O Bitcoin (BTC) começa a semana anterior ao Natal com um gemido, já que uma faixa de negociação apertada dá pouco ânimo aos touros do BTC.

Um fechamento semanal pouco acima de US$ 16.700 significa que o par BTC/USD permanece imune à volatilidade em meio à falta de direção geral do mercado.

Tendo visto um comportamento comercial errático em torno da última impressão dos dados macroeconômicos dos Estados Unidos, o par voltou a um status quo muito familiar. O que poderia mudar isso?

Essa é a pergunta na boca de todos os analistas, à medida que os mercados chegam ao Natal com pouco a oferecer.

A realidade tem sido dura para o hodler médio do Bitcoin – o BTC está sendo negociado abaixo de onde estava há dois anos e até cinco anos atrás. “FUD” não falta, graças às consequências da falência da FTX e às preocupações com a Binance.

Ao mesmo tempo, há sinais de que os mineradores estão se recuperando, enquanto os indicadores on-chain sinalizam que é o momento certo para formação de um fundo clássico de preço macro.

O Bitcoin irá decepcionar ainda mais no ano novo, ou os touros conseguirão o rali do Papai Noel de que tão desesperadamente desejam? O Cointelegraph analisa os fatores por trás dos movimentos que podem influenciar a ação de preço do BTC no curto prazo.

Preço à vista do BTC: "Capitulação" ou "queda lenta?"

Fechando a semana um pouco abaixo de US$ 16.750, o Bitcoin escapou de um novo surto de volatilidade em 18 de dezembro.

As oscilações de preço que acompanhara os dados de inflação dos EUA e os comentários do Banco Central dos EUA (Fed) teve vida curta, e o par BTC/USD desde então voltou a um status quo possivelmente frustrante.

Os dados do Cointelegraph Markets Pro e da TradingView são prova disso – desde que o escândalo FTX estourou no início de novembro, o Bitcoin quase não viu nenhum movimento de preço perceptível.

Gráfico de 1 semana (Bitstamp). Fonte: TradingView

Portanto, para os comentaristas de mercado a questão é saber o que será necessário para que as coisas tomem um rumo diferente, seja para cima ou para baixo.

Observando os níveis de retração de Fibonacci no gráfico semanal, o recurso de análise Stockmoney Lizards sugeriu que o par BTC/USD estava no “suporte principal”.

Se a área em torno de US$ 16.800 começar a desaparecer, a próxima região a ser visitada está em torno de US$ 12.500.

Outro gráfico divulgado no fim de semana comparou o que chamou de “desvanecimentos finais” do Bitcoin em mercados de baixa anteriores. Isso reforçou a ideia de que o par BTC/USD pode ter quase terminado de “copiar” as estruturas de fundo de ciclos anteriores.

Gráfico de comparação do par BTC/USD em diferentes ciclos. Fonte: Stockmoney Lizards/ Twitter

Outros acreditam que o pior ainda está por vir no ciclo atual. Entre eles está o popular trader e analista Crypto Tony, que acredita em uma baixa potencial até US$ 10.000.

“Portanto, em 2023, espero que o BTC comece a formar um padrão de fundo nos limites inferiores do intervalo em que estamos atualmente, junto com o suporte de volume em torno de US$ 11.000 a US$ 9.000”, reiterou ele uma thread no Twitter neste fim de semana.

“Se vamos capitular ou haverá uma queda lenta é algo a ser visto.”

Ele acrescentou que o “estágio de acumulação” após a capitulação em massa só viria mais adiante em 2023, à medida que o Bitcoin comece a se encaminhar para o seu próximo halving.

Novos dados dos EUA devem ser divulgados, pois análise prevê queda de ativos de risco

Após o drama da semana passada, cortesia dos dados da inflação e do Fed, é seguro dizer que a próxima semana fornecerá um pouco menos de pressão para os Bitcoiners.

Dito isso, o crescimento do produto interno bruto (PIB) dos EUA no terceiro trimestre será divulgado. Estima-se que ele seja positivo após o segundo trimestre ter registrado uma retração de 0,9%.

Isso é significativo, pois na impressão do segundo trimestre, os EUA tecnicamente entraram em recessão, apesar dos esforços dos políticos para negar que o quadro financeiro era tão terrível quanto os dados sugeriam.

Como observa o investidor de mercado Ajay Bagga, no entanto, uma reversão excessivamente forte do PIB daria ao Fed licença para continuar com aumentos agressivos nas taxas de juros para domar a inflação - algo indesejável para os ativos de risco em geral, incluindo as criptomoedas.

“A estimativa do modelo GDPNow do US Atlanta Fed para o crescimento real do PIB dos EUA (taxa anual ajustada sazonalmente) no quarto trimestre de 2022 é de 3,2% em 9 de dezembro, abaixo dos 3,4% em 6 de dezembro”, escreveu ele em uma atualização na semana passada.

“Leitura muito forte do PIB dos EUA de uma ferramenta bastante precisa. O Fed vai subir mais [as taxas de juros] e continuar caminhando.”

Além do PIB, também será divulgado o índice de preços de gastos com consumo pessoal (PCE), uma medida que o Fed observa com atenção ao levar em consideração as mudanças em suas políticas monetárias.

Em sua última atualização de mercado de 17 de dezembro, a trading QCP Capital também chamou a atenção para o impacto do PCE.

“Graças ao Fed, o que quer que estejamos negociando agora, estamos apenas negociando impressões de inflação (e salários)”, resumiu.

O QCP, no entanto, tinha um alerta para os investidores de ativos de risco, sugerindo desvantagens para todos, incluindo as criptomoedas, em um futuro próximo.

“Conforme escrevemos, este rali do quarto trimestre criou a 4ª onda perfeita, com uma 5ª onda final mais baixa se formando para todos os mercados - S&P/Nasdaq, 2 anos/10 anos, USD e BTC/ETH”, afirmou.

Gráfico anotado de futuros do NASDAQ 100. Fonte: QCP Capital

Cripto Tony compartilhou esse mesmo sentimento, prevendo o que chamou de “impulso de baixa” nos índices de ações antes de uma recuperação.

“Eu estava procurando um impulso para criar um topo duplo em torno de 4320, mas não conseguimos chegar lá e despejamos antes”, dizia a análise sobre o desempenho do S&P 500.

“A mesma imagem aqui onde estou procurando outro impulso de baixa para completar o padrão WXY que estou vendo.”
Gráfico anotado do S&P 500. Fonte: Crypto Tony/ Twitter

CEO da Binance insiste no "FUD" enquanto as alegações de jogo sujo continuam

Onde a FTX começou, a Binance se encontra agora.

Essa é a impressão predominante de uma varredura da mídia especializada no começo desta semana. A Binance permanece firmemente no radar enquanto luta contra o que o CEO Changpeng Zhao vem chamando repetidamente de “FUD” – medo, incerteza e dúvida.

A maior exchange de criptomoedas do mundo em volume de negociação enfrentou uma reação negativa da mídia e dos usuários nas últimas semanas, pois suas tentativas de comprovar suas provas de reservas não foram totalmente convincentes.

Como o Cointelegraph relatou, a auditora da Binance excluiu o relatório de comprovação das provas de reservas da exchange de seu site.

Uma reportagem da Reuters à qual a Binance refutou publicamente deu lugar a uma série de outras dúvidas, entre elas uma postagem em um blog apontando para atividades suspeitas entre a Binance e sua contraparte nos EUA, a Binance U.S.

“Essas descobertas se encaixam perfeitamente com as reporgagens publicadas anteriormente pela Forbes e pela Reuters, indicando que a Binance.US foi um truque inteligente projetado para enganar reguladores e clientes”, conclui a publicação de uma entidade que se autodenomina Dirty Bubble Media.

“No entanto, com o colapso da FTX, todos estão olhando mais de perto a indústria de criptomoedas. Duvidamos que o Tai Chi regulamentar da Binance permita que eles evitem o longo braço da lei por muito mais tempo.”

Enquanto isso, Zhao continua a não dar margens para qualquer tipo de acusação, reiterando em 17 de dezembro sua perspectiva de que tudo não passa de “FUD”. Posteriormente, ele retuitou as palavras de Ryan Selkis, fundador da plataforma de análise Messari, nas quais afirmou que havia um elemento de “xenofobia” nas críticas à Binance.

“Boa parte do Binance FUD é apenas xenofobia velada”, escreveu Selkis.

“Sou totalmente a favor do teste de estresse sobre depósitos e acho ruim que uma porcentagem tão alta de volume de negociação passe por uma única exchange. Eu também não amo o tom de algumas das críticas [à Binance]. Desculpem-me!"

No entanto, a Binance continua sendo um dos principais gatilhos em potencial do preço do BTC, como o Cointelegraph observou na semana passada.

Competição aumenta entre os mineradores

Após sua maior queda em quase 18 meses, a dificuldade de rede do Bitcoin deve começar a aumentar novamente esta semana.

De acordo com estimativas do BTC.com, o próximo reajuste de dificuldade quinzenal terá um aumento de cerca de 3,8%.

Visão geral dos fundamentos da rede do Bitcoin (captura de tela). Fonte: BTC.com

Isso tem implicações para os mineradores, que passaram por uma turbulência considerável nas semanas seguintes ao colapso da FTX, que derrubou o par BTC/USD em até 25%.

Com os lucros reduzidos, começaram a surgir preocupações de que os mineradores teriam outro grande evento de capitulação e que interromperiam suas atividades em massa.

Como o Cointelegraph relatou recentemente, no entanto, nem todos concordam - as últimas interpretações dos dados levaram à conclusão de que a maior parte da aclimatação já ocorreu.

Com a dificuldade subindo novamente, essa teoria continua sendo válida, pois a dificuldade crescente implica uma competição mais acirrada entre os mineradores.

Dados da empresa de análise de dados on-chain Glassnode também mostram a queda nas participações de BTC dos mineradores em 30 dias diminuindo à medida que as vendas esfriam.

Gráfico de posições líquidas dos mineradores de Bitcoin em 30 dias. Fonte: Glassnode

Enquanto isso, analisando a participação geral das mineradoras no fornecimento de BTC, o jornalista Colin Wu argumentou que suas posições não são necessariamente significativas.

“Estima-se que os mineradores de Bitcoin atualmente detenham no máximo 820.000 Bitcoins, ou um mínimo de 120.000 Bitcoins – apenas 1% a 4% do Bitcoin em circulação, mesmo que as mineradoras listadas publicamente vendam sua produção como em junho deste ano, o impacto não será significativo”, dizia parte de seus comentários no Twitter neste fim de semana.

Gráfico estimado de participações em BTC dos mineradores de Bitcoin. Fonte: Colin Wu/ Twitter

Sentimento deve cair para mínimas de 2022

Não é segredo que pés frios são o nome do jogo quando se trata de sentimento em relação às criptomoedas neste trimestre.

Graças à FTX e agora à Binance, há uma sensação única de desgraça pairando sobre as mídias sociais, e a ação do preço dos criptoativos ainda não pintou uma imagem diferente.

Dito isso, o Índice de Medo e Ganância está tendo um desempenho notavelmente melhor do que o esperado, ainda acima de sua faixa mais baixa de “medo extremo”.

Em 29/100, pode-se até dizer que o Índice está um pouco fora de sintonia com o clima geral do mercado.

Para Crypto Tony, no entanto, tal efeito será de curta duração, com o índice retornando às mínimas deste ano de apenas 6/100 em 2023.

“Quando estamos em medo extremo, é uma boa zona de compra. Se estivermos em extrema ganância, é uma zona de venda. Baseando-se na psicologia humana”, explicou parte dos comentários.

“Em junho, atingimos 6 ‼️ Espero que voltemos a esse nível no ano que vem.”

O Medo e Ganância saiu da zona de “medo extremo” no final de novembro e ainda não voltou para lá, atingindo uma alta de 31 em 15 de dezembro - seu melhor desempenho desde 8 de novembro.

Índice de Medo e Ganância (captura de tela). Fonte: Alternative.me

As visões, pensamentos e opiniões expressas aqui são exclusivas dos autores e não necessariamente refletem ou representam as visões e opiniões do Cointelegraph.

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