Envolvida nos debates pela privasão da estatal brasileira de energia, a Eletrobrás, a Furnas Centrais Elétricas S/A anunciou a criação de uma base de dados em blockchain nesta semana.
Em licitação aberta nesta terça-feira, a empresa anunciou a contratação de uma empresa especializada em blockchain. Sem dar muitos detalhes, a licitação revela que Furnas está em busca de contratar “empresa especializada em inovação tecnológica para criação e governança de ambiente com tecnologia Blockchain de bases de dados distribuídas.”
As empresas que se candidatarem devem comprovar capacidade técnica para o desenvolvimento de projetos em provedores de infraestrutura em nuvens, com "gestão do ciclo de vira de máquinas virtuais e orquestração e govenança de redes blockchain".
Entre as soluções em blockchain citadas como referência, estão plataformas conhecidas como Hyperledger Fabric, Hyperledger Sawtooth, R3 Corda ou Consensys Quorum. As propostas devem ser enviadas a partir do dia 9 de julho de 2021.
Meio século de energia
Furnas é uma das mais antigas empresas de energia do país, subsidiária da Eletrobrás e vinculada ao Ministério de Minas e Energia. A estatal atua na geração e transmissão de energia para as regiões Sudeste, Sul, Centro-Oeste e Norte do Brasil, operando com doze usinas hitroelétricas e duas termoelétricas. A empresa fundada em 1957 atende nada menos que 51% das residências brasileiras.
Desde o início do governo Bolsonaro, o ministro da Economia, Paulo Guedes, tem cobiçado a privatização da Eletrobrás, apesar de resistência nas estatais e na oposição. Apesar de Guedes defender que a estatal é deficitária, a Eletrobrás fechou 2020 com lucro de R$ 6,4 bilhões para os cofres públicos.
A estatal de energia já havia sido alvo de uma tentativa de privatização no governo Fernando Henrique Cardoso, mas enfrentou forte reação de governadores e servidores públicos. Na época, o governador de Minas Gerais, o também ex-presidente Itamar Franco, mobilizou a polícia militar para impedir a privatização de uma subsidiária de Furnas no estado.
Hoje, o governo tenta um acordo no Senado para aprovar a medida provisória que autoriza a privatização da Eletrobrás. A piora da crise hídrica tem atrapalhado o debate, já que o Brasil pode viver a pior falta de água dos últimos 90 anos em 2021. Além disso, funcionários públicos de subsidiárias da Eletrobrás anunciaram greve nesta semana.
A iniciativa blockchain também não é a primeira de uma estatal brasileira para o desenvolvimento de bases de dados usando a tecnologia descentralizada. O Projeto Harpia, que funciona desde 2020 no Paraná, também busca o uso de blockchain para dados públicos e como forma de combate à corrupção na gestão pública, entre outros que adotam blockchain pelo Brasil.
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