Uma equipe de pesquisadores na Alemanha publicou recentemente um estudo examinando a relação entre a linguagem e a confiabilidade em relação às percepções humanas sobre robôs falantes.
A questão em questão era se os humanos considerariam um robô mais confiável se falasse em uma linguagem padrão ou se prefeririam que falasse em um dialeto local.
Um grupo de 120 falantes nativos de alemão foi recrutado para descobrir. Os participantes do estudo assistiram a vídeos de um pequeno robô falando tanto em um dialeto de Berlim quanto no dialeto alemão padrão mais geral. Os respondentes foram então questionados sobre qual parecia mais confiável.
Como se viu, não houve uma única resposta universal para a pergunta. De acordo com um artigo no jornal científico Frontiers, a autora principal do estudo, Katharina Kühne, disse que as preferências das pessoas eram um pouco mais nuançadas do que a equipe esperava:
"Surpreendentemente, as pessoas têm sentimentos mistos sobre robôs falando em um dialeto - alguns gostam, enquanto outros preferem a linguagem padrão. Isso nos fez pensar: talvez não seja apenas o robô, mas também as pessoas envolvidas que moldam essas preferências."
Pesquisas existentes mostram que, parafraseando Nelson Mandela, falar com as pessoas em uma linguagem que elas entendem passa a mensagem, mas comunicar-se em sua própria língua fala ao coração.
Entretanto, como escrevem os pesquisadores alemães em seu artigo, o chamado “acentismo” pode entrar em jogo durante as comunicações humanas. Isso significa que, em alguns casos, os ouvintes podem achar o dialeto geral mais prestigioso ou competente e, portanto, preferi-lo, enquanto em outros, podem achar um dialeto local (que compartilham) reconfortante e, portanto, preferível.
De acordo com o artigo:
“Em resumo, robôs que falam a língua padrão foram percebidos como mais confiáveis ou simpáticos presumivelmente devido ao viés de grupo e ao acentismo, enquanto de acordo com outros estudos, os participantes preferiram robôs que falavam com um dialeto.”
A discrepância entre os pontos de vista foi atribuída a mais do que apenas se uma pessoa falava um dialeto específico. Estendeu-se a qual dispositivo um determinado sujeito estava usando.
Aqueles que usavam dispositivos móveis, como telefones ou tablets, mostraram uma tendência para falantes de alemão padrão, enquanto os usuários de PC que participaram do estudo mostraram alguma prevalência para o falante dialetal.
Os pesquisadores sugerem que usuários em movimento ou com telas menores podem ter maiores cargas cognitivas e, portanto, exibir uma maior probabilidade de desconfiar da voz mais coloquial.
Em última análise, esta pesquisa demonstra que, nas circunstâncias certas, certos usuários podem ser mais ou menos inclinados a confiar em uma máquina com base apenas no dialeto em que fala.
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