Esqueça a imagem de investidor como homem de meia idade e com muito dinheiro que almoça na Faria Lima em São Paulo. Dados demonstram que cada vez mais jovens e mulheres têm decidido investir no Brasil, seja em Bitcoin (BTC), criptomoedas ou no mercado de ações.
“O que o cenário atual demonstra é uma verdadeira democratização do mercado no país, que consiste em uma via de mão dupla, já que esse interesse crescente dos brasileiros por investimentos leva ao desenvolvimento e evolução dos produtos disponíveis. Ao que tudo indica, trata-se de um movimento que está apenas começando. Com o tema ganhando mais e mais evidência, não há dúvidas de que o perfil de investidor no Brasil será cada vez mais diverso e plural”, afirma Daniel Alberini, sócio-fundador e diretor de gestão da CTM Investimentos.
Estudo da B3, a bolsa brasileira, sobre os 2 milhões de investidores que chegaram à bolsa entre abril de 2019 e abril de 2020 apontou que a idade média daqueles que entram no mercado de equities é de 32 anos. 56% possuem renda mensal de até R$ 5 mil.
Já no primeiro semestre de 2021, a B3 registrou um crescimento de mais de 43% no número total de investidores pessoa física ante o mesmo período de 2020 – e 50% dos entrantes têm entre 25 e 39 anos.
Segundo Alberini, os dados da B3 também refletem na CTM Investimentos, sendo que atualmente, 8,21% do total de clientes estão na faixa etária que vai dos 15 aos 25 anos, enquanto 29,12% têm entre 25 e 35 anos.
Outro fato destacado pelo analista é que o valor médio do primeiro investimento entre os investidores pessoas físicas caiu de R$ 1.916 em outubro de 2018 para R$ 660 no mesmo mês de 2020.Entre os mais jovens (16 a 25 anos de idade), o valor médio do investimento é ainda menor: R$ 225 em outubro de 2020.
Mulheres
Também merece destaque o considerável crescimento da participação das mulheres na B3: se em 2018 eram 179,4 mil investidoras, agora o número de aproxima do milhão. Quanto ao comportamento de investimento do público feminino, o que se verifica é que as mulheres fazem o primeiro aporte de recursos com ticket médio superior ao dos homens – R$ 481 contra R$ 303.
"O primeiro ponto que deve ser considerado é o maior acesso a informações. A internet, representada especialmente pelas redes sociais, oferece uma infinidade de conteúdos sobre investimentos, sendo o principal canal de informações dessa nova safra de investidores", destaca
A CTM aponta que aqui, os influenciadores digitais exercem um importante papel, pois são fonte de material temático para 60% dos 73% de investidores que obtêm informações sobre investimentos na internet, segundo a B3. É fundamental, contudo, que o público esteja atento à qualidade dos dados e à credibilidade e reputação das fontes de informação.
"Há que se falar também do fator volatilidade, o popular “sobe e desce” do mercado. Se antes ela era considerada um dos principais motivos da fuga de pequenos investidores da bolsa, hoje ela assusta menos",
A empresa aponta que os novos investidores internalizaram o fato de que as oscilações fazem parte da dinâmica de mercado e, dependendo da estratégia utilizada, pode até ser uma oportunidade de ganhos.
Enquanto os investidores mais antigos usavam a volatilidade como critério para resgatar investimentos – com o mercado em baixa, por exemplo –, os entrantes associam a retirada à liquidez, a momentos de emergência.
Juros
Ainda segundo a CTM, outro ponto que justifica essa mudança de comportamento é o contexto histórico da taxa básica de juros no Brasil, que na década de 1990 chegou a ultrapassar 40% ao ano (a.a.).
"Nesse cenário, não fazia sentido investir em ações", disse.
Anos depois, o índice baixou para patamares mais “acessíveis”, mas ainda absurdos, em torno de 20% a.a. No outro extremo, tivemos, até o início de 2021, taxas chegando a 2% a.a. Hoje, ela está em 6,25%. Apesar de ter subido um pouco, consiste em um indutor do investimento em ações, bem como do empreendedorismo.
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