Uma análise feita por Andrew O’Neill, Diretor de Ativos Digitais, S&P Global Ratings, compartilhada com o Cointelegraph, destacou que o mercado de tokens RWA pode ser a nova onda do ecossistema de criptomoedas e unir o mercado trilionário de finanças tradicionais com o mercado de criptoativos.
O’Neill destaca que só o mercado de tokens RWA lastreados no tesouro americano já soma mais de US$ 1 bilhão em circulação em blockchains públicas, principalmente no Ethereum. O recente lançamento do fundo BUIDL da Blackrock acelerou essa tendência.
O token RWA BUIDL da BlackRock subiu 19,6%, para US$ 448 milhões, tornando-se o maior fundo de tesouro tokenizado acima do BENJI da Franklin Templeton. "Os Tesouros tokenizados oferecem várias vantagens para emissores de fundos de mercado monetário e investidores, principalmente na gestão de liquidez", destacou o analista.
O analista da S&P Global Ratings aponta que a tokenização ajuda o mercado de investimento tradicional de duas maneiras principais:
- Acesso Permanente à Liquidez On-Chain: Por exemplo, o fundo BUIDL da Blackrock, emitido no Ethereum, permite que investidores resgatem suas ações por stablecoin USDC através de um contrato inteligente, sem depender de intermediários.
- Uso de Tokens como Colateral Líquido: Em vez de precisar resgatar, os investidores podem usar seus tokens como colateral líquido, reduzindo o risco de uma corrida ao fundo. A Franklin Templeton recentemente habilitou transferências peer-to-peer nos tokens de seu fundo FOBXX (emitidos em Stellar e Polygon) para suportar essa capacidade.
Tokens RWA
Para o analista, a tokenização permite que empresas on-chain acessem rendimentos do mundo real. Anteriormente, empresas relacionadas a criptomoedas precisavam escolher entre investir seu dinheiro em ativos on-chain mais arriscados ou movê-lo para fora da blockchain para investir em produtos tradicionais equivalentes a dinheiro, um processo ineficiente e custoso.
"Os Tesouros Tokenizados fornecem uma solução on-chain respaldada por ativos de alta liquidez e qualidade de crédito", afirmou.
Além disso, empresas não relacionadas ao mercado cripto podem usar blockchains para acelerar liquidações e transferências de fundos entre países. A existência de produtos on-chain com alta liquidez e qualidade de crédito pode desbloquear esses casos de uso.
Segundo ele, a curto prazo, desafios de interoperabilidade limitarão o crescimento da tokenização. Investidores precisam acessar as blockchains onde os ativos tokenizados são construídos, e instituições precisam conectar seus sistemas legados a essas blockchains. Diferentes caminhos estão surgindo para abordar esses desafios, incluindo:
- Blockchains permissionadas privadas compartilhadas entre uma rede de instituições parceiras;
- Blockchains públicas com interoperabilidade
- Tecnologias de comunicação cross-chain para permitir a interação entre diferentes blockchains privadas e públicas, mitigando riscos de segurança.
Além disso, segundo o analista, a clareza regulatória sobre stablecoins impulsionará a adoção de pagamentos on-chain. Estruturas regulatórias emergentes em jurisdições chave aumentarão o apetite dos investidores por stablecoins e os recursos que elas permitem, como o exemplo do BUIDL de resgate desintermediado através de um contrato inteligente.
"A longo prazo, a tokenização pode trazer novas eficiências para a indústria de gestão de ativos. Por exemplo, contratos inteligentes podem automatizar o rebalanceamento de portfólios, e formatos de tokens padronizados podem aumentar o acesso dos investidores a ativos alternativos, como crédito privado. Instituições já testaram essas capacidades em projetos pilotos, como o "Project Guardian" da Autoridade Monetária de Singapura", finalizou.