Com o fim de um primeiro semestre movimentado, com o crash dos mercados em março derrubando diversos ativos - começando pelos contratos futuros de petróleo - e terminando com a valorização acumulada do ouro, das ações e do Bitcoin. Março teve dias para não esquecer para estes mercados.
Somente o Bitcoin, no dia 11, perdeu 45% de seu valor. Os preços do Bitcoin caíram de US$ 10.000 para US$ 3.867 nas duas primeiras semanas de março, levado pelo panic sell da Pandemia e provocando grandes vendas em todas as cadeias globais de valor, desencadeando uma corrida global por liquidez.
Imagem: Skew
De lá para cá, o cenário para as criptomoedas mudou bastante, traçando paralelo com as bolsas de valores nos últimos dois meses. O Bitcoin fechou o semestre em alta de 27% - subindo 120% ddesde o crash de março.
Com a alta acumulada, o Bitcoin conseguiu superar os metais preciosos, como ouro, títulos do governo e mercado de ações nos últimos meses, mas desde então tem se mantido preso na faixa dos US$ 9.200, com dificuldades para superar o nível dos US$ 10.000, que foi negado algumas vezes no semestre.
Ouro: a melhor performance
Em momentos de crises, os investidores buscam refúgio em qualquer coisa que lhes retorne lucro, sem os sobressaltos de ativos muito voláteis, como as ações e o Bitcoin.
O ouro nesse aspecto levou vantagem diante do Bitcoin e desafiou o conceito de que o Bitcoin é uma reserva de valor e que, no caso de uma grande crise, todos os investimentos do mundo rumariam para o Bitcoin.
Imagem: Yahoo! Finance
No gráfico acima, vemos a performance do ouro nos últimos 6 meses em comparação com o par BTC/USD. O ouro superou o Bitcoin, com um acumulado de 16.24% de valorização média, contra 13.40% do Bitcoin.
Há correlação entre ambos os ativos, como já sugeriram algumas casa de análises, como Fundstrat, Glassnode e IntoTheBlock.
O dólar e o ouro puxaram os investimentos também no Brasil, com a bolsa completando o segundo mês consecutivo de valorização, depois de também sofrer em março.
Imagem: Economática
Dólar e ouro são historicamente os ativos mais visados pelos investidores nos países que enfrentam crise econômica, devido às crises financeiras e políticas, muito comuns dos países em desenvolvimento, haja visto a dolarização da economia argentina, que já dura mais de 30 anos.
O Brasil por sua vez, mesmo passando por muitas instabilidades políticas nos últimos 30 anos, desde o lançamento do Plano Real, conseguiu estabilizar sua moeda, mas a busca por ativos de proteção (hedge) é uma constante para os investidores mais preocupados com a instabilidade provocada pela pandemia.
Imagem: Rafael Lemos
Mercado de ações
De acordo com a consultoria Economática, o volume financeiro negociado na bolsa B3 no ano de 2020 até junho é equivalente a 84,6% do ano de 2019. O volume médio diário anual em 2020 é recorde histórico. Mesmo diante da queda de 24,4% com o crash de março.
Imagem: Economática
Nos dias 10 e 11 de março, os mercados de capitais derreteram e o mercado de criptoativos seguiu a tendência, perdendo 46% em um intervado de 24h. Na mesma toada, o índica brasileiro iBovespa caiu para 85.171 pontos, com recuo de 7,64%, estendendo as perdas da semana a 13,09%, as do mês a 18,24% e as do ano a 26,35%. A B3, controladora da Bovespa, estima perdas da ordem de R$ 50 bilhões.
Parte desse capital foi recuperado, em busca de ações mais propensas à valorizações, como as dos bancos e nas ações das empresas de tecnologia, que representariam ganhos mais voláteis a curto prazo.
Contudo, é importante destacar que, durante o crash de março, a fuga de capitais das maiores bolsas mundiais foi equivalente a todo o marketcap do Bitcoin, de acordo com o Marketwatch.
Qual foi o melhor investimento do semestre?
O Bitcoin ainda mantém mais valorização que a iBovespa. O Bitcoin ainda acumula alta de cerca de 9% em 2020, enquanto o iBovespa, por exemplo, tem queda de 22%. Já em doze meses, a criptomoeda acumula ganhos de quase 100%, ao passo que a bolsa brasileira recuou 8,6%.
Voltando ainda mais no tempo, o Bitcoin acumula valorização em cinco anos de 1.843%, enquanto a iBovespa acuma valorização de ‘apenas’ 70% no mesmo período.
No cenário geral, o Bitcoin e todos os outros ativos perderam para o ouro e este segue valorizado que todos os índices financeiros tradicionais.
Image: Yahoo!Finance
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