O mercado de criptomoedas voltou a ganhar fôlego nesta sexta, 22, depois de dias de instabilidade.
Hoje, o presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, sinalizou que cortes de juros podem estar próximos, diante de sinais de enfraquecimento no mercado de trabalho americano.
Essa mudança de tom trouxe alívio imediato para os investidores de ativos digitais. O Ethereum (ETH), em especial, reagiu com força e subiu cerca de 14%, renovando as expectativas de que o token pode alcançar a marca histórica de US$ 5 mil em breve.
A fala de Powell durante o Jackson Hole Economic Symposium serviu como gatilho para a recuperação. Ele afirmou que, caso a economia mostre fragilidade maior no emprego, a autoridade monetária poderá agir de forma preventiva.
Essa leitura mais branda sobre a inflação e a política monetária aumentou as apostas de um corte de 25 pontos-base já em setembro. As projeções subiram de 73% para 90% de probabilidade, segundo o CME FedWatch Tool.
O Bitcoin (BTC) foi o primeiro a reagir e chegou a superar os US$ 116 mil, registrando alta de 3,4% em poucas horas. No embalo, o Ethereum também disparou e trouxe junto outros ativos digitais relevantes como XRP e Solana (SOL).
A melhora no humor dos investidores reforçou a ideia de que, em momentos de maior liquidez e menos restrição monetária, os criptoativos tendem a se valorizar com intensidade.
Ethereum rumo a US$ 5 mil?
O otimismo em torno do Ethereum não se resume apenas ao efeito macroeconômico. Dados recentes mostram que o ativo tem registrado recordes importantes.
O Open Interest (OI) dos futuros de ETH ultrapassou US$ 28 bilhões, um novo marco para o mercado. Historicamente, movimentos desse tipo indicam fases de forte volatilidade e abrem espaço para quebras de resistência.
Além disso, o volume de negociação de derivativos na Binance — que chegou a US$ 149 bilhões — reforça a tese de que os grandes players estão se posicionando.
O crescimento do OI de 57% desde o início de agosto aponta para um apetite crescente por risco em torno do Ethereum, mesmo após correções pontuais. Como destacam analistas, setups assim dificilmente se estabilizam. Normalmente, eles resultam em movimentos explosivos de preço.
ETFs de Ethereum ganham força institucional
Outro dado que chamou atenção foi a retomada dos fluxos positivos nos ETFs de Ethereum listados nos Estados Unidos. No dia 21 de agosto, os fundos tiveram US$ 288 milhões em aportes, revertendo uma sequência de quatro dias de resgates.
O movimento foi liderado pela BlackRock, que sozinha adicionou US$ 233 milhões. A Fidelity também reforçou posição, com mais US$ 29 milhões.
Esse contraste ficou ainda mais evidente quando comparado ao desempenho dos ETFs de Bitcoin, que no mesmo período registraram saídas de US$ 194 milhões, acumulando perdas de mais de US$ 1,2 bilhão.
A movimentação sugere que parte do capital institucional está migrando para o Ethereum, talvez em busca de maiores retornos ou de uma tese de diversificação mais equilibrada.
Analistas divergem sobre o alvo de US$ 5 mil
Apesar da empolgação, os especialistas ainda apresentam leituras distintas sobre o futuro do Ethereum.
Para alguns, como o consultor Jessy Gilger, a postura mais flexível do Fed pode sustentar um novo ciclo de valorização, especialmente porque o ETH já mostrou resiliência em períodos de alta de juros.
“Esse cenário favorece ativos de risco, e o Ethereum, com sua base tecnológica robusta, pode se beneficiar diretamente”, disse Gilger.
Outros, porém, alertam para a possibilidade de correções abruptas. Com o OI em níveis recordes, aumentam também os riscos de liquidações em cascata caso haja alguma reversão súbita de sentimento.
Além disso, as métricas on-chain mostram que boa parte da liquidez ainda depende de derivativos, o que pode gerar instabilidade.