O Bitcoin (BTC) inicia uma das semanas macroeconômicas mais importantes do ano em uma posição precária, negociado abaixo de US$ 17.000.
Após o fechamento semanal do domingo, o par BTC/USD mostrou pouco impulso de alta antes da abertura de Wall Street em 12 de dezembro.
Com a volatilidade ainda por aparecer, a maior criptomoeda do mercado continua a ser negociada em uma faixa estreita e os analistas estão cada vez mais impacientes por novos catalisadores capazes de movimentar a ação de preço.
Os catalisadores, eles concordam, devem chegar nos próximos dias. Os dados macroeconômicos dos EUA serão divulgados, e suas consequências sobre os rumos da política moentária do Banco Central dos EUA (Fed) provavelmente terão um impacto significativo nos mercados de criptomoedas.
Em outros nichos, o desconforto se mantém: os mineradores de Bitcoin estão sofrendo, o sentimento carece de inspiração e os traders estão cada vez mais fazendo comparações com os fundos dos mercados de baixa anteriores.
Para onde pode ir a ação do preço do BTC na próxima semana? O Cointelegraph analisa cinco fatores importantes que podem influenciar essa trajetória.
Foco na divulgação do CPI "mais importante" do ano
A frase na boca de todos esta semana é Índice de Preços ao Consumidor (CPI) – a principal medida da inflação aos consumidores finais nos EUA.
Embora seja divulgado todos os meses, a última impressão do CPI neste ano, com os dados de novembro, será revelada em em 13 de dezembro e terá uma importância adicional para o mercado. Faltando duas semanas para o fim do ano, as chances de um "rali de Papai Noel" para os ativos de risco, por exemplo, agora estão na balança.
Não é apenas o próprio relatório da CPI; o Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) do Fed decidirá sobre os aumentos de juros esta semana, e o presidente Jerome Powell fará um discurso que os comentaristas do mercado analisarão minuciosamente em busca de sinais de mudanças nas políticas da autoridade monetária.
“Relatório do CPI na terça-feira, aumentos das taxas do FED e discuros de JPow na quarta-feira. Fique atento à volatilidade ”, resumiu o perfil do recurso de análise on-chain Material Indicators no fim de semana.
O popular trader MisterSpread acrescentou que outras decisões fora dos EUA fazem desta "uma das semanas mais (se não a mais) importantes" do ano.
“O CPI de terça-feira será mais uma vez ‘a mais importante divulgação do CPI de todos os tempos’. Desta vez porque o mercado o preparou para seu rali épico de short squeeze de 2 meses”, escreveu a trading QCP Capital em uma atualização do mercado.
QCP continuou:
“Uma impressão de CPI acima do esperado e um Fed mais hawkish têm o potencial de invalidar esse rali, como vimos nas reversões de abril e agosto. Por outro lado, outra impressão desinflacionária pode fazer com que muitos persigam a continuação do rali até o final do ano.”
Independentemente de ser mais alto ou mais baixo, o CPI tende a introduzir volatilidade nos mercados em torno do momento de sua divulgação, com a calma retornando apenas após o discurso de Powell sobre a taxa de juros.
De acordo com a FedWatch Tool do CME Group, o consenso atual indica um aumento menor este mês, de 50 pontos-base, sinalizando uma queda que ainda pode se tornar um ponto de virada significativo na política monetária do Fed.
No momento da redação deste artigo, a probabilidade de 50 pontos-base estava em torno de 75%.
Também descrevendo esta semana como a “principal semana do ano”, a plataforma de análise financeira The Kobeissi Letter, no entanto, tinha um aviso para os investidores.
“Imagine a loucura se o Fed não pivotear ou o CPI de novembro estiver acima da impressão de 7,7% de outubro”, dizia parte de um postagem publicada no Twitter em 8 de dezembro.
“É por isso que você não quer um mercado controlado pelo Fed.”
Preço à vista do BTC aguarda movimentação
Com todos focados no Fed, os traders entendem que a política e os números macro irão de fato ditar o que acontecerá com o par BTC/USD nos próximos dias.
Além da força maior, pode haver pouco a fazer além de sentar e esperar que os dados sejam divulgados.
Enquanto isso, o par BTC/USD continua variando em um território familiar em torno da marca de US$ 17.000, mostram dados do Cointelegraph Markets Pro e da TradingView.
Inalterado por dias, o par parece sem direção enquanto a poeira da implosão da FTX continua a baixar.
“O BTC está oscilando entre o preço realizado (verde) e o preço balanceado (amarelo) desde junho”, resumiu o recurso de análise On-Chain College sobre a tendência de médio prazo.
“Estou interessado em um movimento sustentado fora dessa faixa, que ainda não ocorreu.”
Outros tiveram opiniões mais categóricas sobre a ação de preço do BTC. Matthew Dixon, fundador e CEO da plataforma de classificação de criptomoedas Evai, pediu que o Bitcoin “conclua a correção geral mais alta” para cancelar a maior parte das perdas do FTX.
Ao mesmo tempo, o popular comentarista Profit Blue sustentou que US$ 10.000 voltariam a entrar no radar antes do início de 2023.
“O Bitcoin está indo para US$ 10 mil e provavelmente chegará ao fundo em breve. Preste atenção aos detalhes ”, dizia o comentário em um bate-papo.
Dólar mostra força renovada
Antecipando intensamente uma mudança de tendência para o dólar, enquanto isso, o trader Bluntz alertou que o Bitcoin ainda pode entregar um final de ano pessimista.
O índice do dólar americano (DXY), sob pressão há semanas, começou a selar mínimas mais altas nos gráficos diários, potencialmente estabelecendo a força do dólar para uma recuperação.
Isso, graças à correlação inversa entre o dólar e o Bitcoin, causaria problemas para o mercado de criptomoedas de forma geral.
“4 horas bastante feias prestes a fechar aqui, formando uma alta mais baixa no período de 4 horas e muitos catalisadores chegando esta semana”, escreveu Bluntz em uma atualização no Twitter.
“dxy também selando mínimas mais altas diariamente e parecendo forte. meu instinto está me dizendo que estamos a caminho de uma nova mínima abaixo de 15k para o btc, a qual comprarei com prazer.”
Uma postagem anterior de 5 de dezembro sugeria que a zona de US$ 15.000 será alcançada no primeiro trimestre do ano que vem.
Enquanto isso, o colega trader Doctor Profit observou que o DXY havia retornado a uma zona chave de "ruptura" a partir de junho e que as sugestões de curto prazo deveriam ser decisivas para a trajetória.
“DXY testou novamente com sucesso sua fuga de junho pela primeira vez”, afirmou ele na semana passada.
“A mãe de todas as decisões está se aproximando, espere uma enorme volatilidade na próxima semana. O próximo movimento do DXY decidirá o destino dos mercados cripto e de ações.”
DXY ainda não recuperou sua média móvel de 200 dias (MA), no entanto, cuja perda foi descrita como as “luzes se apagando” para o dólar.
Taxa de choque de oferta se aproxima da maior alta em 10 anos
Nos bastidores, o Bitcoin está fornecendo dicas sutis de que nem tudo está tão mal quando se trata da força geral da rede.
De acordo com a métrica Tada de Choque de Oferta Ilíquida (ISSR), há uma chance maior de um grande rali do BTC induzido pelo choque de oferta do que em qualquer ponto em quase uma década.
O ISSR é uma métrica criada pelo estatístico Willy Woo e pelo pesquisador de criptomoedas William Clemente para “tentar modelar a probabilidade de formação de um choque de oferta”, explica a empresa de análise de dados on-chain Glassnode.
Behind the scenes, Bitcoin is delivering subtle hints that all may not be so bad when it comes to overall network strength.
Simplificando, o ISSR avalia quanto do suprimento em circulação está disponível em relação à demanda atual. Dada a tendência contínua de transferir BTCs para soluções de armazenamento a frio, o sinal é claro.
Em 10 de dezembro, o ISSR media 3,537, o maior desde agosto de 2014.
Hayes diz que liquidação de BTC dos mineradores "acabou"
Uma última linha na areia para o futuro do BTC é uma cortesia da pesquisa sobre mineração de Bitcoin do ex-CEO da BitMEX, Arthur Hayes.
Em sua última postagem em seu blog pessoal publicada em 9 de dezembro, Hayes, um conhecido comentarista do setor, criticou a narrativa generalizada sobre a flutuabilidade financeira das mineradoras e seu impacto nos mercados.
Como o Cointelegraph relatou, o aumento das vendas de BTC por mineradores que lutam para manter minimamente suas margens operacionais levantou preocupações de que um grande evento de capitulação pudesse inundar o mercado com liquidez excessiva.
Este não é o caso, diz Hayes, indo além para mostrar que “mesmo que os mineradores vendessem todo o Bitcoin que produzem todos os dias, isso mal impactaria os mercados” a essa altura.
“Portanto, podemos ignorar essa pressão vendedora contínua, pois ela é facilmente absorvida pelos mercados”, determinou.
Hayes continuou dizendo que a maior parte das vendas de BTC por mineradores e credores, conhecidas como empresas de empréstimo centralizadas (CELs), provavelmente já ocorreu.
“Acredito que a venda forçada de Bitcoin por CELs e mineradores acabou. Se você tivesse que vender, já o teria feito”, escreveu ele.
“Não há razão para você esperar se tiver uma necessidade urgente de moedas fiduciárias para continuar segurando [seus ativos digitais]. Dado que quase todas as grandes CEL pararam de sacar (apontando para insolvência, na melhor das hipóteses) ou faliram, não há mais empréstimos de mineradores ou garantias a serem liquidadas.”
Enquanto isso, os dados da Glassnode mostram que a mudança de 30 dias no suprimento mantido pelas mineradoras, embora ainda esteja diminuindo, está diminuindo também em relação às máximas recentes, apoiando a teoria de que as vendas estão diminuindo.
“O medo de mineradores de bitcoin em dificuldades criando pressão vendedora aumentou”, acrescentou o analista de mineração de Bitcoin Jaran Mellerud, respondendo ao artigo de Hayes.
As visões, pensamentos e opiniões expressas aqui são exclusivas dos autores e não necessariamente refletem ou representam as visões e opiniões do Cointelegraph.
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