Viver em São Paulo ganhando R$ 1.720 mensais e chegar a R$ 1 milhão em seis meses: a fórmula pregada pelo investidor e youtuber brasileiro Thiago Nigro, o Primo Rico, voltou a ser objeto de debate nos últimos dias após o vídeo de 2019 do influencer ser novamente compartilhado nas redes sociais. 
Esta semana, o Uol tentou ouvir sem sucesso o posicionamento de Primo Rico sobre a “fórmula do R$ 1 milhão” e também conversou com especialistas sobre o assunto. Para eles, além dos gastos estimados pelo influencer estarem fora da realidade, o retorno com monetização de conteúdo sugerido pelo investidor pode não ser tão fácil quanto parece.
Na época, Nigro sugeriu que os R$ 1.720 adquiridos em trabalho de bartender ou garçom fossem distribuídos em aluguel (R$ 1 mil), supermercado (R$ 300) e utilidades (R$ 150), o que daria um total de R$ 1.450 e, portanto, uma sobra de R$ 270.
Esse excedente seria utilizado na compra de um celular e aprendizado sobre finanças, conhecimento que seria utilizado posteriormente na produção de conteúdo monetizado sobre o tema, investimento que representaria uma sobra de apenas R$ 30 no final das contas, considerando R$ 190 de parcela de celular e R$ 50 de internet. 
Pela estimativa do influencer, os ganhos começariam em R$ 4 mil com a monetização do primeiro mês e chegariam a R$ 500 mil seis meses, de maneira escalonada, o que representaria R$ 1 milhão no total.
“Não é uma fórmula mágica, não é uma fórmula que vai funcionar para todo mundo, que necessariamente vai funcionar para você, e que é só você copiar. Isso é o que eu faria pra mim e pronto", diz Primo Rico no vídeo. 
Nas redes sociais, os internautas questionam os gastos elencados por Primo Rico. Entre eles está a empresária e influencer Nathália Rodrigues, a Nath Finanças.
Além dos questionamento nas redes sociais, a teoria de Primo Rico também encontra resistência nos números oficiais, como os do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) referente a 2019, quando o vídeo foi veiculado, ano em que o preço médio da cesta básica era cerca de R$ 506,50. 
Pela projeção do Dieese, uma família com quatro pessoas precisaria de R$ 4.345 para viver naquela época, montante 4,35 vezes o salário mínimo vigente em 2019, R$ 998.
Os especialistas ouvidos pelo Uol, como o analista da Ouro Preto Investimentos Bruno Komura, disseram que é complicado viver R$ 1.720 parando aluguel em São Paulo. Já o analista de investimentos da Semeare Jefferson Souza argumento que a regra para aluguel ou financiamento imobiliário no Brasil é de, no máximo, 30% da renda. O que representaria uma destinação de R$ 516 para moradia, quase a metade do que foi sugerido por  Thiago Nigro.
Em relação à monetização de vídeos no YouTube sugerida pelo influencer, os especialistas argumentaram que nem todas as pessoas têm facilidade de falar em frente às câmeras, como o Primo Rico, e questionam a respeito da possibilidade de alguém comprar um curso de alguém com zero experiência.
Falando em situações hipotéticas a partir de investimentos de renda passiva, como fundos imobiliários, títulos de renda fixa e fundos de investimento, os especialistas estimaram que, para alcançar R$ 1 milhão, um investidor poderia levar entre 10 a 30 anos, a depender do volume dos aportes mensais. 
Em fevereiro do ano passado, Primo Rico se mostrou determinado a alcançar R$ 1 bilhão ao se desfazer de ações e de fundo imobiliário para comprar R$ 1 milhão em Ethereum, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil.