A cofundadora do Nubank, Cristiana Junqueira, deu uma entrevista ao Estadão para falar do novo sistema de transações instantâneas do Banco Central, o Pix, que iniciou o cadastro na última segunda-feira.

"Eu acho isso aí uma grande desculpinha. A definição do BC foi: o Pix tem de ser tão seguro ou mais que DOC e TED. Então, ponto, acabou. O Pix foi desenhado para isso. Eles (os grandes bancos) estão dizendo que foi muito rápido (o tempo para implementar), mas nós estamos tendo o mesmo tempo. Se eles acham que pode dar algo na implementação deles e não ser seguro, é problema deles. É só fazer o negócio direito. [...] Mas tem uma resistência (dos bancos). É a turma do ‘Ah não, está muito rápido, peraí’, é a turma que não quer que o futuro chegue."

Ela ainda diz que a fintech brasileira está ansiosa pela implementação do Pix, que deve ser lançado definitivamente em novembro, com transações a qualquer hora do dia ou da semana.

Ela lembra que a fintech já não cobrava taxas de seus clientes mesmo antes do novo sistema do Banco Central, e disse acreditar que o fim dos outros sistemas em vigor, boleto TED e DOC, deve ser gradativo, mas deve acontecer:

"Para instituições como o Nubank, se acabar com tudo (boleto, TED e DOC), será maravilhoso. Vamos incentivar muito o cliente a usar o Pix. Se pudermos, toda transação será por Pix. Mas outras instituições vão perder um dinheirão, porque cobravam um monte de tarifa (para TED e DOC). Essas não vão estar tão ligeiras para a adoção. Nelas eu acho que o cliente terá de insistir para usar o Pix. Mas acredito que em algum momento acaba tudo."

A fintech brasileira, que é um dos unicórnios avaliados em mais de US$ 1 bilhão do país, chegou à Colômbia na semana passada. Cristiana Junqueira destacou que a entrada no mercado colombiano já atraiu o dobro de pedidos de cartões de crédito em comparação ao lançamento do Nubank no México, que tem o dobro da população. O CEO da fintech, David Vélez, é colombiano, e a identificação do país com o Nubank foi maior, diz ela:

"Fizemos um evento que teve muita visibilidade na mídia colombiana. Mas acho que o que mais contou foi o fato de que o meu sócio (David Vélez) é colombiano. Eles até falam lá que o Nubank é colombiano e não brasileiro. E também tivemos a sorte de que, no dia do anúncio na Colômbia, os dois maiores bancos de lá passaram por instabilidade no sistema e muita gente reclamou no Twitter."

Junqueira ainda diz que espera que a fintech tenha um crescimento no país sul-americano ainda mais rápido do que no Brasil.

Por outro lado, o Nubank não tem crescido na América Latina e no Brasil sem críticas de concorrentes e dos mercados tradicionais.

Como noticiou o Cointelegraph Brasil na terça-feira, o analista-chefe da Capital Research, Samuel Torres, disse que investir no Nubank é "furada", por trazer riscos para a rentabilidade.

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