Resumo da notícia:
Brasil lidera a audiência de mídia criptonativa na América Latina com 62% do tráfego regional no segundo trimestre de 2025, segundo pesquisa da Outset PR.
Apesar da liderança brasileira, portais especializados em criptoativos perderam 54% do tráfego na região, enquanto veículos de mídia tradicional ganharam 8% de participação de mercado no mesmo período.
A adoção de criptoativos na América Latina cresceu 18,3% no trimestre, impulsionada principalmente pelo mercado de stablecoins.
O Brasil lidera a audiência de veículos de mídia criptonativos na América Latina, respondendo por 61,8% do tráfego na região no segundo trimestre de 2025, revela uma pesquisa da Outset PR baseada em dados da SimilarWeb.
A audiência no Brasil cresceu 3% em relação ao primeiro trimestre deste ano, reafirmando a ampla liderança do país nesse segmento, muito à frente do México (18,3%) e da Argentina (7,9%), respectivamente os segundo e terceiro colocados.
O relatório aponta que o Cointelegraph Brasil é o líder do mercado brasileiro, com uma média de 397 mil acessos mensais, e vice-líder no continente, atrás apenas do portal de língua espanhola CriptoNoticias.
Adoção de criptoativos na América Latina cresce 18,3% no 2º trimestre de 2025
O protagonismo do Brasil se consolida em um contexto de crescimento contínuo da adoção de criptoativos na região, destaca o relatório:
“A América Latina reforçou seu status como uma das regiões com crescimento mais acelerado na adoção de criptoativos, registrando um aumento trimestral de 18,3% em usuários únicos.”
A Argentina lidera nesse quesito, com 19,8% da população possuindo criptoativos. O Brasil ocupa o segundo lugar, com 18,6%, seguido por El Salvador, com 14,6%.
O principal catalisador para o crescimento da adoção na região é o mercado de stablecoins. Parcerias estratégicas de startups de criptoativos com a Visa e a Mastercard estão popularizando a adoção de cartões de débito e crédito que viabilizam pagamentos com stablecoins com conversão automática para moedas locais. Além do Brasil, o produto já está disponível em diversos países, incluindo mercados relevantes como Argentina, Colômbia e México.
A expansão da infraestrutura local também não dá sinais de desaceleração. Em agosto, a Bybit lançou um serviço de transações P2P exclusivo para a América Latina, e a Tether investiu US$ 36 milhões na exchange de criptomoedas Bit2Me, com foco na expansão de serviços focados em stablecoins.
A regulação também está avançando, destaca o relatório, ainda que de forma ambivalente, com um posicionamento cada vez mais cauteloso do governo e das autoridades financeiras no Brasil:
“O Banco Central do Brasil rejeitou publicamente a ideia de uma reserva de Bitcoin, reforçando uma abordagem regulatória cautelosa enquanto o governo propôs alterações na tributação de lucros sobre criptoativos. A Argentina seguiu o caminho oposto, promovendo estruturas de tokenização em nível nacional. Buenos Aires também habilitou o pagamento de impostos municipais com criptomoedas por meio do programa BA Cripto.”
Queda na audiência de veículos criptonativos
O protagonismo do Brasil no segmento de mídia criptonativa, no entanto, se consolida em um cenário desafiador para o jornalismo especializado em criptoativos na América Latina. Os portais dedicados exclusivamente a notícias do mercado cripto registraram uma queda de 54,12% no tráfego em comparação com o trimestre anterior, enquanto os veículos de mídia tradicionais ganharam 8% em participação de mercado, aponta o relatório:
“O tráfego total de mídia relacionada a criptomoedas na América Latina – somando veículos tradicionais e criptonativos – atingiu 271,39 milhões de visitas no segundo trimestre de 2025, acima dos 261,60 milhões do primeiro trimestre.”
Contudo, esse crescimento geral mascara uma forte divergência entre os dois segmentos. Enquanto as publicações tradicionais registraram quase 20 milhões de visitas adicionais no período, os sites criptonativos perderam mais da metade de sua audiência.
Em parte, o crescimento pode ser atribuído à preferência do público argentino pela grande mídia. O país responde por 56,1% do tráfego nesse segmento, seguido pelo Brasil, com 29,8%.
IA apresenta novos desafios aos veículos criptonativos
Os dados do segundo trimestre de 2025 indicam que o tráfego dos veículos de mídia é proveniente de duas fontes principais: acessos diretos e buscas orgânicas via Google, com cada uma correspondendo a aproximadamente 44% do total.
Nesse contexto, ferramentas de inteligência artificial (IA) como o ChatGPT e a do próprio Google podem impactar negativamente a audiência dos veículos de mídia, tanto tradicionais quanto criptonativos.
Dada a dependência do tráfego orgânico como uma das fontes primárias de audiência, a ação da IA afeta o volume de visitas e a descoberta dos portais por novos leitores. Nesse ponto, os veículos da grande mídia levam vantagem, pois sua autoridade de domínio lhes confere maior visibilidade nas ferramentas de busca alimentadas por IA.
Se, por um lado, a adoção crescente de criptoativos no Brasil representa uma oportunidade para ampliação da audiência, por outro, a concorrência da grande mídia e os desafios impostos pela IA impõem uma reconfiguração estrutural do setor.
A capacidade de adaptação, o foco na qualidade do engajamento (além do volume de tráfego) e o posicionamento estratégico nas redes sociais serão fatores determinantes para a sustentabilidade e o crescimento dos veículos de mídia criptonativos, afirma o relatório.