que há chances de que o Bitcoin quebre o suporte psicológico da faixa de US$ 30.000 e reteste os fundos de julho do ano passado, quando atingiu US$ 29.807.

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