A exchange de criptomoedas Binance procurou contratar Gary Gensler como consultor antes que ele se tornasse presidente da Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos SEC), de acordo com uma reportagem do Wall Street Journal baseada em mensagens e documentos datados de 2018 e 2020, além de entrevistas com ex-funcionários da empresa.
Gensler, então ex-presidente da Comissão de Negociação de Futuros de Commodities (CFTC), foi abordado pela exchange de criptomoedas em 2018 e 2019 enquanto lecionava no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), informou o Journal.
Mensagens dos executivos da Binance vistas pelo jornal indicam que Ella Zhang, então chefe do braço de investimentos de risco da Binance, e Harry Zhou, cofundador da Koi Trading, empresa que recebera investimentos da Binance, se encontraram com Gensler em outubro de 2018. Depois que Gensler recusou o cargo de consultor, Zhou escreveu no chat:
“Observo que, embora Gensler tenha recusado a assessoria, ele foi generoso em compartilhar conosco estratégias de licenciamento.”
Um funcionário da Binance declarou na ocasião que Gensler “provavelmente voltaria ao cargo de regulador se os democratas vencessem as eleições de 2020.” A segunda reunião ocorreu em março de 2019, em Tóquio, onde Gensler encontrou o fundador da Binance, Changpeng “CZ” Zhao. Em abril de 2021, Gensler tornou-se o presidente da SEC.
De acordo com o jornal, Gensler foi abordado por várias empresas privadas para atuar como consultor enquanto estava no MIT, mas recusou todas as ofertas.
A reportagem destaca o relacionamento entre a Binance e seu braço americano, a Binance.US. Temendo o escrutínio regulatório, os executivos da exchange tomaram medidas anos atrás para mitigar os riscos, incluindo a criação de uma entidade norte-americana para se tornar o foco principal de investigações dos reguladores e de fiscalização, protegendo assim as operações globais da Binance da supervisão regulatória.
Em uma apresentação intitulada “Isolando a Binance das ações de aplicação da lei dos EUA”, os funcionários sugeriram que a Binance deveria ter um relacionamento “puramente contratual” com a unidade norte-americana, posicionando-a como uma operação separada.
Um porta-voz da Binance disse ao Cointelegraph:
“Quando a Binance.US foi fundada, havia um acordo com a equipe de tecnologia da Binance.com para construir a infraestrutura de tecnologia e fornecer outras formas de suporte para a nova exchange regulada pelos EUA. [...] Era um serviço de marca branca que dava suporte a outras exchanges. É por isso que há essas antigas comunicações entre membros das duas organizações.”
A exchange de criptomoedas também observou que a Binance e a Binance.US “compartilhavam o mesmo beneficiário final”, um fato conhecido do público desde o início. “A Binance.US, no entanto, passou recentemente por uma rodada de financiamento, enquanto a Binance.com não.”
A Binance notou ainda que não possui clientes nos EUA e as empresas são entidades legais separadas. A exchange também reconheceu “erros” cometidos no passado durante seu processo de expansão global:
“Enquanto crescia em um ritmo acelerado, cometemos alguns erros iniciais que agora foram corrigidos. Após um investimento maciço em talentos, processos e tecnologia de conformidade nos últimos dois anos, somos uma empresa muito diferente hoje quando se trata de conformidade.”
A Binance está disposta a arcar com multas e penalidades a fim de solucionar investigações regulatórias e policiais em andamento nos Estados Unidos. O diretor de estratégia da Binance, Patrick Hillmann, disse que a empresa está trabalhando com os reguladores para resolver problemas anteriores de conformidade. Segundo a empresa, seu quadro de conforimidade e investigações aumentou 500% no ano passado.
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