No dia 05 de outubro, um usuário anônimo, chamado NewLibertyStandard resolveu iniciar um mercado P2P, para permitir a compra e venda de Bitcoins (BTC). Na época, tanto os adeptos do BTC como os principais desenvolvedores da criptomoeda, Satoshi Nakamoto e Marttin Malmi já vinham conversando sobre a necessidade de um mercado para o Bitcoin.
Porém, como determinar, naqueles primeiros meses, quanto valia 1 Bitcoin? Para chegar a essa conta, o usuário anônimo criou uma conta na qual US$ 1 foi dividido pela quantidade média de eletricidade necessária para operar um computador para minerar BTC e depois multiplicou pelo custo residencial médio da eletricidade nos Estados Unidos no ano anterior.
Esse valor foi então dividido por 12 meses dividido pelo número de bitcoins gerados pelo computador do NewLibertyStandard nos últimos 30 dias. Essa conta resultou que US$ 1,00 era equivalente a 1.309,03 BTC, o que indicava que cada Bitcoin custava US$ 0,00764.
Hoje, 12 anos depois, 1 Bitcoin vale mais de US$ 55 mil, uma valorização de 719.895.288%.
No entanto, poucas pessoas aproveitaram o 'precinho' do Bitcoin na época e aproveitaram a oportunidade para acumular BTC, nem mesmo alguns desenvolvedores que estavam focados em ajudar a impulsionar a maior criptomoeda do mercado.
O Cointelegraph Brasil perguntou para alguns empresários, entusiastas e usuários do Bitcoin no Brasil o que eles estavam fazendo na época que não aproveitaram a oportunidade.
Eu, por exemplo, estava diagramando o jornal da Imprensa Oficial de Várzea Paulista, interior de São Paulo, escutando Racionais MC´s e comprando R$ 100 em ações da Petrobrás achando que ia ficar rico....
E você o que estava fazendo que não comprou Bitcoin?
Lucas, Editor Chefe do Cointelegraph Brasil (meu chefinho :-))
Há 12 anos eu nem imaginava o que era o Bitcoin e criptomoedas, era um mundo ainda muito distante para mim e acho que para a maioria das pessoas. Eu era um aspirante a jornalista e ainda estava muito ligado aos esportes e à música. 12 anos depois, o meu destino mudou drasticamente e o do Bitcoin também. Ele não é mais um projeto promissor, é uma realidade.
Fernando Carvalho, CEO da holding QR Capital
Quem me dera ter conhecido o Bitcoin nessa época! Em 2009 era executivo de uma multinacional do setor de bens de consumo e morava fora do país - infelizmente, ainda não conhecia os criptoativos.
Na época, jamais sonharia um dia ter uma empresa atuante no mercado cripto brasileiro como a QR Capital. Fui conhecer a tecnologia em 2015, por meio do meu irmão, que vem do meio acadêmico.
A primeira vez que efetivamente comprei Bitcoin, foi em 2016, depois de assistir a diversos vídeos do Andreas Antonopoulos e entender que aquilo era muito mais do que um experimento, mas sim uma das maiores revoluções desde a criação da própria internet
Alexandre Vasarhelyi, CFA. Sócio da BLP Gestora
Em 2009 eu era chefe de FX do banco ING e nem sonhava com o Bitcoin. Eu só fui conhecer o bitcoin em 2016
Nicholas Sacchi, head de research do BTG Digital Assets
Em 2009 eu tinha 20 anos e era um jovem inocente que estava descobrindo o seu caminho, iniciando meu curso de ciências econômicas no Mackenzie. Acreditava que eu seria um grande banqueiro.
Paulo Aragão, co-fundador do portal CriptoFácil
Em 2009 eu estava iniciando a minha faculdade de Ciências Econômicas na Universidade Federal Fluminense. Apesar de estar iniciando uma faculdade de economia, eu não tinha a menor ideia de que a revolução cripto estava dando seus primeiros passos.
E é impressionante olharmos agora de forma retrospectiva e vermos como o nosso ecossistema cripto cresceu e se profissionalizou com uma velocidade surpreendente. E é ainda mais impressionante sabermos que estamos apenas no início.
Isnaylha Lima - P2P de Bitcoin
Rapaz, há 12 anos atrás eu estava jogando Ragnarok, no ápice dos meus 14 anos, nem imaginava o que era Bitcoin.
Courtnay Guimarães, diretor de Digital Business na Avanade
Dia 05 de outubro de 2009 marcou minha vida. Eu era um executivo na Oracle, cuidava de plataformas de Risco e estava atendendo o Banco Itaú. Naquele dia, Roberto Setubal me ligou e perguntou à queima roupa: Meu caro amigo Satoba, você acha que deveríamos comprar a XP ou essa tal de New Liberty que começou hoje? Sem titubear eu indiquei a New Liberty.
Alan Kardec, CSO da Blockchain One
Há doze anos, eu não tinha tido acesso aos satoshis. Contudo, em 2014, eu estava exatamente tentando recuperar um HD pessoal que continha minha carteira, a qual havia esquecido a senha. Há época, eu utilizava uma plataforma chamada MultiBit, que era uma carteira cliente para bitcoin. Foi substituída pelo MultiBit HD, e o desenvolvimento de ambos parou em 2017 após a aquisição pela KeepKey, que foi então comprada pela Shapeshift
Gabriel Boni, community manager da YGG no Brasil
Estava mudando para Ibiza, sonhando em um dia me tornar DJ profissional, abrindo minha primeira gravadora e fazendo muito pela comunidade musical também.
Henrique Teixeira, novo country manager do Grupo Ripio
No meu caso não tem nada muito sexy, eu era bancário e estava trabalhando no Deutsche Bank, na esquina com avenida Faria Lima com a JK, como Head de Cash Management para empresas. A maior preocupação era a taxa de câmbio do dólar (R$1,77, na cotação de 05/10/2009) e do mercado para as empresas (exportadores e importadores).
Erick Costa, Fundador da ZCore Finance
Eu tinha 29 anos, era apenas um desenvolvedor web trabalhando em uma empresa de tecnologia da minha região. Lembro de ter criado uma rede social de um clube do meu estado na época que era um sucesso. Nunca imaginei que estava acontecendo esta revolução financeira, nem pensava que existia uma criptomoeda e mesmo que o dinheiro poderia ser descentralizado. Mas hoje fico feliz de participar desta revolução
Mayra Siqueira, gerente geral da Binance no Brasil
Estava estagiando no (site) Trivela, fazendo processo seletivo para a Globo e me formando em História, meu primeiro diploma, antes do Jornalismo, que terminei no ano seguinte"
Lucas Schoch, CEO e fundador da Bitfy
Há 12 anos eu estava jogando World of Warcraft. Ouvi falar do Bitcoin em meados de 2011 e, para mim, era apenas uma "moedinha" do jogo online em que cada pessoa podia ficar "gerando" em sua própria máquina ou em outras máquinas que conseguissem deixar gerando. Na verdade, hoje sei que o que eu fazia na época era "minerar", imaginava que essas moedas só funcionavam no jogo
Rafael Izidoro, CEO da Rispar
Há 12 anos atrás participava de um projeto de tecnologia para o mercado imobiliário, como engenheiro de software
João Canhada, CEO da Foxbit
Em 5/10/2009 eu era estoquista em uma empresa de materiais elétricos e provavelmente nesse dia histórico para o bitcoin, eu estava ajudando a descarregar um caminhão de bobinas de cabos ou arrumando estoque. Além disso, estava fazendo graduação em tecnologia da informação em São João da Boa Vista, no primeiro ano
Thiago César, CEO da Transfero
É muito interessante voltar no tempo, 12 anos atrás. Naquela época só os cyberpunks de verdade mexiam com Bitcoin. Mas em 2009 eu estava estudando Relações Internacionais e Economia na Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP) e ainda nem imaginava o que poderia vir no mundo dos criptoativos. O meu primeiro contato com o Bitcoin aconteceu brevemente no final de 2012, mas com mais contundência em 2013, e minhas primeiras compras também foram nessa época
Bernardo Schucman, vice-presidente sênior de operações de Data Center da CleanSpark
Na época eu estava desenvolvendo a rede social Youppie e era o diretor executivo da empresa. Ainda não tinha ouvido falar sobre o Bitcoin e nem imaginava o quanto ele iria mudar a minha trajetória profissional e de propósito de vida no futuro.
Algorista, Cypherpunk, hacker, early adopter de Bitcoin e colaborador do BTC
Eu já conhecia o Bitcoin e estava focado no código fonte e na tecnologia, nem acompanhei esse movimento na época.
Marcos Ferraz, fundador da Usdsports
Eu tinha 16 anos e estava no colégio fazendo de tudo que um adolescente faz, menos buscando trabalho e me importando com tecnologia... gostaria de voltar no tempo
Rocelo Lopes, fundador da Stratum
A 12 anos atrás estava trabalhando na Othos Telecom implementando sistema telefonia criptografado para um grande banco na Ásia, e me lembro muito bem que naquele momento a minha principal crítica ao sistema financeiro era o poder que eles tinham de controlar nossas finanças, e que não tinha ideia de como iria ser resolvido
André Figer, CoFundador Olecoin
Eu já estava envolvido no universo do futebol, mas nem imaginava o que era Bitcoin. A principal lição deste mercado é que você precisa acreditar no impacto da tecnologia a longo prazo. Considerando que em 2018 a BNB custava $4 e esse ano ela já passou a casa dos $500, você consegue duplicar o padrão do Bitcoin no qual o mercado enxerga valor em moedas que apresentam soluções reais
Cláudio Goldberg Rabin, Editor-chefe do Portal do Bitcoin
Na época, eu era estagiário de produção da rádio Gaúcha. Trabalhava no programa do cara (hoje senador) que ficou famoso nos anos 2000 por ter tomado um choque na Festa da Uva. Não fazia nem ideia que paralelamente estava nascendo uma revolução financeira.
André Cardoso, co-fundador do portal Webitcoin
Há 12 anos atrás minha filha estava na barriga e eu parei de beber bebida alcóolica. Eu não tinha ideia do que era Bitcoin. Já trabalhava na Petrobras e estava na faculdade de Engenharia.
A primeira vez que ouvi sobre Bitcoin (em 2016), achei que era moeda de jogo tipo banco imobiliário.
Matheus Nunes, fundador do Portal Livecoins
Em 2009 eu cursava faculdade de Ciência da Computação, trabalhava como técnico de TI e tinha um site sobre tecnologia. Só fui ouvir falar sobre bitcoin em 2011, mas só dei atenção mesmo no final de 2012, quando virou notícia em vários sites. Na data da primeira negociação com bitcoin provavelmente eu estava arrumando algum computador.
André Franco, analista da Empiricus
Cara, eu 6 de outubro de 2009 eu tava em São José dos Campos estudando em um cursinho para o vestibular.
Gabriel Rubinsteinn, Repórter da Exame, portal Future of Money
Em 2009 eu estava começando a trabalhar como jornalista em uma revista de poker. Na época, o poker tinha várias semelhanças com o início do mercado cripto: era mal visto, citado como coisa de degenerados e malucos em geral, e restrito a um pequeno grupo de interessados - bem diferente dos torneios multimilionários, com dezenas de milhares de jogadores, que acontecem por todo o país e são até transmitidos na TV aberta.
O impacto e o potencial dos dois setores, claro, são completamente diferentes e incomparáveis, mas algumas semelhanças são inquestionáveis. Uma pena que em 2009 ainda faltavam quatro anos pra eu de fato conhecer e me interessar pelo Bitcoin.
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