Atualmente, o Brasil está entre os cinco países do mundo com maior número de cripto investidores, com mais de 10 milhões de usuários, algo em torno de 5% da população, o que deixa o país atrás apenas de Índia, EUA, Rússia e Nigéria.

Apesar do momento de fortes perdas em todo o mundo, a temática das criptomoedas e suas aplicações para pagamentos e investimentos dominam as rodas de discussão em eventos e mídias do segmento, com pessoas muito divididas sobre suas vantagens e riscos. A questão da segurança está sempre em destaque quando falamos de criptomoedas. Muitos especialistas se preocupam com os perigos dos pagamentos de criptomoedas e seu crescente uso em fraudes e outros crimes.

Regulação das criptos e união com Open Finance, Pix e CBDC

O mercado de criptoativos ainda não é regulado no Brasil, mas está perto de ser. Com um projeto de lei avançando na Câmara dos Deputados, em breve um novo conjunto de regras vai chegar para trazer mais segurança ao investidor e haverá um acompanhamento mais aprofundado sobre o funcionamento das empresas do setor.

Visto que a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) afirma que as diretrizes têm uma tendência não invasiva ao setor especialmente para não sufocar possíveis inovações, as exchanges (instituições que comercializam as criptos) em geral têm se posicionado de forma favorável à regulamentação, sob o argumento de que conferiria maior segurança e credibilidade aos mercados. Muitas empresas internacionais aguardam o marco regulatório, estudam alternativas, e preparam o user experience para uma entrada no mercado brasileiro com expectativa de grande demanda após o regramento estabelecido.

O projeto de lei pretende estabelecer que empresas, tanto nacionais quanto estrangeiras, deverão ter a devida licença por órgão competente para atuação, além de outras medidas.

O Banco Central do Brasil também vê com otimismo a regulamentação das criptos no país, e defende uma interligação com CBDC (Real Digital), Pix, Open Finance, além do potencial de transformação dos serviços financeiros e da conexão com o metaverso. Para o Presidente do BCB, Roberto Campos Neto, os ativos digitais transformarão a economia do futuro em uma economia "tokenizada".

Colaboração e engajamento entre reguladores e empresas

O mercado hoje ainda atua em uma zona com muitas questões em aberto, especialistas afirmam que é preciso colaboração entre reguladores e inovadores, players do mercado privado, como o caminho para um ecossistema de criptoativos seguro e protegido.

A gigante do segmento Binance tem realizado diversas ações no Brasil com o intuito de aprofundar o entendimento sobre este mercado e fortalecer os trabalhos de prevenção, investigação e combate a ilícitos financeiros. Eles estão realizando workshops com diversas esferas de órgãos governamentais, abordando temas como, por exemplo, o conceito da blockchain e dos criptoativos.

O objetivo da capacitação também é ampliar o conhecimento sobre as políticas de prevenção à lavagem de dinheiro (AML) da Binance. Além disso, os participantes vão conhecer os processos e as ferramentas da empresa para a colaboração com as autoridades no combate a crimes cibernéticos e financeiros por meio dos ativos digitais. Recentemente, foi divulgado o rompimento da parceria entre a Binance e sua provedora de pagamentos no Brasil, a Capitual, e corre uma ação na justiça brasileira para resolução do caso. Essa situação reflete a complexidade do regulatório atual e a fragilidade de alguns modelos e fluxos desenvolvidos neste segmento.

Gigantes do mercado digital entram no segmento

Um player de peso brasileiro entrou recentemente neste mercado e já causando grandes impactos. Apenas três semanas após a criação da Nu Cripto, a Nubank anunciou a conquista da marca de um milhão de clientes que compraram criptomoedas diretamente pelo app do banco. A empresa que possui mais de 50 milhões de usuários no Brasil tem como propósito a democratização das criptomoedas e proporcionar ao cliente acesso a novas oportunidades financeiras.

O unicórnio brasileiro também aposta na confiabilidade de sua marca e seu arrojado user experience para facilitar o acesso e ao mesmo tempo oferecer mais segurança aos usuários para este tipo de investimento que hoje está em evidência em todo o mundo.

Outros players relevantes estão mirando o mercado brasileiro, não somente no âmbito de investimento, mas também para finalidade de pagamentos. A argentina Mercado Livre, uma das maiores do setor de e-commerce em toda América Latina, introduziu sua própria criptomoeda, a Mercado Coin, dentro de sua plataforma.

A Mercado Coin será usada para fazer compras no Mercado Livre e receber recompensas após as compras (cashback). A empresa acredita no alto potencial da tecnologia blockchain para o desenvolvimento de transações cada vez mais seguras e está disponibilizando esta opção aos seus 80 milhões de usuários no Brasil, como também planejam a expansão da moeda para outros mercados na América Latina.

O futuro das criptos no Brasil

Sobre o futuro, vai depender dos moldes regulatórios no Brasil e no mundo, bem como da recuperação das criptomoedas em termos de valor, porém o cenário aponta um caminho sem volta. Bancos tradicionais estão olhando com atenção para este mercado, com foco em especial em atração de consumidores da geração Z, que tem grande potencial de aderência ao sistema. Além disso, cada vez mais estabelecimentos comerciais aceitam pagamentos em criptomoeda.

De acordo com a CoinMap, mais de 900 estabelecimentos no Brasil já aceitam esta forma de pagamento. Todo este movimento, de empresas e órgãos governamentais, nos faz crer que as criptos, que na última década pareciam uma aposta disruptiva e incerta, estão no caminho para se tornarem opção de investimentos e pagamentos bem consolidadas e eficientes no Brasil e no mundo.

Carolina Rocha é consultora do Banco Bexs

As informações contidas neste texto são de responsabilidade exclusiva da autora e não necessariamente refletem as posições do Cointelegraph Brasil. Esta não é uma recomendação de investimento.