A Câmara dos Representantes dos Estados Unidos aprovou na última terça-feira (25) o projeto de lei do governo do presidente Donald Trump que prevê US$ 4,5 trilhões em cortes fiscais. A medida, que complementa o corte de investimentos do governo e a taxação a produtos de outros países, pode ampliar a volatilidade do mercado de criptomoedas, não necessariamente para cima.
Em participação na CEO Conference, promovida pelo BTG Pactual, Fabiano Rios, da gestora Absolute, disse que as iniciativas de Trump podem frear a economia estadunidense, impactando a taxa de juros, o dólar, as ações e provocando rotação de capital para outros países, inclusive os emergentes.
"É difícil fazer isso concomitantemente, a chance de uma recessão técnica aumenta significativamente. Quando eu olho a margem de segurança, confesso que tenho algum receio de termos uma correção maior nos próximos meses”, argumentou.
Cristiane Kussaba, consultora da Málaga, consultoria de finanças corporativas e contábeis, observou que, “desde que Trump assumiu, o Bitcoin (BTC) já desvalorizou cerca de 20%”.
“Ontem, a criptomoeda caiu para menos de US$ 90 mil, atingindo seu menor patamar desde 15 de novembro”, emendou.
Na avaliação da professora do Insper, “uma possível recessão nos EUA pode potencialmente aumentar a aversão ao risco: isso pode levar a uma maior liquidação de ativos mais voláteis, como é o caso do Bitcoin”.
Por outro lado, Cristiane Kussaba salientou que um eventual cenário de aperto na maior economia global pode trazer novamente à tona a discussão sobre o Bitcoin ser uma reserva de valor.
“As pessoas podem passar a ir atrás de alternativas para se proteger de uma recessão mais severa, de um corte de juros muito alto. No mercado, as coisas geralmente nunca são tão simples quanto parecem”, explicou.
Para a mestra em Ciências Contábeis e mestra em Controladoria e Contabilidade pela Universidade de São Paulo (USP), “o mercado cripto divide ainda expectativas diferentes sobre o seu comportamento”.
“O que conta aqui é o contexto todo que pode vir com esse corte de juros, por exemplo. Esse é o fator que mais pode ditar o comportamento do Bitcoin, se isso vai acontecer num cenário negativo de recessão ou de uma desaceleração controlada no crescimento econômico”, completou.
A possibilidade de uma recessão nos Estados Unidos também está no radar de André Franco. Segundo o CEO da casa de análise Boost Research, o evento pode representar um movimento corretivo do Bitcoin, porém sucedido de forte reversão do benchmark cripto.
"A única solução do sistema que a gente se encontra hoje é impressão de dinheiro e essa medida é muito boa para o Bitcoin", avaliou.
No dia anterior, a Binance anunciou uma nova criptomoeda enquanto o ‘dump de Trump’ liquidou traders em US$ 1,5 bilhão e o Bitcoin derreteu 8%, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil.