Resumo da notícia:
Brasil ocupa vice-liderança global em adoção de IA pelos jovens, mas foco é recreação e sociabilização digital.
Elevado tempo de tela para fins recreativos, particularmente entre os jovens em mercados emergentes, está associado a uma diminuição do bem-estar.
Números sublinham importância de um foco equilibrado no bem-estar digital, especialmente com a crescente difusão da IA.
No Brasil, 51,6% dos entrevistados afirmam usar ativamente a IA Generativa, mas apenas 34,4% afirmam que a IA é completamente confiável.
A Cisco e a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) divulgaram este mês uma pesquisa apontando que o Brasil ocupa a vice-liderança global em adoção de inteligência artificial (IA) pelos jovens, concentrada em fins recreativos e sociabilização digital.
A pesquisa revelou que os jovens adultos globalmente são consumidores vorazes de conteúdo digital, com pessoas com menos de 35 anos apresentando o maior uso de mídia social, dispositivos online e uso ativo de IA generativa (GenAI). Mas o verdadeiro destaque são as pessoas em economias emergentes, particularmente Índia, Brasil, México e África do Sul. Elas lideram a adoção de IA globalmente com as maiores taxas de uso, maiores níveis de confiança e engajamento mais ativo em treinamento de IA. Nesse caso, o Brasil é o segundo país que mais usa IA Generativa (51,6%), perdendo somente para a Índia (66,4%).
Por outro lado, os entrevistados em países europeus demonstraram menos confiança e mais incerteza em torno do uso da IA, evidenciando uma mudança em relação aos padrões históricos, nos quais as economias emergentes costumam demonstrar maior lentidão no acesso e na utilização de novas tecnologias.
Brasil, Índia, México e África do Sul, no entanto, demonstram um uso mais intenso da tecnologia para lazer, registrando maior tempo de tela recreativa. Além disso, usuários desses países revelaram uma dependência mais acentuada da socialização exclusivamente digital e experimentam flutuações emocionais mais notáveis (altos e baixos) relacionadas ao uso da tecnologia, em comparação com os participantes dos demais países.
A pesquisa também apontou que, globalmente, mais de cinco horas de tempo de tela recreativo diário estão associadas à diminuição do bem-estar e menor satisfação com a vida. Assim, embora a correlação não seja causalidade, é claro que precisamos nos concentrar no bem-estar digital para que os avanços na tecnologia não venham à custa da saúde e da felicidade.
Capacitar economias emergentes com habilidades de IA não é apenas sobre tecnologia, é sobre liberar o potencial de cada indivíduo para moldar seu futuro. Com a rápida integração da IA em nossas vidas e locais de trabalho, devemos garantir que essas ferramentas sejam projetadas de forma responsável, com transparência, justiça e privacidade em sua essência, observou o vice-presidente sênior e diretor global de Inovação da Cisco, Guy Diedrich.
O executivo da empresa mundial de redes e segurança disse ainda que o “maior potencial da IA pode ser realizado se ela melhorar o bem-estar, simplificando tarefas, aprimorando a colaboração e criando oportunidades de crescimento e aprendizado”.
Quando tecnologia, pessoas e propósito se unem, criamos as condições para comunidades resilientes, saudáveis e prósperas em todos os lugares, emendou.
O estudo mostrou ainda que, globalmente, os jovens adultos relatam que a maior parte ou a totalidade de suas interações sociais acontece online e demonstram maior confiança na utilidade da Inteligência Artificial. No mundo, mais da metade (50%) dos entrevistados com menos de 35 anos utiliza ativamente a IA e mais de 75% a consideram útil. Além disso, quase metade dos jovens entre 26 e 35 anos já concluiu algum tipo de treinamento na área. No Brasil, somente 41,4% afirmaram ter realizado alguma qualificação relacionada à IA pela empresa para desenvolvimento de novas habilidades em tecnologia nos últimos doze meses.
Em contraste, a percepção da IA é diferente entre as faixas etárias. Adultos com mais de 45 anos tendem a ver a IA como menos útil e mais da metade não a utiliza. Observa-se que entre os entrevistados com mais de 55 anos, a incerteza (“não sabem”) sobre a confiança na IA pode ser um reflexo da falta de familiaridade, e não uma rejeição. Essa diferença se estende às expectativas sobre o impacto da IA no emprego: as pessoas com menos de 35 anos e as de economias emergentes são as que mais antecipam esse impacto.
Para Guy Diedrich, “as divisões geracionais na adoção digital e da IA não são inevitáveis, são desafios que todos podemos enfrentar por meio de ações direcionadas”.
Embora os mais jovens possam abraçar prontamente novas tecnologias, pessoas de todas as idades trazem sua própria experiência e insights únicos e inestimáveis, finalizou o executivo ao revelar que 26 mil funcionários da Cisco passaram por treinamento em IA.
A Cisco informou que a análise foi conduzida com dados de 14 países (Austrália, Brasil, Canadá, França, Alemanha, Índia, Itália, Japão, Coreia, México, Holanda, África do Sul, Reino Unido e Estados Unidos), coletados no início de 2025 por uma agência de pesquisa especializada em colaboração com a Cisco. A coleta de dados seguiu as melhores práticas da OCDE, essenciais para garantir a confiabilidade, comparabilidade e representatividade nacional dos dados.
A empresa acrescentou que a coleta de dados produziu respostas estatisticamente válidas de 14.611 indivíduos e foi selecionada para refletir uma ampla gama de contextos socioeconômicos e culturais em cada país. Cada um é representado por uma amostra de pouco mais de 1.000 entrevistados, exceto a Índia, que inclui 1.500 entrevistados. Todos os participantes completaram a pesquisa completa de 20 perguntas, bem como perguntas demográficas e de perfil.
Enquanto isso, o CNE prepara regras de IA para evitar que alunos virem 'robôs', conforme noticiou o Cointelegraph Brasil.

