Em breve o metaverso vai revolucionar as relações de trabalho ao viabilizar uma nova forma de exploração da mão de obra na qual a relação entre patrão e empregado se dará a partir de uma pessoa só: a entidade real e a sua representação virtual. Enquanto os avatares trabalham em ambientes digitais, suas contrapartes humanas ficarão com todos os lucros.
Esta é a proposta por trás do projeto "Guardians of Fashion". Trata-se de uma coleção de 6.888 NFTs projetada para criar personalidades virtuais com aparência humana que poderão transitar no metaverso capturando valores proporcionais à sua popularidade e gerando renda passiva para os seus detentores, informou reportagem do Yahoo Finance.
O diferencial do "Guardians of Fashion" em relação a outras coleções de NFTs, segundo o diretor do projeto, Eu Wing Leong, é que ela propõe uma forma diferente de captura de valor, conforme explicou à reportagem:
"O valor de um NFT normalmente se baseia em sua raridade. No entanto, com o Guardians of Fashion os proprietários dos avatares também poderão capturar valor em função da popularidade de suas personas digitais."
O "Guardians of Fashion" foi desenvolvido pela OWNFT World, uma startup baseada em Singapura, e será lançado ainda este mês com a proposta de que os detentores dos NFTs da coleção possam utilizar seus avatares em eventos virtuais como desfiles de moda, concertos virtuais, videoclipes e séries de animação. Os 6.888 NFTs de "Guardians of Fashion" poderão ser mintados a partir do lançamento na rede Ethereum a um custo inicial de 0,18 ETH (R$ 2.930).
O projeto já conta com o suporte da Warner Music e do Yeah1 Group, uma rede multimídia asiática que representa influenciadores digitais. Em breve os criadores do "Guardians of Fashion" pretendem anunciar novas parcerias com marcas de moda e plataformas de streaming agregando ainda mais valor e utilidade aos usuários do projeto.
A Warner Music comprometeu-se a fazer uma seleção virtual para selecionar 100 avatares para o seu casting exclusivo. Os escolhidos participarão de videoclipes e marcarão presença em eventos da gravadora no metaverso. Serão como como celebridades virtuais exclusivas da marca. Já o primeiro projeto da parceria com o Yeah1 Group é uma série de animação que terá alguns avatares pré-selecionados como protagonistas.
Quando um avatar marca presença em ações virutais seu proprietário recebe uma parte da receita por meio de tokens de utilidade GOF, que tanto podem ser trocados por outros ativos digitais como por stablecoins para posteriormente serem convertidas em moeda fiduciária e gastos na vida real.
O objetivo dos criadores do projeto é criar NFTs que sejam capazes de gerar renda passiva aos seus proprietários em um modelo que pretende ir além da grande maioria dos NFTs existentes hoje, que não passam de obras de arte ou colecionáveis digitais. Segundo Eu Wing Leong, os NFTs atuais "não têm um ciclo de vida após a compra, e resta aos seus detentores sentar e esperar que eles se valorizem em função de circunstâncias alheias".
Avatares digitais com vida própria e fontes de renda autônomas não são exatamente uma novidade. Basta lembrar do Second Life, um jogo RPG multi-jogadores que, hoje, é considerado a versão beta do metaverso. No auge, em 2007, o Second Life chegou a ter 1,1 milhão de usuários e fez os primeiros milionários da vida real que construíram suas fortunas a partir de suas vidas digitais paralelas.
Na ocasião, grandes empresas criaram iniciativas para marcar presença na plataforma da mesma forma que marcas tão diversas quanto Samsung, Nike, Atari, Nike e Gucci estão fazendo nos dias de hoje.
A diferença é que, desde a popularização das plataformas de mídias sociais, o tempo gasto on-line pelas pessoas passou a ser muito maior. Este é o principal indicativo de que os avatares podem de fato se tornar uma fonte de renda passiva para pessoas reais, de acordo com Melanie Subin, diretora do Future Today Institute, uma empresa de consultoria de cenários futuros.
Em uma reportagem da Fortune, Subin cita o exemplo da Genies, uma agência de gestão de avatares que há anos atende celebridades de diversas áreas da indústria do entretenimento. Em janeiro, a empresa anunciou o lançamento do seu próprio marketplace de NFTs.
A plataforma permite que os usuários criem seus próprios avatares, customizando-os com itens uma variedade de itens digitais. Cabe exclusivamente aos usuários a propriedade dos avatares criados no marketplace, inclusive para irrestrita exploração comercial em outras plataformas e ambientes virtuais.
De acordo com Subin, este modelo deve se tornar comum daqui por diante. Os usuários detém integralmente os direitos sobre seus avatares, ao passo que cabe às empresas prestar serviços que ajudem-os a maximizar os lucros que podem ser obtidos através deles.
Jovens entre 20 e 30 anos, de classe média e classe alta serão as grandes forças por trás do crescimento desse mercado ainda nascente, conclui Subin.
- Metaverso também traz riscos da vida real aos usuários e não pode ser considerado 'Terra de Ninguém'
Conforme noticiou o Cointelegraph Brasil recentemente, um quarto da população mundial terá passado algum tempo no metaverso até 2026.
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