Uma semana de alta volatilidade para o Bitcoin (BTC) foi marcada por más notícias da China que impactaram não apenas o mercado cripto. A segunda-feira começou com preocupações globais sobre a insolvência da Evergrnade, conglomerado chinês de construção civil, e o Bitcoin não escapou à correlação com os mercados tradicionais.

Após abrir a semana cotado acima de R$ 251.000, o par BTC/BRL mergulhou até R$ 229.000, um queda intradiária de 8%, que lançou o preço do BTC em um fundo que não visitava desde 9 de agosto. Mas ainda não era o limite, pois no dia seguinte o Bitcoin se aproximou dos R$ 211.000.

O analista de dados Will Clemente chamou atenção para uma métrica importante que dá a dimensão do pânico disparado pela ameça de uma crise de proporções monumentais no seio da economia chinesa.

Durante as liquidações de segunda-feira e terça-feira, o mercado realizou prejuízos sobre as vendas de cerca de US$ 650 milhões em BTCs. Ou seja, os vendedores aceitaram se desfazer dos seus Bitcoin por preços inferiores aos que os tinham adquirido. 

Lucro/prejuízo líquido realizado do Bitcoin nos últimos 10 dias. Fonte: Glassnode

Clemente destacou ainda que aqueles foram os primeiros dias consecutivos de realização de prejuízos desde o início de julho. Depois disso, o mercado se recuperou com a realização de lucros sendo retomada.

No entanto, novas notícias do Oriente chegaram às vésperas do fim de semana para esfriar o mercado outra vez: o Banco Central da China divulgou uma decisão do último dia 15 de setembro, proibindo a negociação de criptomoedas na China.

Em um final de semana tímido tanto em volume de negociação quanto em volatilidade, o Bitcoin fechou o domingo em leve alta de pouco mais de 1%, amargando uma desvalorização de 7,45% nos últimos sete dias, levemente acima do suporte crítico de US$ 43.000 (R$ 232.507), de acordo com dados do CoinMarketCap.

Preço do Bitcoin na semana de 19 a 26 de setembro. Fonte: CoinMarketCap

O que esperar da última semana de setembro

Historicamente um mês negativo para a ação de preço do Bitcoin, setembro ainda pode ver a maior criptomoeda testando suportes mais baixos, segundo alguns analistas.

Em postagens em sua conta no Twitter durante o domingo, o analista brasileiro Augusto Backes, afirmou que o gráfico semanal aponta para possibilidades de queda até os US$ 35.000 no curto prazo:

"O gráfico semanal indica que podemos ainda testar os 35k - 37k. Em acumulação e na barra de reversão semanal passada a reversão foi rejeitada. Isso indica uma probabilidade maior de ter mais uma semana de queda."

O trader e anailsta Pentoshi enxerga a mesma possibilidade de o Bitcoin testar suportes em um preço mínimo mais baixo antes de um novo e consistente impulso de alta, conforme explicou em uma postagem no Twitter:

"Isso parece saudável para os HTFs (intervalos de tempos maiores) e provavelmente está formando uma base sobre a HH (máxima mais alta) anterior no caminho para o ATH (topo histórico) e, potencialmente, um HL (mínima mais alta) aqui no PoB (ponto de rompimento) do verão

Embora eu acredite que o $BTC possa ser negociado brevemente por até 37 mil, é improvável que ele continue lá por muito tempo".

Enquanto isso, Will Clemente chama atenção para o comportamento recente dos detentores de Bitcoin.

De acordo com dados on-chain da Glassnode, 93% do estoque circulante de Bitcoin não foi movimentado em pelo menos um mês, e isso representa uma alta histórica para esta métrica. Outra forma de entender o que isso significa é considerar que a oferta de BTCs disponível para negociação nunca foi tão pequena.

Por fim, Clemente lança um olhar sobre o comportamento das entidades do mercado e destaca que tanto traders do varejo quanto as baleias estão em modo de compra.

Tal comportamento é um indicador de que há boas chances de que o mercado possa estar no estágio intermediário de uma tendência de alta, escreveu o analista na última edição do boletim semanal da Blockware Intelligence: 

"As baleias estão comprando, desde meados de julho. Podemos ver que seguir as tendências das baleias tem sido uma boa ideia viável. Essas grandes entidades tendem a comprar no início de tendências de alta mais amplas. Os pequenos também têm comprado. Quando olhamos para a porção de oferta mantida pelo varejo, vemos que suas participações estão atualmente em meio a um grande aumento, semelhante ao meio de cada grandes tendências de alta de preços anteriores."

Outra esperança para os touros é que, no passado a proibição de criptomoedas pelo governo chinês desencadeou fortes movimentos de alta, conforme noticiou o Cointelegraph.

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