O Jeitto, aplicativo de crédito voltado para as classes C e D, anunciou nesta sexta, 22, que a primeira debênture do e-GRANA, crédito digital mensal exclusivo da fintech, atingiu R$110 milhões em patrimônio líquido.
A debênture foi estruturada em parceria com o Mercado Bitcoin e tornou-se um dos produtos de maior destaque da empresa.
Segundo a empresa, diante dos resultados e da forte receptividade do mercado, está sendo estruturada uma nova emissão, no valor de R$ 250 milhões, com o objetivo de ampliar a presença do Jeitto no ecossistema de ativos digitais, diversificar suas fontes de funding e reforçar a segurança e eficiência tecnológica da operação.
As debêntures da companhia são lastreadas em cédulas de crédito bancário decorrentes de empréstimos pessoais concedidos aos seus clientes.
A dívida é estruturada pelo Mercado Bitcoin e utilizada como lastro para os certificados de recebíveis emitidos pela securitizadora do grupo.
Esses certificados, por sua vez, são tokenizados com o uso da tecnologia blockchain, permitindo a distribuição dos tokens aos investidores.
“A parceria com o MB reforça nosso compromisso em diversificar as fontes de funding, garantindo maior sustentabilidade e consistência ao negócio. Ao mesmo tempo, abre oportunidades de investimento acessíveis para pessoas físicas, em carteiras de crédito diversificadas e 100% lastreadas em recebíveis”, afirma Gabriel Nóbrega, CFO do Jeitto.
A Jeitto encerrou 2024 com faturamento recorde de R$ 800 milhões - alta de 82,3% sobre 2023 - e alcançou a marca de 13 milhões de clientes no primeiro semestre de 2025.
“Trabalhamos para estruturar operações de forma ágil, transparente e com redução de custos, beneficiando tanto quem toma crédito quanto quem investe”, complementa Alexandre Reda, Diretor de Investment Banking e Tokenização no MB.
Mercado de tokenização no Brasil
Segundo o MB, a exchange já tem mais de R$ 2 bilhões de tokens RWA emitidos em mais de 15 categorias diferentes. Entre o primeiro trimestre de 2023 e o segundo trimestre de 2025, a plataforma registrou um crescimento de mais de 10 vezes nesse segmento.
Os dados do MB estão em linhda com a CVM que apontou em um relatório que o volume de ativos tokenizados no Brasil chegou a R$ 1,3 bilhão, com crescimento de 300% nas ofertas por crowdfunding.
Diante deste cenário em crescimento, a Diretora Executiva da ABToken, Regina Pedroso, esteve em Brasília para encontro com o deputado federal Lafayette Andrada (Republicanos-MG), autor do Marco Legal da Tokenização. Além de manifestar apoio ao Marco Legal da Tokenização, a associação formalizou sua posição por meio de documentos oficiais, encaminhados ao Senado e à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Durante a reunião, Regina destacou a importância de uma regulamentação abrangente para os ativos digitais, como prevê o anteprojeto em tramitação. O texto estabelece categorias como tokens de pagamento, utilidade, governança, NFTs e RWA (ativos do mundo real), cada qual com funções específicas.
Banco Central e CVM
Também define as competências de diferentes órgãos reguladores – Banco Central sobre tokens de pagamento, CVM sobre valores mobiliários, e juntas comerciais e registros públicos em tokenizações de imóveis e participações societárias.
O projeto ainda prevê deveres mais rigorosos para corretoras, tokenizadoras e plataformas OTC, como registro obrigatório, auditoria independente, políticas de cibersegurança e medidas de prevenção à lavagem de dinheiro, a fim de proteger investidores e garantir maior transparência ao mercado.
No Senado, a ABToken protocolou uma carta de apoio ao Projeto de Lei nº 4.932/2023, ressaltando a importância da segregação patrimonial entre os ativos das empresas e os de seus usuários, considerada essencial para a segurança do mercado. No documento, a associação sugere, no entanto, que a definição de como essa medida será implementada fique a cargo do regulador em normas infralegais, de forma a assegurar maior flexibilidade ao setor.
Já à CVM, a entidade enviou um documento com propostas de aprimoramento da Resolução nº 88/2022, originalmente voltada a startups de pequeno porte. O objetivo é adequar a norma às operações de tokenização e securitização de recebíveis, hoje consolidadas no mercado.
Entre as sugestões, estão a ampliação do limite de faturamento dos emissores para R$250 milhões, aumento do teto de captação anual para R$150 milhões, liberação imediata dos recursos após integralização e eliminação do intervalo obrigatório entre ofertas. A ABToken também recomenda o reconhecimento formal do mercado secundário, a interoperabilidade entre plataformas, a autorização para atuação de market makers e a possibilidade de liquidação via stablecoins e, futuramente, pelo Drex.
“Estamos em um momento decisivo para o mercado e buscamos consolidar o Brasil como referência internacional na convergência entre inovação financeira e regulação responsável”, afirma Regina.