Antes de descobrir o Bitcoin (BTC), o cofundador da Ledn, Mauricio di Bartolomeo, obteve sucesso vendendo o bolívar venezuelano a descoberto, à medida que ele perdia rapidamente valor em relação ao dólar americano, mais forte. Agora, com o dólar se desvalorizando frente ao Bitcoin, tomar empréstimos com garantia em Bitcoin em vez de vendê-lo se tornou uma estratégia mais viável.

“Antes do Bitcoin, meu investimento mais bem-sucedido foi vender o bolívar a descoberto com dólares”, disse di Bartolomeo ao Cointelegraph em uma entrevista exclusiva durante a conferência Consensus, em Toronto, no Canadá.

“Eu pegava bolívares emprestados e comprava dólares com eles, mantinha os dólares — que eram mais fortes — e ficava com uma posição devedor[a] na moeda mais fraca”, explicou.

Com a chegada dos empréstimos com garantia em Bitcoin, os investidores agora podem implementar, na prática, a mesma estratégia, usando uma moeda mais resistente como colateral.

O cofundador da Ledn, Mauricio di Bartolomeo (à direita), e Sam Bourgi, do Cointelegraph, na Consensus. Fonte: Cointelegraph

Essa foi parte da motivação por trás do lançamento da Ledn, uma empresa com sede nas Ilhas Cayman que oferece aos detentores de Bitcoin a possibilidade de acessar liquidez em dólares sem precisar vender seus BTCs.

Ao tomar empréstimos com garantia em Bitcoin, “você está basicamente fazendo a mesma coisa, mas mantendo o dinheiro forte, que é o Bitcoin, e ficando com uma posição devedor[a] em dólares, que é uma moeda mais fraca”, afirmou di Bartolomeo, acrescentando:

“Isso cria um tipo de ciclo virtuoso que vemos acontecer repetidamente com imóveis, com empréstimos garantidos por ações, empréstimos garantidos por ouro — portanto, com o Bitcoin não é diferente.”

Mercado de empréstimos cripto em ascensão

A Ledn atua em um setor mais amplo de empréstimos em cripto, que cresceu nos últimos cinco anos devido à valorização acelerada do Bitcoin, à entrada de investidores institucionais e ao aumento da utilidade das stablecoins.

No quarto trimestre de 2024, o mercado de empréstimos em cripto foi avaliado em US$ 30,2 bilhões, mais que o triplo do registrado dois anos antes, segundo a Galaxy Research. No entanto, o tamanho total do setor ainda está abaixo do pico atingido em 2021.

Os pesquisadores atribuíram o crescimento recente às aplicações de finanças descentralizadas (DeFi), que permitem aos usuários tomar empréstimos com garantia em ativos on-chain. Essa tendência foi reforçada por um relatório recente do Cointelegraph, que documentou o aumento do valor monetário garantido por protocolos de empréstimos DeFi.

O mercado de empréstimos cripto se recuperou fortemente das mínimas de 2022, mas continua bem abaixo do pico de 2021. Fonte: Galaxy Research

A Ledn foi classificada entre os três principais credores de finanças centralizadas (CeFi), com uma carteira de empréstimos avaliada em US$ 9,9 bilhões no final de 2024. Segundo o relatório da Galaxy, os três maiores credores CeFi — Ledn, Tether e Galaxy — respondem por 89% do mercado total.