Um cheiro de fumaça estaria sendo exalado dos subterrâneos do governo do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, em relação às criptomoedas. Nos próximos dias é esperada uma ordem executiva vinda da Casa Branca designando a algumas entidades governamentais o estudo das criptomoedas, stablecoins e tokens não fungíveis (NFTs) com objetivo de desenvolver uma “estrutura regulatória viável para o setor.” 

A retórica do governo Biden é vista com desconfiança por boa parcela do mercado de criptomoedas, que interpreta os movimentos do governo estadunidense como os de um ator de grandes bancos de Wall Street, supostamente querendo abocanhar este mercado com a ajuda da caneta do presidente dos Estados Unidos, segundo um texto do Decrypt.

A suposta mão de ferro do governo Biden contra a indústria de criptomoedas seria controlada pela secretária do Tesouro Janet Yellen, pela senadora Democrata Elizabeth Warren, crítica declarada das criptomoedas, e alguns analistas do Federal Reserve System (Fed)

Ainda que seja cedo para afirmar que há alinhamento entre o governo e os banqueiros, é possível enxergar que certas movimentações podem se refletir favoravelmente em Wall Street, inclusive por parte de algumas vozes vindas do Capitólio. Tanto que em 2019 o senado dos Estados Unidos começou a ser o cenário de fortes reações contra uma stablecoin do Facebook, inicialmente chamada de Libra e depois de Diem. Isso porque uma eventual stablecoin do Facebook poderia representar um nicho de mercado de mais de 2 bilhões de pessoas, usuárias das redes sociais de Mark Suckerberg

No final de 2019, um grupo bipartidário de senadores pediu a Janet Yellen que fosse esclarecida a linguagem contida em um projeto assinado pelo presidente Joe Biden relacionado à declaração de impostos sobre criptoativos. 

Yellen também foi “convocada” por Elizabeth Warren em julho do ano passado a desenvolver uma estrutura regulatória “abrangente e coordenada.” Ocasião em que a senadora pelo estado de Massachusetts alertou a secretária do Tesouro para o que classificou como riscos do mercado de criptomoedas. 

Controlar as stablecoins seria ter uma espécie de “concessão dos portos” onde os traders, mais cedo ou mais tarde, acabam desembarcando para obterem uma moeda fiduciária após suas negociações com ciptomoedas. Razão pela qual o governo Biden, por meio da “tropa de elite” comandada por Warren, Yellen e os “veteranos de guerra” do Fed estariam trabalhando para influenciar os rumos das stablecoins, que representam uma fatia de 70% das transações diárias de criptomoedas e teriam ganhado status de “menina dos olhos” de grandes bancos. 

Por outro lado, as stablecoins também enfraquecem o papel do dólar americano como moeda mundial de reserva, além de investidas neste sentido por parte de adversários internacionais como Rússia e China. 

Para se ter uma ideia do que os bancos podem estar de olho, em julho de 2021 o Circle, segunda maior stablecoin anunciou que até 2023 o valor de USDCs em circulação chegará a US$ 194 bilhões, quantia igual ao Produto Interno Bruto (PIB) da Grécia. Números que também podem ser a razão de as stablecoins terem se tornado alvo do governo. 

Há poucos dias Biden escolheu a ex-governadora do Fed Sarah Bloom Raskin para atuar como vice-presidente de supervisão do Fed, bem como os economistas Lisa Cook e Philip Jefferson para preencher as duas cadeiras vazias no conselho de governadores da instituição. Mudanças que possivelmente irão se refletir no mercado de criptomoedas, uma vez que podem “alterar a compreensão” de um dos principais reguladores dos Estados Unidos sobre este mercado. Se Biden está ‘chicoteando’ as criptomoedas com uma mão e afagando os bancos de Wall Street com a outra, o tempo dirá.

LEIA MAIS