O recente rebaixamento da nota de crédito dos Estados Unidos pela agência Moody’s, que retirou o status AAA dos títulos do Tesouro americano, deixou o mercado de investimentos dividido e trouxe preocupações sobre a sustentabilidade fiscal da maior economia do mundo.

A decisão vem em meio ao crescimento acelerado da dívida pública americana, que já ultrapassa os US$ 36 trilhões, e à projeção de que os pagamentos com juros federais passem de 9% da receita em 2021 para até 30% em 2035.

Além dos riscos crescentes percebidos por investidores, esse movimento alimenta discussões sobre alternativas ao dólar como principal ativo de reserva global. Nomes como Donald Trump e Elon Musk têm aproveitado o momento para defender a digitalização e a descentralização dos sistemas financeiros, incluindo o uso de stablecoins e do Bitcoin.

“Esse rebaixamento era algo esperado, considerando a deterioração das contas públicas dos EUA. O crescimento contínuo da dívida e dos gastos com juros compromete a percepção de risco do país. Embora o dólar ainda não tenha um rival à altura, esse cenário pode acelerar discussões sobre reformas monetárias ou novas tecnologias financeiras descentralizadas”, analisa Igor Lucena, economista, Doutor em Relações Internacionais e CEO da Amero Consulting

Ainda segundo ele, isso também dá gás para Donald Trump e Elon Musk para diminuírem os custos da máquina pública americana com o Doge.

"Mas, obviamente, ainda existe a impressora de dólar e a diferença de outros países é que não há hoje um substituto claro para a moeda americana e para os títulos americanos, levando em consideração que é um dos poucos países até agora que nunca deu calote”, afirmou.

O cenário tem impacto direto no mercado de criptomoedas, seja pelos ativos digitais terem se tornado uma classe de investimento, seja pelo debate do Bitcoin e das criptos como alternativa ao sistema financeiro tradicional. O que também reflete no valor dos ativos.

Como aponta Sarah Uska, analista de criptoativos do Bitybank, o Bitcoin surpreendeu muitos traders logo após o anúncio do rebaixamento da nota que levou o ativo para US$ 107 mil.Porém, logo após a alta rápida, ocorreu uma queda para cerca de US$ 102 mil em poucas horas.

"Apesar do otimismo, o BTC recuou para US$ 102 mil para depois voltar para US$ 105 mil no final do dia. É importante lembrar que fatores macroeconômicos continuam determinantes nesse cenário. Ainda não houve nenhuma decisão concreta na relação entre China e Estados Unidos, o que deixa o mercado sem uma direção clara. Para entender os movimentos do Bitcoin nas próximas semanas, será fundamental acompanhar de perto a evolução da macroeconomia global", disse.

5 criptos de IA para acompanhar de perto

Diante de um cenário de instabilidade, analistas da CoinEX apontaram que os investidores devem olhar para as tendências de médio e longo prazo e no que está moldando o futuro do ecossistema cripto: a convergência entre inteligência artificial (IA) e blockchain.

Segundo a exchange, em 2025, essa união se fortalece com o surgimento de criptomoedas que utilizam IA para descentralizar, automatizar e potencializar serviços em diversas áreas — de finanças e computação gráfica até privacidade de dados e infraestrutura digital.

De acordo com especialistas da exchange, a combinação entre IA e blockchain impulsiona soluções disruptivas, incluindo AI-as-a-Service, computação de borda (Edge Computing) e redes de infraestrutura física descentralizadas (DePIN). Em uma análise compartilhada com o Cointelegraph os analistas da empresa apresentaram cinco criptomoedas de IA que merecem atenção neste ano.:

Fetch.ai (FET): A Fetch.ai desenvolve agentes autônomos descentralizados capazes de realizar tarefas econômicas em setores como energia, mobilidade e finanças. O projeto, que conta com parcerias relevantes como Bosch e Deutsche Telekom, destaca-se pela aplicação prática em cidades inteligentes. O token FET é utilizado para transações e incentivos dentro da rede.

Bittensor (TAO): Bittensor propõe uma rede de inteligência artificial colaborativa, onde modelos de machine learning competem e são recompensados com o token TAO com base em desempenho. Com seu modelo inovador de Proof of Intelligence, a plataforma busca formar uma "mente global de IA" e já vem sendo adotada por pesquisadores e desenvolvedores.

Render (RNDR): Com foco em renderização gráfica descentralizada, a Render utiliza o poder computacional ocioso de GPUs ao redor do mundo para atender à demanda de IA generativa, metaverso e realidade aumentada. O token RNDR viabiliza as transações na rede, que cresce impulsionada pelo aumento de aplicações visuais em IA.

Mind Network (FHE): Utilizando criptografia homomórfica total (FHE), a Mind Network permite que dados sejam processados enquanto permanecem criptografados, preservando a privacidade em aplicações de IA e Web3. Seu token $FHE é usado para staking, governança e execução de tarefas. O projeto já atraiu investimentos de nomes como Animoca Brands e HashKey Capital.

Numeraire (NMR): Numeraire é o token da plataforma Numerai, um hedge fund descentralizado que recompensa cientistas de dados com base na performance de modelos preditivos. É um caso concreto de aplicação de IA no mercado financeiro, com foco em previsões baseadas em machine learning.

Apesar do entusiasmo gerado, especialistas recomendam cautela. Nem todo projeto com a sigla "AI" no nome entrega tecnologia de ponta ou resolve problemas reais. Avaliar fatores como utilidade prática, equipe técnica, tokenomics e engajamento da comunidade é essencial para diferenciar inovação de especulação.