As exchanges dos Estados Unidos estão apostando alto nos derivativos de criptomoedas, já que a turbulência nos mercados provocada pela iminente guerra comercial do presidente Donald Trump impulsiona a demanda por esses instrumentos financeiros.
Desde o final de 2024, corretoras como Coinbase, Robinhood, Kraken e o Chicago Mercantile Exchange (CME) Group vêm listando novos tipos de derivativos cripto e cogitando aquisições bilionárias à medida que disputam o controle desse mercado em crescimento.
Em abril, a disputa se intensificou após o anúncio do plano de tarifas de Trump, que causou pânico nos mercados financeiros e aumentou drasticamente os volumes de negociação de derivativos cripto.
“Traders institucionais e investidores de varejo sofisticados estão recorrendo cada vez mais às plataformas de derivativos de criptomoedas para navegar pelos riscos macroeconômicos e pela incerteza causada pelas políticas tarifárias intensificadas e tensões comerciais globais”, disse David Siemer, CEO da gestora de ativos Wave Digital Assets, ao Cointelegraph.
Consequentemente, as bolsas norte-americanas estão “vivendo recordes históricos de atividade de negociação e expandindo suas ofertas de investimento com a promessa de maior clareza regulatória”, afirmou Siemer.
Trump impulsiona atividade de negociação
A atividade de negociação de derivativos cripto disparou em 2024 após a vitória eleitoral de Trump em novembro, que levou os volumes das corretoras a níveis recordes.
Em dezembro, a Coinbase informou que a atividade em sua bolsa de derivativos cresceu mais de 10.000% ano a ano. Da mesma forma, o CME Group destacou os derivativos cripto como um dos segmentos de produto de crescimento mais rápido durante sua teleconferência de resultados de 2024.
Os planos tarifários de Trump, anunciados em 2 de abril, aceleraram ainda mais essa atividade. Em 23 de abril, o interesse aberto líquido em futuros de Bitcoin (BTC) — os derivativos cripto mais populares — havia aumentado cerca de 30% desde o início do mês, segundo dados da Coinalyze.
Contratos futuros são acordos padronizados para comprar ou vender um ativo subjacente em uma data futura, geralmente utilizando alavancagem para ampliar os retornos.
Competição acirrada
O crescimento dos volumes de negociação está alimentando a concorrência entre as corretoras.
Desde fevereiro, a Coinbase lançou diversos novos produtos de derivativos cripto, incluindo contratos futuros atrelados a altcoins como Solana (SOL) e XRP (XRP).
Enquanto isso, a Robinhood listou contratos futuros de Bitcoin — seus primeiros derivativos cripto — em fevereiro e, em março, o CME Group listou seus primeiros futuros de Solana.
Os futuros de SOL no CME movimentaram mais de US$ 12 bilhões em volume no primeiro dia de negociação, segundo a bolsa informou ao Cointelegraph.
Além disso, as corretoras estão recorrendo a fusões e aquisições para acelerar seu crescimento.
A Coinbase está supostamente em negociações para adquirir a exchange de derivativos cripto Deribit em uma proposta bilionária para expandir sua atuação nesse mercado.
Em março, a corretora norte-americana Kraken concordou em comprar a NinjaTrader, uma bolsa de futuros, por US$ 1,5 bilhão.
“A recente onda de tarifas transformou as bolsas de derivativos cripto em infraestrutura crítica de mercado”, disse Nic Roberts-Huntley, CEO da desenvolvedora Web3 Blueprint Finance, ao Cointelegraph.
“Enquanto os mercados tradicionais fraquejaram sob a pressão tarifária, as plataformas de derivativos prosperaram, servindo tanto como espaços especulativos quanto como mecanismos de hedge em um cenário comercial global fragmentado”, completou Roberts-Huntley.